My Future For You ( Tomarry)

Trem

Cresci em um lar cheio de amor, fui rodeado de carinho por toda a minha infância, meus pais eram trouxas, quando recebi a carta eles ficaram muito orgulhosos, não podiam expor o orgulho diante do mundo, mas de qualquer forma eles sempre me apoiaram, Pollyana e Richards Cloud eram meus pais. 

Desta vez eu me lembrava de toda a minha vida passada, contudo, por ter nascido trouxa eu não vi o beco diagonal até o dia em que fui comprar meu material, me surpreendeu muito que naquela época os bruxos já tinham se adaptado a celulares e mídias sociais, o Instagram do profeta diário era o mais acessado, o ano era 2020, não estava no passado de fato, tão pouco no futuro, eu era uma nova pessoa, imaginei que seria mandado a 2078 mas não foi o caso, eu estava ainda na época em que eu mesmo existia. 

Um nó se fazia na minha cabeça toda vez que pensava nisso e até tinha medo de me encontrar comigo mesmo nas ruas de Londres.

Eu tinha um novo rosto, frequentemente eu também tinha visões de como Tom se parecia, acredito que Morte, tenha mudado sua face quando o fez renascer, eu não sabia aonde iria encontrar ele de fato, assim como não sabia se ele ainda era um monstro manipulador. 

Foi quando estava na plataforma me despedindo dos meus pais e o vi, não parecia ser ameaçador, na verdade tinha até traços bem simpáticos, mas quando vi seus pais tive que engolir em seco.

Estava ao lado do garoto, Lau Black, um primo distante da linhagem do meu padrinho Sirius, eu o conheci, mas não fomos nem perto de nos tornar amigos, na verdade trocamos apenas um oi, e isso foi logo após a minha aposentadoria, depois disso nunca mais o vi, ao seu lado Justine Lestrange, aquilo parecia que não ia dar certo. "A Morte deveria ter me mandado para ser filho deles, não confio em Lau, muito menos em uma Lestrange." — Pensei olhando atentamente para ambos. 

Meus pais me envolveram em um abraço firme e carinhoso, eu levaria um tempo considerável para poder vê-los outra vez. 

— Se cuide meu querido. — Minha mãe Sussurrou em meu ouvido, logo senti a face molhar por um beijo. 

— Eu vou ficar bem, prometo dar o meu melhor. — Sorri confiante. Na verdade não tinha como eu ser ruim, eu tinha minhas lembranças, ou seja eu conhecia a matéria toda. Fazer magia, era como andar de bicicleta, uma vez que aprendemos nunca mais esquecemos, bom, no meu caso as coisas foram diferentes, contudo, a premissa é a mesma.

Eu não queria parecer um perseguidor, mas de qualquer forma eu queria saber aonde Tom estava indo e se esse era seu nome, afinal o meu era Harry Cloud. 

Procurei por entre as cabines e quando me aproximei da última ele estava lá, sozinho encarando as paisagens que começavam a se mover de acordo com a velocidade do trem. 

— Posso me sentar aqui? — Perguntei um pouco receoso. 

— Tanto faz... — Me olhou de cima a baixo e notou minhas roupas. — Você é um trouxa. 

— Tem preconceito com isso? — Eu sabia que ser criado por um Lestrange não ia dar em boa coisa. 

— Não, mas eu acho seus costumes muito engraçados, alguns nem fazem sentido...— Não vai se sentar? 

— C-Claro... — fui traído pela capacidade de falar normalmente, ele não tinha preconceito? Eu tinha escutado corretamente? 

Me aproximei do assento que ficava na frente dele e fiquei olhando para a janela. 

— É seu primeiro ano? — questionou sem me olhar. 

— An, sim claro...— Olhei para ele que sorria para a paisagem, aquele seria o lorde das trevas se eu falhasse. 

— Está nervoso? — Ele virou o rosto me fitando e me flagrou olhando diretamente em seus olhos, eram verdes como esmeraldas. 

— Um pouco, eu li alguns artigos sobre o mundo bruxo, até comecei a seguir o profeta diário no Instagram, mas ainda sim, não é como se eu conhecesse esse mundo.

— O site é enfeitiçado, somente bruxos conseguem seguir e ver as publicações, o celular também é permitido na escola, mas não podemos mandar mensagens, eles querem que a tradição das corujas continue. — Ele era calmo ao falar, tinha um brilho incomum nele, senti que talvez ele não precisasse da minha ajuda, eu não precisava ser amigo dele. 

— Não perguntei seu nome... — Virei o rosto para a janela para admirar a paisagem. 

— Thomas Black Lestrange, mas pode me chamar de Tom, todos me chamam assim de qualquer modo. 

— Sou Harry Cloud... — Fingi que ainda estava admirado com a paisagem, claro, eu ia tinha feito aquela viagem muitas vezes.