Prólogo

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Após exaustivos dias, a batalha parecia estar caminhando para o fim. O exército aliado de humanos e elfos havia conseguido encurralar o gigante Morog e sua numerosa tropa batia em retirada.

Goblins, kobolds, orcs e todo tipo de criaturas que antes haviam se juntado no campo de batalha sob a liderança de Morog agora corriam de volta para os buracos de onde saíram. Flechas voavam e cavaleiros perseguiam, exterminando o que havia sobrado dos atacantes.

O gigante Morog urrava enquanto balançava perigosamente seu martelo de batalha. A criatura era colossal, media o dobro de um homem comum, e manuseava com extrema facilidade o martelo que parecia pesar quase meia tonelada.

General Dyufin, filho do lorde da região de Ustait, aproximou-se para negociar.

— Renda-se, Morog! Seu exército está derrotado. Acabe com esta loucura e pouparemos sua vida.

O general vestia uma armadura de batalha completa, mas sabia que contra o martelo do gigante ela seria inútil. Junto dele estavam o feiticeiro do fogo Surtur, o arqueiro Edward, o jovem guerreiro Percy, e a elfa-feiticeira da vida Zeline. Todos tinham desempenhado um papel fundamental na vitória até aquele momento.

Percy havia ganhado a confiança de Dyufin e assumido um posto de comando por sua liderança natural nas batalhas; Surtur fazia chover fogo, gerando pânico no exército inimigo; Edward, a centenas de metros de distância, com seu arco mortal, abatia os comandantes das fileiras inimigas; e Zeline vinha na retaguarda, retirando energia vital de oponentes feridos e a usando para manter os aliados saudáveis.

Morog girou o martelo no ar e acertou com precisão o local onde antes estava o general Dyufin, que antecipou o ataque e rolou para a esquerda segundos antes do impacto.

— Pelo reino e por Ustait! — gritou Dyufin, dando início ao ataque final a Morog.

Os arqueiros fizeram chover flechas no gigante, mas elas não eram muito efetivas. Poucas penetraram superficialmente na grossa armadura de couro. Morog avançou sobre o exército, e cada vez que seu martelo atingia o solo, mais de um valente guerreiro encontrava sua morte.

Os soldados não conseguiam se aproximar enquanto Morog seguia girando sua arma.

Edward aproveitou o tumulto, subiu numa árvore próxima e mirou. Aguardou até o momento exato e soltou a corda do arco. A flecha voou por cima dos soldados aliados e acertou o olho esquerdo de Morog. O gigante gritou de dor e recuou alguns passos.

Surtur estava esperando esta oportunidade. Uniu as mãos para concentrar a energia, a bola de fogo cresceu e foi arremessada na direção do gigante.

Morog tentou usar seu martelo para bloquear a bola de fogo sem muito sucesso. O gigante dobrou os joelhos e viu o cabo do seu martelo se quebrar.

— Maldito feiticeiro — disse Morog.

Arremessou o que restou do cabo do martelo na direção de Surtur. O feiticeiro ainda tentou desviar, porém o projétil era muito grande e acertou o tronco de Surtur, que caiu desacordado no chão.

Morog ainda tentou se levantar para lutar, mas a espada do General encontrou seu pescoço.

***

Surtur acordou sem saber onde estava e viu Zeline dormindo numa cadeira ao seu lado. Tentou se levantar, porém seu corpo ainda doía.

Zeline acordou com o movimento e seus olhos se encheram de lágrimas.

— Fiquei tão preocupada! Achei que minha feitiçaria e as ervas e poções élficas não seriam suficientes para te salvar.

Surtur se sentou na cama, aproximou-se e beijou Zeline pela primeira vez. Eles haviam se conhecido durante a guerra e se apaixonado, entretanto apenas agora tiveram a oportunidade de demonstrar seu amor.

Os elfos, por serem um povo reservado, não aprovaram a união, e Zeline se mudou para Carovy, uma cidade humana e a capital da região de Ustait, para se casar com Surtur.

***

Alguns meses se passaram, até que algo inesperado aconteceu.

— Surtur, eu acho... Não! Tenho certeza de que estou grávida! — disse Zeline com um brilho no olhar.

O Feiticeiro MestiçoOnde histórias criam vida. Descubra agora