Um: Nascimento

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Olá!

Depois de 84 anos, finalmente cheguei aqui com o primeiro capítulo de Destino Sombrio! Espero que gostem! :)

Para quem não sabe, também tenho outra história em andamento: Overlookers! Podem dar uma conferida se quiserem!

Obrigadinha a quem já chegou, deixou seus votos e está esperando pela história! Espero que me acompanhem até o fim! <3

Boa leitura! :)

~🐺~

Na pequena cidade de Noncheok, ninguém em sã consciência se arriscava a entrar na Floresta Sombria.

Não apenas pelas árvores altas e próximas umas das outras dificultarem a passagem de luz, nem pelos sons assustadores que se faziam ouvir nas noites escuras ou pelos desaparecimentos daqueles que se arriscam a entrar, mas também pela atmosfera taciturna e aterradora pairando na névoa branca que esvoaçava por entre os troncos espessos como um aviso na entrada de que, uma vez engolido por ela, não haveria retorno.

Ninguém adentrava aquela floresta. Ninguém que fosse humano ou que tivesse consciência de que as criaturas ocultadas pelo lençol pálido de névoa e pelos imponentes carvalhos não eram animais, muito menos humanos.

De certa forma, era bom para os dois lados daquela história. Os leigos habitantes da cidade não arriscavam perder suas vidas para satisfazer uma mera curiosidade e os habitantes da floresta não tinham sua paz perturbada com frequência, pelo menos não pelos humanos, dentre os quais mesmo os que se julgavam conhecedores das profundezas cobertas pela neblina gélida eram incapazes de encontrar as comunidades que lá viviam, escondidas dos olhos curiosos.

E foi numa dessas comunidades, numa noite escura do primeiro dia de setembro, quando a lua se tingiu de sangue, que um bebê fora concebido.

Ao mesmo tempo em que se sentiu feliz por segurar nos braços o seu primogênito, cujo choro parecia ser incessante até sentir o cálido abraço materno que o envolveu, Jeon Soyoung sentiu medo.

Não previu que conceberia a criança num dia como aquele. O carregou no ventre rezando para a Deusa que a regia, pedindo para que o segurasse ali até que os dias amaldiçoados se passassem, mas viu todas as suas esperanças ruírem quando as primeiras contrações lhe avisaram, junto com a dor, que o impiedoso Destino viera efetivar a mais antiga e tenebrosa das profecias.

— Eles não podem saber. — Ela proferiu aos prantos para seu marido, que observava o bebê com a mesma mescla de felicidade, amor, medo e preocupação. — Não podemos voltar para o clã agora, ou saberão que ele nasceu nos dias de Hidéa. Pior! Sob a lua rubra!

Jeon Hyeonjun observou seu filho, tão pequeno e frágil. O matariam com a mesma facilidade com que esmagavam folhas secas sob os pés ao caminhar. Toda a família que queria formar com sua esposa e todo o amor que nutriu durante pouco menos de nove meses observando o ventre dela se expandir para dar mais espaço àquela criança viria a ruir e levar consigo sua felicidade. Jurou pela vida que lhe foi dada que não permitiria que lhe tirassem aquela frágil cria.

— Não saberão. — Ele assegurou. — Rezarei a Chrysa para que proteja a criança. Dia de Hidéa ou não, é um dia de setembro. Para todos os efeitos, são dias de Chrysa agora.

Soyoung sorriu para o marido. Acolheu mais o seu pequeno filho em seu abraço materno e olhou para os olhinhos ainda fechados ao mesmo tempo que seu polegar passeava em trajetórias circulares pelas bochechas ainda sujas. Abaixado ao seu lado, Hyeonjun deixou a mão deslizar num suave afago sobre os poucos fios escuros na cabeça tão pequena que quase se encaixava em sua palma.

Destino Sombrio | VminkookOnde histórias criam vida. Descubra agora