2- A partida

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        Fui para o meu quarto e abri as portas de vidro fumê que corriam pelo chão, abrindo caminho para a sacada, e me debrucei olhando todos lá em baixo. Pude perceber, que Nerian já estava dando instruções para alguns lúridos irem cuidando de Quartzo, enquanto ele estaria fora.
Eu estava animada. Finalmente eu iria sair de Quartzo. Iria conhecer pessoalmente criaturas e lugares que até então eu só vislumbrava através de paginas empoeiradas, abarrotando aquela biblioteca.
Fiquei tão empolgada. Eu tinha que comemorar. Então aproveitei a distração que consumia a todos os lúridos, e especialmente Nerian, envolvido com aquele lobo, e saí pela porta de trás da minha estrela, e voei para a escuridão da floresta novamente.
Liberdade! Oh céus, como isso fazia eu me sentir animada. Deitei de costas para aproveitar o ar frio envolvendo as plumas negras de minhas asas, resfriando também a minha pele, e fiquei pensando em como seria sair de Quartzo, conhecer lugares novos, criaturas novas, aquele luzido... Principalmente aquele luzido.
Eu não tinha nenhum tipo de experiência com o sexo masculino, mas podia apostar que aquele luzido seria a parte mais interessante da minha viagem.
Eu quase não podia acreditar que iria sair de Quartzo depois de tantos anos de confinamento. Eu iria viajar, e mesmo sem fazer a menor idéia de para onde iria exatamente, eu estava em êxtase.
Absorta nestes pensamentos de empolgação voei rápido, e levei algum tempo para perceber que além de passar dos limites de Quartzo, eu havia ido além da floresta das quadripétalas, chegando em outro pequeno distrito, que se camuflava entre a floresta de quadripétalas. Era um lugar que eu não conhecia, sombrio e silencioso. Coberto por teias nos troncos das árvores quase mortas. Ao analisar as enormes aranhas prateadas com tons de verde se movendo em silencio pelo escuro, deduzi ser o distrito de Teiarius. Já tinha lido sobre ele, com seres perigosos e traiçoeiros, onde seu único interesse era encontrar comida. Eu quase não conseguia enxergar o chão, elas estavam por todo o lugar. Meu plano era passar despercebida pelo distrito e voltar para além dele, mas não deu muito certo. Ao diminuir a velocidade do vôo, reparei em como elas se amontoavam entre si de uma forma pegajosa, e acabei não vendo os galhos secos a minha frente nos quais me enrosquei rapidamente, ficando presa em teias de aranha, grudentas e prateadas. Meu impacto contra os galhos secos fez um barulho alarmante, que alertou aquelas criaturas de que eu estava ali. Me debati contra os galhos tentando me libertar, mas minhas asas se prenderam ainda mais entre as teias grudentas.
Quando enfim consegui me soltar dos galhos, as teias que haviam se enrolado em minhas asas negras, não permitiram que eu pudesse movimentá-las, e isso fez com que eu caísse diretamente no chão, em uma queda de aproximadamente uns sete metros, o que fez um imenso barulho. Mais que depressa, arranquei as teias grudadas em minhas asas e roupas, sem me dar conta do lugar aonde eu havia caído. Um ninho, de pequeninas aranhas, provavelmente filhotes, me cercando por todos os lados.
Apesar de serem pequenas em comparação com as adultas, ainda assim eram pavorosamente intimidadoras, e se movimentavam em minha direção, encostando longas e finas pernas prateadas em mim. Senti a frenesi dos meus batimentos cardíacos, e com um movimento rápido agarrei uma adaga presa em minha perna, e arremessei contra um daqueles filhotes que estava muito perto de mim, acertando diretamente a cabecinha cheia de olhos verdes a minha frente, a lâmina de minha adaga cravou profundamente contra aquela criatura, fazendo com que uma espécie de baba gosmenta começasse a jorrar para fora do pequeno monstrinho, enquanto ele se debatia para não cair morto no chão do ninho.
