Introdução

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Há milhares de anos, a Magia se manifestou na Terra, dividindo-se em treze formas que, por sua vez, materializaram-se em treze divindades — as Deusas — e seus animais sagrados. Cada Deusa dominava uma forma diferente de magia, e com os anos elas passaram a criar seus primeiros discípulos: os bruxos. Hoje, apenas doze deusas ocupam o Panteão Mágico.

Os primeiros bruxos passaram seu sangue mágico adiante e deram origem a novos bruxos. As Deusas optaram por reger cada bruxo de acordo com sua data de nascimento, concedendo a ele os seus dons mágicos.

Antheris, a águia, hoje rege os bruxos nascidos no mês de janeiro e lhes concede a capacidade de transmutar a si e a outros objetos;

Hyphilla, o cervo, rege os bruxos nascidos no mês de fevereiro e lhes concede a capacidade de controlar e se comunicar com os animais, além de ainda poder assumir suas formas;

Elacea, a andorinha, rege os bruxos nascidos em março e lhes concede poder sobre o elemento ar;

Tulpia, a raposa, rege os bruxos nascidos em abril e lhes concede poder sobre o elemento terra;

Dahlia, o tigre, rege os bruxos nascidos em maio e lhes concede poder sobre o elemento fogo;

Khala, o touro, rege os bruxos nascidos em junho e lhes concede a capacidade de curar ferimentos, envenenamentos e maldições;

Primula, o canário, rege os bruxos nascidos em julho e lhes concede o dom de criar e identificar poções e amuletos;

Anfithe, a lontra, rege os bruxos nascidos em agosto e lhes concede poder sobre o elemento água  e todas as suas variações, desde o gelo ao vapor;

Chrysa, a lebre, rege os bruxos nascidos em setembro e lhes concede a mais pura e brilhante luz;

Ílina, o pavão, rege os bruxos nascidos em outubro e lhes concede a habilidade de enganar as mentes através do ilusionismo;

Erunthia, a serpente, rege os bruxos nascidos em novembro e lhes concede a clarividência;

Por fim, Sizya, o corvo, rege os bruxos nascidos em dezembro e lhes concede poder sobre os mortos: a necromancia.

No passado, ainda havia a décima terceira deusa: Hidéa, o lobo, que detinha poder sobre o caos e a Escuridão. Na antiga organização, ela regia os bruxos nascidos entre o final de agosto e o início de setembro, intervalo hoje chamado de Período Amaldiçoado, visto que o poder da deusa ainda pode se manifestar nos bruxos nascidos nestes dias, mesmo que, atualmente, ela já não ocupe o Panteão.

Ao contrário das irmãs que buscavam uma convivência pacífica, Hidéa desprezava os humanos, principalmente por considerá-los indignos de carregar a Magia em seu sangue. Odiava quando se misturavam com bruxos, tanto que foi a responsável por criar os primeiros lobisomens motivada por tal ódio: ao ver um humano se apaixonar por uma discípula sua, o condenou a perder a consciência e a sanidade durante as noites de lua cheia, transformando-o num ser bestial semelhante a um lobo, que ainda poderia passar a maldição a outros humanos para lhes dar o mesmo destino. Nasceu ali a primeira espécie dos chamados Amaldiçoados.

Além dos lobisomens, os vampiros também eram considerados Amaldiçoados, porém nascidos do amor, não do ódio, quando um discípulo de Sizya, devastado pela perda daquele que amava, recorreu ao poder de sua deusa para trazê-lo de volta dos mortos. Pela primeira vez, tal encantamento teve sucesso, mas o que retornou fora um ser de pele gélida e coração inerte, que precisava de sangue para sobreviver e carregava nas veias a capacidade de passar a própria maldição adiante. Compadecendo-se da situação tanto de seu discípulo quanto da criatura assustada com a própria condição e com a caçada humana que se iniciou, Sizya concedeu aos vampiros a habilidade de se transformar em seu animal sagrado: o corvo. Assim poderiam se esconder daqueles que queriam caçá-los.

Já Hidéa, não satisfeita em apenas criar a cruel maldição do lobo, decidiu eliminar de uma vez os indignos, destruindo o mundo e o recriando à sua maneira, para que apenas os de sangue mágico pudessem habitá-los. Derramando seu sangue no chamado Berço, o local em que a magia se manifestou pela primeira vez e deu origem às Treze Deusas, ela começou a cobrir a Terra num denso manto de Sombras, mas fora detida à tempo por suas doze irmãs, que a baniram para o Limbo e lá a aprisionaram, selando sua alma divina num dos treze pilares do Berço.

A Escuridão regrediu e a Terra fora salva. O temor humano sobre os bruxos e os Amaldiçoados, por outro lado, aumentou junto a um perigoso ódio que motivou a formação dos primeiros Caçadores. Uma guerra silenciosa começou e se seguiu até os dias atuais.

Mais do que isso: após aprisionar Hidéa, Erunthia entoou uma assustadora profecia: sob uma lua de sangue, durante o chamado Período Amaldiçoado, nasceria um bruxo, o Portador da Marca do Lobo, destinado a seguir um perigoso caminho de Sombras que poderia fazer se concretizar o cruel plano de Hidéa. Os bruxos passaram a profecia adiante, e cada geração a temia da mesma forma que a anterior. Muitos clãs chegaram a caçar e tirar a vida de crianças nascidas no Período Amaldiçoado, com ou sem lua de sangue.

Mas agora tudo estava destinado a mudar, porque Jeon Jeongguk, o Portador da Marca do Lobo, havia nascido.

Destino Sombrio | VminkookOnde histórias criam vida. Descubra agora