ONE | A RUNNER

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OS olhos pesados da garota encaravam os muros altos cinzentos, se perguntando o que haveria do outro lado.

De acordo com Alby, ninguém podia sair. Nenhum dos que já estavam na Clareira há mais tempo haviam entrado no labirinto, a mando do mais velho. Mas tudo o que ela mais queria desde que havia chegado ali era saber o que existia lá dentro.

Victoria estava sentada no chão ao lado da rede de Newt, onde ele dormia pacificamente. Estava escorada no pilar de madeira onde o pano se amarrava, com os joelhos próximos ao peito e o queixo apoiado nas pernas.

Alby, no dia anterior, já havia dado as ordens para que Gally começasse a construir uma pequena cabana para Victoria no meio do bosque, para que ela pudesse se manter protegida e preservar sua privacidade necessária. Com certeza, o garoto negro era um dos únicos em que ela confiava plenamente em tão pouco tempo.

Enquanto seu quarto não ficava pronto, ela dormia na rede ao lado de Newt, que se dispôs a ficar junto dela quando percebeu o quão levemente assustada a garota ainda estava.

Milhões de perguntas cruzavam a mente de Victoria e, infelizmente, nenhuma resposta. Por várias vezes, sentia o sentimento perceptível do desespero invadir o seu corpo, por não saber o que aconteceu antes de acordar naquela caixa de metal e ser exposta a um acampamento de sobrevivência sem saída cheio de brutamontes.

De repente, o barulho de passos se aproximando a fizeram levantar a cabeça rapidamente, amedrontada de quem poderia ser. A visão de Alby indo até ela chegou a acalmar seus pensamentos, mas não o suficiente. Ele a estendeu a mão, ajudando-a a se levantar.

Alby começou a andar para longe do domicílio, deixando um rastro de confusão no rosto de Victoria, que não sabia para qual direção ele estava indo enquanto o seguia.

O moreno parou minutos após, em frente a um muro acinzentado e meio sujo. Vickie franziu o cenho, não entendendo o que era aquilo; até que os raios de Sol iluminaram uma parte da parede que era coberta por algumas heras, mostrando algo que não parecia estar ali antes.

Vários nomes estavam escritos no concreto, provavelmente entalhados com facas, mas um deles estava riscado. Ela se questionou quem seria George, mas não queria incomodar Alby com uma pergunta tão indelicada. Victoria pôde reconhecer os nomes dos garotos que conheceu assim que sua visão se bateu contra a parede.

Ela sabia quem eram todos aqueles, mesmo estando na Clareira a menos de um dia; com tão poucos meninos, decorar seus nomes não foi uma tarefa muito difícil. Nick era o garoto moreno – cara-de-mértila – que havia falado com ela assim que chegara. Gally era o menino de cabelos loiro-escuros que apenas a encarara de longe, trabalhando em uma das construções em andamento; diversas vezes ela flagrou-o olhando para si, mas não da maneira esquisita como Nick – apenas curioso e confuso, pelo que parecia.

Já o nome George não a remetia a ninguém. Talvez o fato de estar riscado já mostrasse o porquê. Seis meses, cinco nomes, quatro garotos. Ela era a sexta a chegar, e ele o primeiro a morrer.

Alby estendeu o braço em sua direção, a entregando uma faca e exibindo um daqueles sorrisos tão discretos que eram quase imperceptíveis, cobertos por uma carranca usual. Victoria encarou o objeto e olhou para ele antes de agarrar a faca, dando um passo à frente e se aproximando do muro.

Ela levou a mão em contato com o concreto. O atrito da faca aos poucos formava as letras, deixando o seu nome ali gravado, junto com os demais.

Era enfim, a hora de começar uma nova vida. Afinal, agora, Victoria era uma clareana.

. . .

APÓS uma semana, Victoria já havia tentado todas as opções de trabalho e em nenhuma delas tinha se encaixado direito. Em quase todas, ela quase sempre acabava fazendo algo errado, mostrando que aquilo não era o seu ponto forte.

𝐖𝐇𝐀𝐓𝐄𝐕𝐄𝐑 𝐈𝐓 𝐓𝐀𝐊𝐄𝐒, maze runnerOnde histórias criam vida. Descubra agora