-Uau! – Suspirei emocionada. Era a primeira vez que eu realmente havia conseguido usar uma de minhas adagas de forma impressionante.
Os outros monstrinhos se afastaram um pouco, me fazendo achar que eles haviam pressentindo uma ameaça, e foi quando me dei conta, que começaram a surgir aranhas maiores, vindas de todos os lados ao meu encontro, aparentemente, não tinha mais como eu conseguir sair dali. Elas eram cinco vezes maiores do que eu, com certeza uma simples adaga não me ajudaria em nada naquele momento. Por um instante senti o sangue que corria pelas minhas veias parar. Eu estava em pânico, o que me deixava imobilizada.
Não era o tipo de adrenalina de que eu precisava naquele momento. Definitivamente, não era daquele jeito que eu havia imaginado um encontro com uma criatura perigosa. Na minha mente, quando isso acontecesse, eu não ficaria acuada, e sim, seria uma caçadora poderosa. O que realmente não estava ocorrendo naquele momento.
Juntei as mãos e criei uma chama de fogo violeta de uns três metros, para afugentar aqueles monstrinhos. Era a primeira vez que eu me via em apuros e quase sem saber o que fazer. Eu disse quase. Por que eu não me entregaria facilmente àquela situação opressora.
Bom, tecnicamente, eu não sabia mesmo o que fazer, mas tentaria qualquer coisa para sair viva dali. As aranhas se afastaram um pouco, mas eu ainda podia ouvir os pequenos assovios, denunciando que havia mais delas acima de mim, descendo por teias. Uma boa idéia seria tocar fogo em todas elas, mas era um número muito grande de aranhas para que eu conseguisse fazer isso. E eu estava invadindo o território delas, não de forma intencional, mas aquilo me colocava em desvantagem. Então fiz a única coisa que me veio em mente, fechei os olhos, concentrando todo o fogo violeta que fluía dentro do meu corpo. Mas de repente, eu ouvi o assovio de uma aranha que já estava sendo incendiada, então abri meus olhos, e reparei nas chamas violetas surgindo por todos os lados, queimando algumas arranhas, e afugentando outras. Naquele momento, eu não soube se comemorava o resgate ou se chorava descontroladamente. Eram os lúridos, pior do que isso era o Nerian.
- Eileen... – ele grunhiu já parado em minha frente, observando enquanto eu tentava debilmente arrancar as teias de aranha que prendiam as minhas asas.
Eu olhei para ele com toda a calma possível, dando-lhe um sorriso – Oi?
- No que estava pensando quando veio para cá? – ele rugiu como um leão furioso.
- Bom, a princípio eu não me lembro. Mas agora, eu estava pensando em pegar fogo e sair voando. – pisquei ao sorrir para ele, mas ele não retribuiu o sorriso, apenas colocou as mãos entre os cabelos e chacoalhou a cabeça, nitidamente enfurecido. A sorte dele era que era lindo.
- Ah qual é Nerian... Você não tem nada de mais interessante para fazer? – Eu grunhi e lhe dei as costas. –Eu estava dando conta de me virar sozinha aqui.
- Eu teria algo mais interessante para fazer se você não me desse tanto trabalho, Eileen. – ele me puxou pelos braços, jogando-me sobre seu ombro, para que fossemos embora. –Eu não posso descansar um único minuto, que você já arruma um jeito de me dar dor de cabeça.
-Eu só queria dar uma volta. –murmurei constrangida –Não percebi quando cheguei até aqui.
-Não vou poder cuidar de você para sempre, Eileen. –Ele disse com aspereza, enquanto sobrevoávamos as árvores de Teiarius.
-Minhas asas não estão machucadas sabia... –grunhi me debatendo contra as costas dele. –Posso voar sozinha, Nerian.
Mas ele me ignorou completamente, me carregando como se eu fosse uma criança, até em casa.
