Capítulo 02-Segredos de Gyburg

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Quando Aeflaeda terminou de contar a história a Anakin referente ao planeta do qual era nativa, a reação do Jedi era de perplexidade por tanto tempo ter desconhecido a existência de Gyburg, o que contribuía para que os Jedis se atrasassem na missão contra a atuação dos Separatistas.

Ser obrigado a encarar a possibilidade mais do que real de que o movimento crescia assustadoramente conforme os Separatistas buscavam planetas para dominar e dali retirar a matéria prima necessária que funcionasse como combustão para sua causa, deixava Anakin inquieto. O que era preciso para modificar isso? Ele não tinha a resposta e isso o frustrava. Contudo, era preciso que se concentrasse no presente.

"E como foi que seus poderes se desenvolveram?" Indagou ele.

Aefleda sentiu um leve desconforto diante do olhar intenso que Anakin lhe dirigia. Não admitiria que era como se estivesse encarando uma divindade.

Temendo que aquela atração fosse descoberta, porém, ela não enfrentou nenhuma dificuldade ao mascará-la. Era relativamente capaz de dissimular seus sentimentos.

Com isso, concentrou-se antes na pergunta feita do que em questões supérfluas que ela confiava dissipar-se-iam em breve.

"Não sei exatamente como aconteceu", ela respondeu finalmente. "O que eu lembro é que estávamos em grupos, eu e meus amigos junto as nossas famílias. Em meio ao caos provocado pelos Separatistas, conseguíamos fugir da dominação exercida. O fato de não termos submetido de boa vontade nos tornou "figuras da resistência", as quais precisavam ser exterminadas imediatamente."

Aefleda suspirou e Anakin sentiu que dela vinha uma enorme dor. E ele se compadeceu não porque se colocou no lugar dela, mas... porque também ele experimentou algo parecido no passado. Ele engoliu em seco, esforçando-se para manter o equilíbrio dentro de si pelo bem de todos.

"Tudo o que queríamos era viver em paz", contava ela. "Mas a intolerância e o extremismo com os quais os Separatistas entravam em nossos domínios não concebiam isso. E..."

Um soluço irrompeu dela. Anakin se sentiu impelido a envolvê-la em seus braços, mas sabia que não podia fazer isso. Era preciso arranjar um meio de consolá-la sem... sem que isso o afetasse. O Jedi limpou a garganta, portanto, e disse:

"Sei que falar disso é muito difícil para você. Significa acessar memórias que, tenho certeza, você gostaria de enterrar e esquecer. Mas essas informações são valiosas para mim. Preciso repassá-las ao meu Mestre. A Ordem Jedi está fazendo todo o impossível para combater tais forças maquiavélicas".

Aefleda, em seu coração, compreendeu a verdade que ele falava. Talvez fosse a exaustão, ou o mero bom senso, mas a raiva e o ódio não faziam mais sentido.

"É claro. Ajudarei no que for preciso. É mais difícil do que pensava voltar às memórias que eu tenho me esforçado em fugir. Alimentei-me da raiva de tal forma..." Ela sacudiu a cabeça, desolada.

"Você se agarrou ao ódio porque se perdeu no caminho", disse Anakin. Embora ele lutasse contra as sombras internas, reprimi-las custava tanto... E ele via a si mesmo refletido em Aefleda. "Mas agora é o momento de regressar à luz. Posso ajudá-la com todo esse poder que tem. Meu Mestre diria que o excesso não faz bem a ninguém. Compete a nós buscar o equilíbrio."

Ele se surpreendeu ao ouvir a si mesmo recitar Obi-Wan, mas um sorriso saiu de seus lábios. Sentiu que fazia a coisa certa e isso somente o encorajou na missão que via desenrolar-se diante de seus olhos. Aefleda, por sua vez, contemplava aquelas palavras.

Fechou os olhos por alguns instantes, deixou que o silêncio entre os dois se estabelecesse antes que retomasse a sua narrativa.

"Quando você perde tudo o que ama, seu propósito de vida se esvai", ela dizia em quase um murmúrio. "Quando somente tem a si mesmo, a sobrevivência só tem sentido diante da vingança. Por um tempo, Jedi, eu venci algumas batalhas contra os Separatistas. Eu e somente eu."

O Despertar de Um SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora