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𝖢 𝖠 𝖯 Í 𝖳 𝖴 𝖫 𝖮  4
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𝖳𝖾𝗆𝗉𝗈 𝗋𝗎𝗂𝗆

[...]

O barulho alarmante do despertador que estava em cima da mesa de cabeceira tirou-me de um profundo sono. Senti a maciez da fronha contra minha bochecha, o cobertor quentinho que me envolvia, o som dos pratos se batendo na cozinha, havia acordado em uma manhã maravilhosa.

Permaneci de olhos fechados. Inspirei fundo e passei a língua lentamente pelos lábios; sentindo o azedo gosto de vodka anoitecida. Abri os olhos, ainda marejados e olhei em volta. Me deparando com um ser totalmente peludo em cima de mim, aproximando seu grande focinho em minha direção. Pisquei e alarguei os olhos, empurrando sem intenção o animal para fora da cama, meus gritos foram ouvidos por tia Cláudia, que correu até mim, com um prato e seu pano em mãos. Ela riu ao saber o motivo, retirou o cachorro do quarto e voltou a cozinha. Resmunguei e me levantei, estalando alguns ossos do corpo, e gemendo em satisfação.

Saí do quarto e me dirigi até um pequeno banheiro, onde fiz minhas higienes matinais. Não me esqueci de sentir dores na cabeça, massagiei o local dolorido, ainda com a escova na boca. Me olhei no espelho e me espantei, eu estava horrível. Até poderia fazer o papel principal de um filme de terror.

ー ....

Enxaguei meus olhos e pude enxergar melhor, levei minha visão até minhas roupas pelo espelho. Estava usando aquele mesmo vestido da noite passada, com uma coisa de diferente: uma jaqueta desfiada tampando o decote do vestido. Passei minhas mãos pelo pano e abri um pequeno sorriso ao lembrar do dono do jeans.

[...]

Eu sempre amei o verão, e amo mais ainda o fato de passar as férias em um lugar que fazia sol quase todos os dias, até no inverno. A sensação de calor esquentando minha pele coberta pelos suéteres era tão agradável.

ー Bom dia, querida!

Minha tia me comprimentou, com um sorriso caloroso no rosto. Em cima da mesa estava um prato com sanduíches recém montados, na sala estava Dustin, sentado no sofá, com um prato nas mãos e um mal humor na face. Agradeci a mais velha e peguei o pão, o mordendo e indo em direção ao meu primo.

ー Ei...desculpa por ontem, me esqueci do fliperama. - falei praticamente sussurando, minha cabeça fervia e pulsava muito rapidamente com qualquer barulho.

ー Relaxa, vai ficar me devendo uma partida de D&D. Tirando isso, você tá bem?

ー É, é. Acho que sim, tirando as dores de cabeça eu estou tipo a mulher maravilha.

ー Eu não entendi, mas vou rir por educação.

Ele forçou um sorriso, o que me fez rir bastante.

[...]

Girei a maçaneta e abri a porta, sentindo um pequeno assopro de ar pelo meu rosto. O sol invadiu a casa, fazendo surgir sombras amareladas pelas paredes. Não estava calor, desta vez, o aquecimento não incomodava.

Como de costume, as ruas estavam vazias. Carros estacionados em fileiras perfeitas, portas e janelas....tampadas por tábuas de madeira?

Espera, o quê?

Pisquei, e quando percebi, a claridade do dia havia sido substituída por um tom avermelhado, o céu estava completamente vermelho, nuvens com tons puxados para o cinzento reinavam. O lugar estava completamente quieto, solitário, triste.

𝐋𝐄𝐓 𝐌𝐄 𝐈𝐍𝐓𝐎 𝐘𝐎𝐔𝐑 𝐇𝐄𝐀𝐑𝐓 - 𝙀𝙙𝙙𝙞𝙚 𝙈𝙪𝙣𝙨𝙤𝙣Onde histórias criam vida. Descubra agora