12: A Arte da Manipulação

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A temperatura gélida da Sala de Poções era como uma carícia bem-vinda para Harry, cujo conforto residia na familiaridade do ambiente. Mesmo sem Arya em seu poleiro habitual, provavelmente explorando os recantos esquecidos das masmorras, Harry sentia uma sensação de certeza no ar, como se o dia estivesse predestinado a ser promissor.

Situada em um corredor diferente das masmorras habituais, a Sala de Poções era ainda mais fria que as partes superiores do castelo, enviando arrepios tranquilizadores pela espinha do jovem bruxo. Acostumado com o laboratório da Mansão Prince, ele não se incomodou com os frascos espalhados pelo ambiente, cada um contendo partes estranhas de animais e uma variedade de ervas para infusão.

Embora cada mesa fosse destinada a três alunos, o lado sonserino da sala apresentava apenas duas figuras por bancada. Draco espirrou logo após se sentar, ocupando uma das bancadas da frente à esquerda, com Harry ao seu lado. A dupla atrás deles consistia em Zabini e Theodore, seguidos por Bullstrode e Parkinson, Crabbe e Goyle, e no fundo da sala estavam Davis e Greengrass. O lado grifinório permanecia vazio até o toque do sino, sinalizando o início da aula, com a exceção notável da garota prodígio da noite anterior.

Draco, ao seu lado, espirrou novamente, uma expressão de desagrado passando rapidamente por seu rosto aristocrático. Harry quase sorriu; a sensibilidade de Draco aos elementos das masmorras era quase divertida.

A aula de Poções começou com a entrada do Professor Snape, sua capa negra esvoaçando atrás dele. Seus olhos encontraram os de Harry, e por um breve momento, houve um reconhecimento silencioso de suas proezas na Mansão Prince.

— Bem-vindos à minha modesta masmorra — começou Snape, sua voz tão fria quanto o ar ao redor. — Aqui, vocês aprenderão mais do que simples poções. Aprenderão precisão, astúcia e, acima de tudo, poder. — Seu olhar percorreu a sala, parando brevemente em cada aluno. — Mas lembrem-se, o poder exige disciplina. Sem ela, são tão úteis quanto um caldeirão furado.

A voz grave do professor ecoou pela sala, preenchendo o espaço silencioso com uma presença imponente. O lado sonserino da sala riu da piada sarcástica, sentindo-se desafiado a demonstrar competência na matéria. Os grifinórios, por sua vez, tremeram desconfortavelmente em suas cadeiras.

— Eu sou o Professor Snape, e tenho o prazer duvidosamente questionável de introduzi-los à arte das poções, uma ciência sutil e exata que, estou certo, será desperdiçada em cérebros tão... pouco refinados quanto os seus.

O homem-morcego atravessou a sala com passos pesados, suas vestes esvoaçando ameaçadoramente ao redor dele, fazendo uma pausa prolongada antes de continuar:

— Vocês estão aqui porque acreditam que podem se tornar bruxos e bruxas competentes. Permitam-me desfazer essa ilusão desde o início. A maioria de vocês nunca terá a habilidade necessária para criar algo mais complexo do que uma Poção para Bolhas. E mesmo isso, temo, pode ser um desafio demasiado ambicioso para alguns.

Snape caminhou até o fundo da sala, olhando cordialmente para os sonserinos e com raiva borbulhante para os grifinórios.

— Nesta sala, vocês aprenderão a misturar ingredientes que podem encantar ou matar, curar ou envenenar. Mas, considerando o nível de habilidade que presumo que possuam, ficarei satisfeito se conseguirem sair daqui sem envenenar a si mesmos ou aos outros. Um feito notável, eu diria. — Andando novamente até a frente da sala, ele puxou um quadro já preenchido com instruções para a primeira poção de suas vidas. — Portanto, prestem atenção, mantenham suas áreas de trabalho limpas e intactas e talvez, apenas talvez, alguns de vocês possam sair daqui com um pingo de conhecimento. Mas, sinceramente, não estou segurando minha respiração.

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