Às vezes parecia mesmo que eu ainda era uma criança. E isso me dava nos nervos. Eu não precisava dele a toda a hora me vigiando. Era incrível, ele parecia um radar feito exclusivamente para me encontrar. Não que eu não estivesse precisando de ajuda naquele momento, mas eu gostaria de não precisar. Ele fazia com que eu parecesse um fardo. Olhei para trás, olhando os outros lúridos controlando o fogo, para não matar todas aquelas aranhas, ou incendiar a floresta e suspirei me dando por vencida, me sentindo constrangida, e agradecida ao mesmo tempo. Certamente, antes de amanhecer, todos já estariam sabendo dos problemas que a imatura da Eileen havia causado durante a madrugada. Naquele momento, sair de Quartzo com Édric me pareceu à melhor coisa a se fazer.

Quando chegamos em Quartzo, encontrei aquele lobo em minha casa, deitado sobre umas almofadas que estavam no chão da sala. Ele sorriu quando me viu entrar, mas eu apenas abaixei a cabeça e segui para as escadas de vidro fumê, que seguiam até o segundo andar.
-Espere Eileen –Nerian me chamou antes que eu começasse a subir as escadas para o meu quarto –Quero falar com você.
-Tudo bem. –murmurei desanimada, me sentando nos degraus da escada.
Nerian entrou em casa logo após agradecer e dispensar os lúridos que o ajudaram com a situação das aranhas em Teiarius. Em seguida ele passou por mim em silêncio, como se eu nem estivesse ali, eu só o observei, meio desconfiada, até que ele se sentou ao redor da mesa redonda, que havia no meio da sala, descansando a cabeça sobre os braços apoiados contra o vidro, e me lançou um olhar cansado.
- Gostaria que partíssemos amanhã bem cedo. – Disse o lobo de repente, como se quisesse evitar uma possível discussão, entre mim e Nerian.
- Estaremos prontos. – Nerian respondeu com seriedade, ainda me observando. Seus cabelos lisos e negros estavam bagunçados, o que denotava seu aspecto de cansaço.
- Talvez fosse melhor que você não fosse Nerian –Ponderei com a voz baixa, olhando na direção dele –Quartzo não pode ficar sem um responsável. É melhor você ficar aqui.
-Você é uma irresponsável, acha mesmo que eu seria louco o suficiente para mandá-la sozinha com Edric até Impoluto? – Nerian gargalhou histericamente, não disfarçando sua irritação –Acha mesmo que quero uma guerra com luzidos, ou sabe-se lá com quem mais, graças á sua falta de responsabilidade?
- Uma guerra?! – dei uma risada desafiando-o –Você realmente deveria ficar em Quartzo, Nerian.
-Sozinha você não vai, Eileen. – ele se levantou empurrando para trás a cadeira de vidro na qual estava sentado, e vindo ao meu encontro– Ou prefere que Naomi a acompanhe em meu lugar?
-E porque não?! –Desafiei, levantando e ficando frente a frente com ele.
Nós nos encaramos com rispidez por alguns momentos. Ele estava tão perto, que eu podia sentir sua respiração batendo contra o meu rosto. Eu não ia ceder. Os olhos de Nerian cintilavam de raiva, eu podia sentir seu corpo pulsando. Até que ele engoliu em seco.
-Partiremos amanhã bem cedo. –Nerian grunhiu, e se afastou abruptamente de mim. Me dando as costas quando disse –E não se atreva a sair daquele quarto novamente, porque eu estarei vigiando, Eileen.
Eu bufei de raiva, e subi as escadas indo direto para o meu quarto, batendo com força a porta atrás de mim. Tenho certeza de que Nerian ouviu o tilintar do vidro. Nerian apesar de ter apenas alguns anos a mais do que eu, às vezes parecia ser autoritário igual a um dos anciões de Quartzo. Um instinto de querer sempre estar no controle de tudo. Eu compreendia essa atitude dele devido ao posto de líder em Quartzo, pois a pressão em cima dele o obrigava a ser extremamente responsável o tempo todo. Mas isso não me incluía diretamente. Eu não precisava de uma baba. Às vezes, eu tinha a impressão, de que eu só me envolvia em situações como a de Teiarius porque Nerian não me deixava crescer.
