Oito: Feliz Aniversário

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Quem diria que eu apareceria aqui mais cedo do que o previsto, né?

O capítulo fluiu muito melhor do que o esperado, e talvez os próximos também possam fluir, considerando que as coisas estão começando a se desenrolar (acho que o título já dá uma boa dica, hehe)

Agradeço muito a todos que votaram e comentaram no capítulo anterior! Espero que apreciem esse aqui!

AVISO: ESTE CAPÍTULO CONTÉM CENAS DE SEXO EXPLÍCITO! CUIDADO COM OS OLHARES CURIOSOS POR PERTO!

Boa leitura! <3

🐺

Estar ligado aos mortos não era tão ruim quanto a compreensão humana costumava fazer parecer em alguns momentos.

Geralmente, as almas daqueles que se foram não costumam se manifestar para necromantes no Plano Físico, mas suas vozes ecoavam solitárias no silêncio. Quando era jovem, Seokjin tentava ouvi-las, para compreender suas angústias, seus medos e suas incertezas, mas as vozes gradativamente se tornaram mais numerosas, mais altas, e nem sempre traziam angústias simples, como as frustrações advindas de tudo o que não puderam conquistar em vida.

Muitas vezes ele ouvia simples sussurros se transformarem em gritos e lamentos sôfregos. Eram as vozes daqueles que se foram de forma precoce, dolorosa, injusta. O sofrimento deles o fazia sofrer também. Lhe tirava a paz e o sono, às vezes o faziam gritar junto a eles, afogando-o em medo e angústia.

Ele então aprendeu a se fechar para os mortos, para que estes não lhe consumissem a alma e o transformassem numa casca vazia. O silêncio que vinha não era absoluto, mas as vozes começaram a se tornar mais sutis, tão baixas que Seokjin já não ouvia os sussurros e os lamentos ressoavam distantes o suficiente para serem facilmente ignorados.

Ouvir os mortos era importante, porque eles carregavam muito mais conhecimento do que os vivos, mas mostrar a eles quem estava no comando era muito mais importante. Almas em lamento faziam de tudo para se agarrar a uma casca e poder caminhar sobre a terra novamente, mas para isso precisavam consumir a alma que ali habitava.

Ser um necromante poderia ser um tanto perigoso às vezes, mas Sizya sempre olhava por seus pupilos, para avisá-los quando caminhavam em terrenos perigosos entre os mortos e impedir que aqueles em seus domínios saíssem para caminhar entre os vivos sem serem convocados.

Quando viu todo o seu clã ser dizimado diante de seus olhos, das formas mais cruéis e desumanas possíveis, Seokjin quase foi consumido. Ouvia os gritos e lamentos sôfregos de almas inconsoladas. Revivia e sentia a dor daqueles que partiram em sofrimento. Seus próprios gritos começaram a ecoar pela noite, tão altos que capturavam a atenção dos vampiros do clã de Yoongi, sobretudo de um em específico.

Seokjin perdeu as contas das noites em que Namjoon vinha acordá-lo, preocupado com a forma como ele parecia realmente sentir dor. Perdeu a conta das noites que passava em claro, incapaz de adormecer em meio aos lamentos que ecoavam ao seu redor, consumindo sua consciência pouco a pouco.

Ele demorou a perceber que estava se perdendo, estava perdido demais para ver os sinais de Sizya, mas Namjoon não. E numa noite tempestuosa, enquanto o abrigava ardendo em febre no seu abraço frio, o vampiro trouxe Seokjin de volta a si, o puxou da escuridão em que seu subconsciente mergulhava e o ajudou a, por mais difícil que fosse, calar aquelas vozes.

No início não foi fácil. Seokjin se viu passando por inúmeras recaídas, e teve Namjoon ao seu lado para o amparar em cada uma delas. Com o tempo, os gritos cessaram, as vozes voltaram a ser meros sussurros e até mesmo estes perderam sua intensidade. Mais uma vez, Seokjin passou a só ouvir os mortos quando fosse necessário.

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