Por que um coração partido dói tanto quando se é adolescente? Porchay não sabe responder, assim como não sabe se é certo sentir seu coração machucado bater um pouco mais forte quando ele se depara com aquele moreno sorridente. Com um tempo Porchay v...
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Macau
Meu pai descobriu que eu estava na mansão da primeira família assim que cheguei aqui. É óbvio que ele tinha alguém aqui dentro que passava informações a ele além do Ken. De qualquer forma tio Korn o chamou para conversar a portas fechadas. A reunião entre eles demorou tanto que me enchi de ansiedade e só não roí todas as minhas unhas porque Chay estava segurando minha mão.
Após algumas horas meu pai saiu do escritório com os olhos em chamas, porém contido. Antes de ir embora ele me lança um olhar que diz muito. Um dia eu pagaria caro por isso, depois de todos esses anos eu ainda me impressiono com esse tipo de ameaça velada. Só consegui respirar direito depois que ele entrou no carro e partiu.
— Vai ficar tudo bem Macau, hum. — Chay me diz sorrindo.
Tio Korn me chamou ao escritório logo depois que papai havia saído. Chay queria muito entrar comigo mas eu precisava enfrentar isso por mim mesmo. Foi o olhar doce dele pra mim que me encheu de coragem para entrar no escritório. Eu nunca tinha estado perto da primeira família sozinho antes, talvez por isso minhas mãos não paravam de tremer. Dentro de mim aquela sensação de culpa estava me batendo. Era como se eu fosse um traidor da segunda família e lembrar de P'Vegas não estava ajudando em nada.
— Senta Macau. — o tio me ordena. Eu apenas obedeço, embora esteja alerta a tudo ao meu redor. Meu corpo está no modo fuga ativado e ao menor sinal de que o tio vá me fazer algo ruim, estou pronto para sair daqui correndo.
— Você parece muito tenso, talvez seja minha culpa você se sentir assim, eu devia ter admitido antes que você e seu irmão precisavam de ajuda... — Tio olha pela janela por um momento como se tivesse lembrado de algo antes de continuar seu discurso.
— Não posso dizer que sei o grau do sofrimento de vocês dois embora eu tenha uma vaga idéia. Ainda assim o Kun é meu irmão e você sabe como é ter um irmão, suponho que você goste do Vegas...
— Eu amo o Vegas, ele é o melhor irmão do mundo e nunca foi como meu pai. — Digo um tanto irritado por ele ousar comparar P'Vegas a papai.
— Okay, eu entendi que você ama o Vegas, mas o que quero dizer é que seu pai fez coisas ruins assim como o Vegas e nem por isso ele vai deixar de ser seu irmão, assim como seu pai também não vai deixar de ser seu pai. Você pode ficar aqui o tempo que quiser, eu prometo que seu pai não vai fazer nada com você. Porém em algum momento você vai ter que voltar para sua casa, até lá estará seguro aqui. — Tio Korn basicamente estava me falando que estava adiando minha sentença. Quando meu pai pusesse as mãos em mim, ninguém iria me livrar. Disso eu já sabia a muito tempo.
— Tudo bem tio Korn. Eu vou aceitar ficar aqui, e agradeço, não se preocupe, eu não sou do tipo que foge pra sempre, nem do tipo que espera pelos outros. De qualquer forma obrigado. — levanto e antes de sair faço um Wai de forma respeitosa.
Ao abrir a porta meus olhos vão direto para Chay que me aguarda andando de um lado para o outro, ele sempre faz isso quando está nervoso. Eu sorrio e caminho para ele até envolve-lo num abraço. Não importa o que tenha que enfrentar depois, só por estar aqui com ele tudo vale apena.