Eu observei pela sacada do meu quarto quando Nerian e o lobo deixaram a minha casa. Apesar de eu mesma nunca ter ido à casa de Nerian, eu sabia que ficava em algum lugar de quartzo bem longe da minha. Era engraçado como ele entrava e saia da minha casa como se morasse aqui, mas nunca havia me convidado para conhecer a dele.
Fechei a porta da sacada e fui para o banheiro. Eu precisava de um banho bem quente para relaxar, depois de uma noite movimentada como aquela estava sendo. Meu banheiro era espaçoso, e assim como todo o interior da casa, ele também era feito de vidro fumê. Havia três espelhos ovais pendurados na parede lateral direita, e sobre cada um deles, havia uma luminária na cor âmbar. Havia um lavabo abaixo do espelho do meio, aonde eu deixava frascos de vidro com líquidos florais para o banho. Peguei um deles, e me direcionei para a banheira que ficava no lado esquerdo do banheiro, e enquanto a água quente a enchia derramei um liquido espumante. O cheiro adocicado preenchia o meu banheiro, e o vapor que embaçava as paredes e os espelhos, me fazia relaxar. Tirei minha roupa suja, jogando-a em um canto, e entrei na água quente, mergulhando meus cabelos que estavam embaraçados e sujos. Meu corpo inteiro doía, devido à queda naquele ninho de aranhas. Eu estava cansada, muito cansada, e nem ao menos conseguia me alegrar por estar saindo de quartzo após algumas horas de sono. Fechei meus olhos e suspirei, viajar com Nerian seria muito estressante.
Quando terminei meu banho, saí da água e me enrolei em uma grossa toalha preta, e ainda de cabelos molhados, me enfiei debaixo das cobertas na cama e adormeci.

O sol já estava nascendo quando abri meus olhos, reflexos de um amarelo dourado entravam pelas persianas negras meio abertas, vindo ao meu encontro em cima da cama. Levantei meio sonolenta derrubando todas as cobertas no chão, caminhei até as persianas abrindo-as, deixando a claridade entrar. Abri a porta e fiquei na sacada. Quartzo pela manhã, era esplendorosa, com o sol se derramando por cima das estrelas fumê espalhadas por todo o distrito, parecendo acendê-las, como se fossem grandes pontos luminosos. A sutil diferença entre a escuridão da noite anterior, com a claridade da manhã que se iniciava me deixou animada. Pude sentir o calor morno aquecendo a minha pele, me permitindo fechar os olhos, enquanto meu rosto o absorvia. O inverno finalmente havia chegado ao fim.
O céu estava límpido, em um azul vivido, com poucas nuvens que se moviam lentamente, assim como a brisa fresca da manhã que balançava habilmente os meus cabelos embaraçados. Pelas ruas de quartzo já se via alguns lúridos se movimentando. Demorei um pouco para perceber Nerian lá embaixo, de braços cruzados, escorado em uma estrela, enquanto olhava para mim. Foi então que me dei conta de que eu ainda estava de toalha, e provavelmente meus cabelos estavam totalmente bagunçados. Então, me apressei para dentro do meu quarto, fechando a porta da sacada atrás de mim.
Abri as portas do guarda roupa e peguei uma calça de couro preta, uma blusa de alça preta, e um par de botas de couro também da cor preta. Nós lúridos, tínhamos muita afinidade com roupas pretas. O vestuário escuro era quase unânime em todo o distrito de Quartzo. E particularmente, eu amava combinações as escuras.
