Capítulo 04-Mandalore

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Aefleda colocou todo seu esforço nos treinamentos, buscando dominar seus sentimentos obscuros e omitir aqueles inspirados pela presença de Anakin Skywalker. Uma atração não deveria se aprofundar em algo a mais, principalmente depois do aviso que ele a havia dado sobre os Jedi não formavam laços emocionais.

A bem da verdade, entretanto, se sentimentos fossem fáceis de serem controlados, humanos seriam droides. Se Aefleda fosse sincera consigo mesma, como poderia não admirar as feições de seu mestre, seu sorriso, o brilho nos olhos quando ensinava sobre as melhores manobras dos sabres de luz, o som de sua risada? Ou como ficava mais esbelto quando os cachos caiam sobre  seu rosto? Seria possível não reparar nos músculos torneados sob o couro e...?

Visualizá-lo daquele jeito somente trazia calor às faces e isso não era esperado de alguém que se preparava para ser uma Jedi. Embora tivesse aprendido que reprimir sentimentos não era o melhor jeito de lidar subsequentemente com a Força, ela não gostava da forma como vinha pensando nele... E estava se tornando tão incômodo que Aefleda não viu outra opção que não fosse a repressão de tamanha atração, forçando-se a concentrar nos exercícios e estudos.

"Você é sem dúvida a Padawan mais dedicada que já tive a oportunidade de treinar," disse Anakin em uma das manhãs em que encontrou Aefleda em robes amarronzadas e cabelos presos em um coque alto, olhos fechados enquanto se concentrava na meditação. "Certamente mais pontual que Ahsoka."

Aefleda o respondeu com um meio sorriso. "O senhor me subestima, Mestre. Admita que meu progresso o surpreendeu."

Anakin riu. "Talvez, mas não sabia o que esperar de você. Escute, precisamos conversar."

Ela abriu os olhos e se levantou de imediato. Custou a Anakin não reparar que ela usava roupas mais apropriadas ao treino de verão como um top, por exemplo. Ele limpou a garganta, forçando-se a manter o foco.

"Seu progresso tem sido impressionante", dizia ele enquanto caminhavam lado a lado em torno dos jardins. "E acho que o grande momento chegou."

Aefleda parou de andar e o encarou, estupefata.

"Para minha primeira missão?"

Anakin abriu um largo sorriso e ela achou que seus joelhos fossem enfraquecer.

"Sua impaciência foi recompensada, afinal."

"Céus! Não acredito!" Aefleda sorria consigo mesma e sua alegria também fazia seu mestre sorrir. Era impossível não se contagiar com a felicidade que emanava, assim pensou ele. "Fico satisfeita que tenha conseguido progredir desde aquele dia. Mas diga, Mestre, o que devo fazer?"

Uma pequena pausa de alguns segundos bastou para que ele percebesse que os últimos meses foram insuficientes para apagar qualquer traço de ligação que pudesse sentir quanto a ela. E, as vezes, ele sentia alguma coisa também da parte dela...

Mas aquele dificilmente era o momento mais adequado para refletir sobre um assunto inapropriado. De modo que Anakin limpou a garganta, estalou seus dedos e disse:

"Precisamos que você se infiltre em Mandalore para averiguar o paradeiro do General Grievous", dizia Anakin, mais sério. "Para tal, atuará junto a equipe de segurança que protege a Duquesa Satine."

Aefleda não escapou da sensação agridoce de ter sido designada a uma missão que, segundo sua perspectiva, não continha tanta ação. Diante da sombra que passou sobre seu rosto por alguns segundos, Anakin riu e disse:

"Acredite, Mandalore não tem nada de entediante. Apesar da intensidade dos nossos treinamentos, você realmente espera que eu lhe dê uma missão de alto risco?"

O Despertar de Um SentimentoOnde histórias criam vida. Descubra agora