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𝖢 𝖠 𝖯 Í 𝖳 𝖴 𝖫 𝖮 1
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𝖮 𝖼𝗅𝗎𝖻𝖾 𝖧𝖾𝗅𝗅𝖿𝗂𝗋𝖾

[...]

𝗔 viagem de ônibus até Hawkins, indiana, foi tranquila. Uma criança de mais ou menos 12 anos, adormeceu com a cabeça no meu ombro, enquanto eu lia um de meus livros preferidos. O automóvel estava cheio de pessoas, umas ocupando os assentos e outras em pé, se segurando nas cordinhas amarelas que estavam penduradas.

O ônibus parou com um solavanco e eu gemi encostando a cabeça no vidro frio. As palavras de minha mãe invadiram meus pensamentos: "Ele está animado para conhecê-la".

Animado para me conhecer? Que besteira, acredito que tudo isso se resume em dinheiro, filho presente = sem pensão. Mamãe sempre me contou sobre ele, sobre o quão amoroso e incrível ele é, mas um homem amoroso e incrível abandona a esposa grávida e some? Anos depois entrando novamente em nossas vidas com uma nova família, e ainda quer que eu aceite isso? Sinto muito, mas isso não vai rolar. Nunca!

Olho para a paisagem pela janela, os carros passavam rapidamente em borrões coloridos e milhares de pessoas conversavam na calçada. O céu nublado em um tom cinzento comprovava novamente o azar que me assolava hoje: não bastava a péssima notícia, eu também iria me encharcar toda com a chuva.

Ah meu Deus! E se meu azar levasse o ônibus a capotar?

Meus pensamentos embolam na minha mente e depois de um segundo, eu reviro os olhos respirando fundo. Tá vendo isso, Emy? Por isso você é obcecada por livros, para algum dia transformar suas paranóias em algumas loucuras consideradas boas o suficiente para a leitura.

[...]

Ainda observando a paisagem em movimento, noto o desaparecer das florestas e o tomar de forma das construções. O ônibus logo parou e eu desci. Minha primeira visão foi uma grande placa enterrada na terra, nela estava escrita o que todo lugar deveria ter.

𝗕𝗲𝗺 𝘃𝗶𝗻𝗱𝗼𝘀 𝗮 𝗛𝗮𝘄𝗸𝗶𝗻𝘀!

𝗘u sorri e caminhei por algum tempo. Estava passando pelo centro comercial, onde tinha várias lojas, lanchonetes, mercadinhos, e outras categorias de estabelecimentos. Apesar disso, gradualmente pude perceber algo, os lugares estavam quase vazios, tirando poucas pessoas que entravam e saiam de alguns prédios e lojas, quase não tinham clientes, até podia ver algumas lojas fechadas, em pleno horário de pico, não parecia ser algo normal, nem para uma cidade pequena como aquela. Me pergunto o que está acontecendo para todos sumirem.

Independente da falta de pessoas, a cidade era calma e um tanto formosa, com suas construções simples, mas de certa forma jeitosas, eu pude até sentir aquele sentimento de conforto que se estendia por todo aquele cenário.

Chegando na vizinhança, pude ouvir, de longe, uma voz conhecida. O garoto vinha até mim, correndo com os braços abertos. Com o aparelho entre os dentes, que refletia as luzes coloridas quando entrava em contato com a luz do pouco sol que restava. Atrás dele vinha uma mulher baixa, ela sorria e percebi que a mesma fazia esforço para correr, por culpa de seu peso. Era Dustin e minha tia, Claudia.

ー Emy! - ele se aproximou e praticamente se jogou em meus braços, eu o envolvi em um abraço apertado e soltei uma risadinha. ー Você está aqui! Você está realmente aqui, é tão bom te ver.

Nos soltamos e nos encaramos por um tempo, sorrindo. Estávamos muito felizes com esse reencontro, Dustin sempre foi e sempre vai ser meu melhor amigo mais novo, a diferença de idade não nos impede de criar uma boa relação, como acontece na maioria dos casos de primos separados por diferença de idade. Foi minha vez de me aproximar de Claudia e a abraçar também, pude sentir seu perfume invadir minhas narinas, me senti confortável com suas mãos que batiam levemente minhas costas.

𝐋𝐄𝐓 𝐌𝐄 𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓 - 𝙀𝙙𝙙𝙞𝙚 𝙈𝙪𝙣𝙨𝙤𝙣Onde histórias criam vida. Descubra agora