01: A Família Dursley

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Válter, Petúnia e Dudley Dursley tinham orgulho de serem uma família normal.

Sua casa na Privet Drive n°4 era igual a todas as outras da vizinhança — com exceção da vizinha da frente, a Sra. Figg. A cerca branca, a grama bem aparada e a fachada bem pintada eram tudo que uma pessoa normal poderia querer.

Todas as manhãs o Sr. Dursley saía para o trabalho em seu paletó azul de marca, parecendo vermelho como um pimentão mas com os cabelos e bigode bem alinhados; dirigindo o carro cinza pelo horizonte nublado das sete da manhã. Enquanto isso, a Sra. Dursley preparava-se para dar início às fofocas ao telefone com as outras socialites, e seu precioso filho ainda dormia até às dez.

Não havia nada que indicasse a existência de um segundo garoto vivendo ali, a menos que você fosse observador e notasse um pequeno armário de vassouras debaixo da escada — que estranhamente tinha uma tranca do lado de fora.

Harry James Potter era uma criança pequena e franzina, sorrateiro como uma cobra. Tinha aprendido antes de falar que, a menos que a casa estivesse pegando fogo, ele deveria ser silencioso como uma estátua, mas fazer o trabalho rápido e bem feito. O rapazinho era como uma sombra, vivendo em segundo plano para escapar das surras inevitáveis ​​— ele nunca entenderia porque Tia e Tio o chamavam de Aberração.

No entanto, Harry dormia com certa cautela no colchão fino, que cheirava a suor, no armário apertado e enrolado em uma manta azul, com sombras do que eram patos quando ainda estavam na cama de Dudley.

— Acorde, criança idiota! Levante-se!

O menino acordou assustado. A voz chamou outra vez, cada vez mais impaciente, ordenando que deixasse a paz de seus sonhos.

— Está de pé? — disse. — Ótimo, venha servir o café. Veja se consegue não ser tão esquisito enquanto comemos — Harry deu um resmungo lento em resposta, sentando com cuidado para não bater a cabeça no teto baixo demais.

Com os gritos da tia, seus olhos se abriram devagar. A vista de sempre contemplou os olhos verdes vibrantes com paredes muito próximas, cheias de desenhos infantis e cobertas de teias de aranha. O clique familiar da fechadura externa preencheu o lugarzinho, e a porta se abriu sozinha.

Ele sabia que era o dia do aniversário do primo, é óbvio que sabia. Era um dos dias mais infernais do ano, seus músculos doíam só de lembrar o tanto que teria de esfregar e cozinhar (mas ele nunca diria "infernal" em voz alta, isso era palavreado de gente adulta).

Com mais graça do que se esperava dele, Harry saiu cambaleando pelo corredor e seguiu para a cozinha. A pilha de presentes que tampava a mesa era gigante: dava para ver o computador de última geração, a bicicleta de corrida, uma televisão e um monte de novos brinquedos. Para que Dudley queria tantos pacotes de tamanhos e formas variadas sempre seria um mistério, já que tudo o pequeno menino sabia era que precisava mentir e roubar para ter alguns gizes de cera coloridos e quebrados.

Talvez, quando finalmente fosse um adulto, ele pudesse trabalhar para ter uma casa e seus próprios presentes. Por enquanto, ele ainda tinha dez anos e uma trouxa de roupas enormes, esfarrapadas e gastas.

Carregava uma expressão apática no rosto magro e o óculos redondo e preto meio torto, a aparência decadente era complementada pela cicatriz de raio, que começava na base do cabelo e se ramificava até a sobrancelha direita — ela ali desde que se entendia por gente, e lembrava bem de ter sido punido quando estava para o tio onde a conseguira.

" Foi o bêbado do seu pai, Potter o homem rechonchudo berrou, vermelho até o pescoço. Enfiou você e a desmiolada da sua mãe num carro depois de beber, e deu contudo no poste mais próximo! É um desperdício que você não tenha morrido também, fica aqui gastando nosso dinheiro! Tio Válter grudou o menino pelo colarinho já meio desmanchado, sacudindo-o de forma violenta e cuspindo no rosto infantil a cada palavra desgostosa. Não pergunte sobre eles, garoto, ou eu vou matar você!

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