Com a ajuda de um coldre, consegui prender quatro adagas, de laminas finas, em minha perna direita. Penteei meus cabelos, deixando-os soltos, e usei um lápis de cera preta para delinear os olhos, deixando-os muito expressivos. E para dar um toque mais leve ao meu dia, espirrei uma nuvem de perfume com essência de baunilha, dos meus frascos preferidos, e entrei nela. Era um aroma levemente adocicado. Os murmúrios já estavam intensos na sala enquanto eu descia as escadas. Minha casa já estava cheia de lúridos, causando alvoroço, logo cedo. Nerian estava dando instruções a outros lúridos para cuidarem de Quartzo enquanto ele estivesse ausente. Quando ele me viu descendo as escadas, acenou discretamente com a cabeça, em um singelo cumprimento, e então voltou sua atenção aos lúridos ao seu redor. Naomi estava ao seu lado, com o braço entrelaçado ao dele. O que sugeria que ela havia tido uma madrugada inteira para se despedir. O que não era segredo para ninguém em Quartzo. Nerian podia ignorar o fato de que Naomi era apaixonada por ele, mas mesmo assim, mantinha discretamente um caso com ela.
No final da escada estavam Yudi e Yuri. Meus melhores amigos. Eram gêmeos. Ambos de cabelos cor de mel, e os olhos assim como todos os anjos da espécie de lúridos eram de cor violeta. As feições do rosto arredondadas estavam sorridentes, enquanto me alcançavam no meio da escada.
- Eileen! – Gritaram simultaneamente.
Todos olharam para mim no mesmo instante.
-Bom dia... – resmunguei tentando ignorar os outros olhares em cima de mim.
- Nós queremos ir junto... – Yudi resmungou ao me enlaçar pela cintura. O que me fez jogar os braços envolta do seu pescoço, abraçando-o.
- Talvez em outra oportunidade ... –Sorri para ele, enquanto descíamos o resto das escadas, chegando até o centro da sala. Yuri nos acompanhou.
Olhei ao redor e avistei Edric, o lobo negro, deitado sobre as almofadas do chão novamente, assim que ele me viu, levantou-se e se voltou na direção de Nerian.
-Nerian. –Édric chamou educadamente. –Se apresse que nós temos que ir.
- Qual será o nosso destino? – perguntou Nerian, ao se virar na direção do lobo, caminhando até ele, ainda com Naomi grudada em seu braço. Eu caminhei na direção deles acompanhada de Yudi e Yuri.
- Mimoso. – o lobo respondeu com a voz rouca – Um semi-gato chamado Kayne será o próximo que iremos buscar.
- Nerian, você tem mesmo que ir? –Naomi suplicante, deitou a cabeça contra o peito de Nerian, enquanto acariciava seu rosto.
- Naomi... – Nerian suspirou com ar de cansado, afastando-se um pouco dela.
- E se algo ruim acontecer enquanto você estiver fora... –Ela resmungou, se desvencilhando dele.
- Gabriel cuidará de tudo enquanto eu estiver fora. –Nerian sorriu para Naomi. –E se houver alguma duvida, é só conlestetar os anciões, que eles saberão o que fazer. Em breve estarei de volta, não há com o que se preocupar, Naomi.
- Não vá, por favor. – ela implorou novamente. Mas Nerian apenas deu um beijo em sua testa, e se afastou.
Enfim saímos de Quartzo, com acenos de adeus. Eu estava ansiosa para chegar a Mimoso, conhecer criaturas novas. Ter aventuras. Me sentir livre. Ou quase livre, já que Nerian ainda estava por perto. Olhei na direção dele, que estava observando Edric, que andava na nossa frente.
- No que está pensando, Eileen? – Nerian olhou para mim de repente –Porque está me encarando?
-Não estou te encarando.– retruquei constrangida. –Acabei de olhar na sua direção.
-Admita Eileen. –Nerian sorriu, se aproximando de mim, ao me olhar de um jeito enigmático. –Você se sente mais segura comigo aqui.

Eileen, O despertar de um Anjo (Em andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora