First Times (Matchablossom)

O primeiro "eu te amo"

[...]

- E, se eu não me engano, foi nesse dia que eu disse que te amava pela primeira vez.

////////////

Domingo, 2014

Os raios de sol penetravam o quarto, iluminando suavemente o ambiente. Eram pouco mais de oito horas da manhã. Os alarmes e telefones foram desligados, juntamente com qualquer possível interrupção. No quarto principal, malas de viagem e roupas espalhadas pelo chão, ao redor da cama. Sobre a última, dois homens descansavam da longa noite que tiveram. O de cabelos verdes permanecia acordado, repleto de arranhões e marcas de unhas pela superfície das costas e alguns chupões que decoravam seu pescoço. Em seu peito, Sakurayashiki o fazia de travesseiro, respirando calmamente enquanto dormia um sono leve e sereno. Seus cabelos estavam bagunçados, o que Kojiro achava extremamente sexy. O esverdeado acariciava as costas alheias e passava os olhos pelo cômodo, pensando em tudo o que haviam feito e no quanto ainda fariam.

Se considerou extremamente sortudo por estar namorando sua paixão de ensino médio, e,  ao mesmo tempo, se sentiu idiota por pensar que não era correspondido. Claro que tinha seus motivos, afinal, Kaoru tinha tido uma paixonite por Ainosuke, mas esse pequeno ciclo se mostrou meramente platônico e teve seu fim quando ele e o esverdeado deram o primeiro beijo. Apesar de ter ficado ansioso para ir à Itália, Kojiro também tinha se preocupado em como a relação dos dois iria se manter, mas as preocupações automaticamente desapareceram quando Sakurayashiki fez o pedido de namoro antes de sua partida. Se falavam por videoconferência toda a semana. Kojiro lhe contava cada novidade enquanto o rosado apenas ouvia de bom grado.

O esverdeado poderia jurar que, a cada semana, Sakurayashiki ficava ainda mais belo.

A saudade em seu peito aumentava a cada dia; mal podia esperar para voltar para o Japão e tê-lo em seus braços novamente. E assim o fez.

Logo que chegou, entrou no primeiro táxi que viu e deu o endereço do apartamento do rapaz e, pela hora, com certeza o encontraria em casa. Chegou ao local sem nem ligar antes. Esperou do lado de fora até que o rapaz abrisse a porta e visse realizado seu maior desejo durante aqueles seis meses. Acreditou ter visto os olhos do rosado lacrimejarem. O choque causado pela surpresa durou apenas poucos segundos até Sakurayashiki se atirar em seus braços e beijá-lo finalmente.

Kojiro sorriu ao se lembrar da cena. Voltou o olhar ao rapaz que dormia sobre seu peito e retirou alguns fios de cabelo que estavam caídos sobre o rosto do rapaz. Sentiu borboletas percorrerem o interior de seu estômago. Estava mais feliz do que nunca. Sentiu vontade de dizer algumas palavras, mas queria se certificar que Kaoru não estivesse ouvindo.

Chacoalhou sua mão diante do rosto alheio. Nada. Nenhuma reação.

- Kaoru? - ele chamou sussurrando o mais baixo que conseguia. Novamente, não houve reação. Concluiu que o rapaz estava realmente dormindo. - Eu não sei se já te disse o quanto você é importante 'pra mim. - ele tornou a sussurrar. - Eu senti muito a sua falta.

Graças aos sussurros, Sakurayashiki começou a tomar consciência, acordando gradativamente, apesar de não abrir os olhos. Achava ter ouvido Kojiro dizer algo e, pelo visto, estava certo. Não assimilou as primeiras palavras, mas logo depois, conforme acordava, começou a prestar atenção.

- Se eu te disser uma coisa, promete não contar 'pra ninguém? - Kojiro perguntou, esperando não receber resposta. O de cabelos rosados permaneceu ouvindo, curioso, mas sem deixar que o outro percebesse que estava consciente. Uma pequena pausa foi feita, até o esverdeado voltar a falar.

- Eu te amo, Kaoru.

Sakurayashiki levantou do peito alheio com uma rapidez impressionante para alguém que estava dormindo há pouquíssimo tempo atrás. Agarrou os lençóis e levou suas mãos em frente ao abdômen, como quem tenta se proteger.

- O-O que!? - o rosado perguntou aos berros.

- V-Você estava ouvindo? - Kojiro perguntou, ainda mais surpreso do que o rapaz. Seu coração estava a mil; tinha acabado de se confessar sem nem saber. - E-Eu achei que você estivesse dormindo, m-me desculpa! Eu não queria que você...

- Eu também te amo! - o rosado o interrompeu, ainda assustado, sem acreditar no que tinha acabado de dizer. Levou a mão à boca, às pressas, e olhou para o esverdeado com os olhos arregalados. O rosto de Kojiro estava bastante corado.

- O que você disse? - o mais forte perguntou pasmo, rezando para ter ouvido corretamente.

- Eu disse... - ele respondeu em tom baixo, se sentindo um pouco sem ar. - Eu disse que eu também te amo.

Os dois se olharam, um mais perplexo que o outro. Kaoru corou levemente e sorriu, fazendo Kojiro sorrir de volta um sorriso bem maior e terminar por se jogar por cima do rapaz, prensando-o contra a cama, depositando beijos por todo o seu corpo. O rosado ria enquanto apreciava a sensação. Haviam guardado aquelas palavras durante seis meses, e agora finalmente disseram. Era recíproco.

////////////

- Aquilo não foi justo! Eu ia dizer que te amava no aeroporto. - Sakurayashiki protestou.

- Mas não disse. - o mais forte rebateu. - Então o primeiro "eu te amo" vem 'pra minha conta. - ele disse se vangloriando.

Kaoru revirou os olhos e lhe deu um selinho como sinal de que reconhecia a vitória alheia. Um pequeno momento de silêncio se instalou e Kojiro o utilizou para admirar o rosto alheio, antes de voltar a falar.

- Já percebeu quanta coisa fizemos juntos? - ele perguntou. - Desde a primeira vez que nos vimos até hoje, olha só quanta coisa nós fizemos! O primeiro beijo, a primeira discussão, nosso primeiro dia morando juntos...

O esverdeado começou a se deixar levar pelas memórias. Passava em sua mente cada momento que tiveram juntos, que se tornou extremamente especial. Deixava transparecer sua euforia e seu amor pelo rapaz, que Sakurayashiki logo percebeu. E estranhou.

- Aonde quer chegar? - o rosado perguntou.

[Continua]