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- Na verdade... - ele disse começando a refrescar suas memórias. - Eu me lembro sim!
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Quinta-feira, 1997.
Um pequeno bosque, em uma cidade não tão interiorana do Japão, recebia um novo visitante. O rapaz tinha seis anos, e pouco mais de um metro de altura. Segurava alguns papéis, onde treinava caligrafia, em suas mãos, mas as escritas já estavam levemente borradas. Andava olhando de um lado para o outro. Procurava por algo.
Nunca tinha visitado aquele lugar antes e estava um pouco preocupado que tivesse se afastado demais de casa. O visitante prometeu a si mesmo que não iria mais longe do que aquilo, mas sua procura parecia longe de terminar. Andou mais alguns metros em direção ao interior do bosque, até ouvir barulhos que pareciam ser altos demais para um simples pássaro ou esquilo produzirem.
Seus pés imediatamente criaram raízes no chão. Não conseguia andar nem se quisesse. Levantou a cabeça, procurando o que teria causado tal barulho entre as folhas das árvores, mas não encontrou nada. Os barulhos continuaram, mas toda a vez que o jovenzinho olhava na direção que acreditava ter vindo tal som, não via nada além de folhas se mexendo.
Seu corpo tremia. Estava bastante assustado e com medo de acabar se metendo em perigo e não haver nenhuma pessoa por perto para ajudar. Queria sair de lá e correr pra longe o mais rápido que pudesse, mas seus pés não o obedeciam. Aos poucos, o barulho foi se aproximando. O jovem amedrontado apertava suas folhas de papel contra si, tentando acalmar o coração acelerado. Viu as folhas da árvore em sua frente se mexerem e sentiu pequenas lágrimas se formarem na base de seus olhos até que um vulto finalmente saiu de dentro daquelas milhares de folhas. A coisa pareceu se jogar em direção ao solo, como se fosse cair, mas conseguiu se segurar em um dos galhos mais baixos. Quando o vulto finalmente parou quieto, o pequeno japonês ficou a poucos centímetros de distância de um rosto levemente sujo e com alguns band-aids, que se encontrava de ponta-cabeça, encarando-o com seus olhos avermelhados.
- Oi! - o vulto, ou melhor dizendo, menino disse a ele.
O que estava de pé deu um grito, fazendo o menino pendurado na árvore gritar também e, por conseguinte, acabar perdendo o equilíbrio e caindo no chão, diante de seus pés. A cena teria sido cômica se o mais velho não estivesse assustado demais para achar graça.
O menino caído se levantava com alguma dificuldade, soltando pequenos gemidos de desconforto em função da queda. O observador nem esperou o rapaz se levantar, se pôs a correr em direção oposta ao que caíra.
- Ouch... - Kojiro murmurava para si mesmo. Olhou para onde o outro menino deveria estar, mas a única coisa que avistou foi o mesmo correndo para longe, há alguns metros. - Ei, espera aí! - ele disse correndo atrás.
O rapaz assustado olhou para trás por um breve segundo, mas o menino já o tinha alcançado e agora estava parado em sua frente, obstruindo a passagem com o corpo. Agora que se encontrava parado (e de cabeça 'pra cima), o visitante teve a chance de olhá-lo um pouco melhor. Seus cabelos eram esverdeados e estavam repletos de pequenos galhos e folhas (não duvidava que tivessem até mesmo pequenos insetos escondidos ali). Sua pele era de um tom diferente da sua, um pouco mais amarelada, mas que transmitia uma sensação de calor exuberante. Já tinha descoberto que seus olhos eram vermelhos, embora agora fosse mais difícil de ver. Suas roupas eram uma camiseta branca ou, melhor dizendo, encardida, e uma bermuda. Tinha alguns arranhões distribuídos pelo corpo, mas o esverdeado parecia não se importar.
Kaoru permaneceu observando o rapaz, esperando alguma atitude dele, ou que ele apenas saísse do caminho para que o deixasse ir embora e não voltar nunca mais. Ao invés disso, o menino apenas repetiu o que dissera há pouco.
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First Times (Matchablossom)
FanfictionPoderia ter sido apenas outra tarde qualquer, mas Kojiro tinha outros planos e, para isso, relembra seus primeiros momentos com Kaoru. " - Você lembra da primeira vez que nos vimos? - Na verdade... - ele disse, começando a refrescar suas memórias...