Capítulo 10-Cinzas

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Aefleda sentiu que os clones hesitavam, embora os que tivessem restado ainda apontassem as armas para ela. Bom, o que eu tenho a perder?

Mas seu corpo sentiu o peso das dores que um longo e tortuoso conflito com Dooku tinha lhe inculcado. O frio tornava-se insuportável inimigo, contra quem nenhum aliado vinha em seu socorro.

Para piorar, outra nave aportava não muito longe dali. Pela forma como os clones se reagrupavam, isso significava que quem quer que descesse a enfrentá-la era o grande planejador por trás de toda essa tragédia.

Enquanto Aefleda arrepiava-se, esforçando-se para se recuperar o quanto possível para outra luta desigual, a figura encapuzada vinha em sua direção.

"Renda-se", ela ouviu a voz rouca dirigir-lhe a palavra. "Renda-se agora e será poupada."

"Você é um grande filho da puta", disse Aefleda entre soluços. "Mas abraçarei a morte a me juntar a você."

Criatura diabólica riu. E viu saírem de mangas compridas duas mãos e delas pequenas ondas de eletricidade.

"Tolinha. Você será morta hoje e a Ordem Jedi a seguirá ao túmulo."

Como, ela se perguntou, poderia dar conta de poderoso Sith?

***
Anakin tomou Obi-Wan pelos ombros e o sacudiu.

"Ela corre perigo."

E sem esperar por ele, correu até a nave mais próxima. Naturalmente, o outro o seguiu, abasbacado.

"O que diabos está acontecendo?" E, forçando o outro a voltar o olhar para ele, Obi-Wan segurou-o pelos braços e disse: "Como posso ser de útil ajuda se você não colabora, Anakin? Há bondade em você, nunca desisti de crer nisso, mas preciso que se comunique comigo."

A razão impactou Anakin, arrastando-o de volta a sanidade. Ele mal respirava, colapsando enquanto caia no chão. Obi-Wan o socorreu quando Anakin debulhou-se em lágrimas, abraçando-o fraternalmente. Também ele chorava, aliviado por não ter perdido seu Padawan, o menino que socorreu das areias de Tatooine, o irmão que treinou na arte Jedi, o filho que educou na Ordem.

Anakin sofreu com a tentação após a derrota de Grievous. A batalha o modificou, dando vazão para que seus demônios cravassem as garras sobre sua carne. Em Mustafar, a mudança parecia operar com efeito e Obi-Wan observou desesperado seu pupilo vociferar uma série de revelações que o chocou tanto quanto o feriu mais do que uma adaga poderia fazer.

Que Palpatine era a grande cabeça que orquestrava as maquinações Sith, as quais fizeram a República e os Separatistas meros joguetes seus, tornou-se evidente à medida que a missão se desenrolava e foi, de certa forma, confirmada indiretamente por Grievous, que entregou um peculiar detalhe associado ao Senador.

A identidade do Lorde Sith era irrelevante, todavia, quando Obi-Wan descobriu as manipulações que levaram a Anakin a veemente acusar seu mestre de impropérios que o deixou perplexo. Uma luta a isto se seguiu, pois Anakin perdeu o controle de si mesmo.

E já não era ele quem falava, mas a escuridão que o movia. O teste final para que Anakin provasse sua lealdade a Palpatine. Obi-Wan nunca pensou que chegariam aquele ponto.

"Você está se tornando aquilo que jurou destruir!" Obi-Wan tinha gritado antes que, uma vez mais, Anakin o atacasse. Ele era forte, mas não podia contra aquele que o criou.

E, no entanto, havia bondade nele. O mestre Jedi sentia isso, mas, para sua surpresa, não precisou forçar tal embate. O conflito interno surgiu inesperadamente diante de uma visão que atingiu Anakin moralmente e o fez hesitar. Algo nela pareceu afastar as nuvens que encobriam o julgamento que ele fazia da situação.

O Despertar de Um SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora