Pesadelos

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Kurama deixou Gandara sem dar explicações e sem falar com ninguém. A batalha travada ali já havia terminado, deixando muitos feridos e mortos. Infelizmente, ele nada podia fazer pela maioria deles. Socorreu e ajudou aqueles que pôde, mas tinha outros assuntos para resolver. Sozinho, foi em direção às antigas ruínas em que esteve dias antes. Desde que pressentiu um humano naquela parte do Makai, havia pensado em retornar para investigar melhor e confirmar as suspeitas que ganhavam forma em sua mente.

Por isso, não desperdiçou o próprio tempo e, ao chegar na floresta em que o humano o havia despistado da última vez, seguiu direto para o ponto em que o perdeu de vista.

Ele inspecionou o local com cautela. Dessa vez, não havia nem sinal daquela presença humana. Na verdade, não havia ninguém ali. Mas se estivesse correto, encontraria uma fenda dimensional em algum lugar daquele ponto. Um portal que provavelmente o levaria para o Mundo dos humanos.

Mentalmente, refez os seus próprios passos, relembrando a perseguição. Percorreu todo o perímetro do espaço por ele delimitado, examinando as árvores vividas, as folhas verdes que se misturavam à terra fresca e úmida no chão e os cipós que se moviam de um lado a outro como uma cortina em meio à vegetação.

Foi por pouco que não caiu na abertura escondida por debaixo de um tapete de gramíneas verde-musgo. Ao dar um passo para frente, o seu pé ficou suspenso no ar e uma força repentina o puxou para baixo. Antes que caísse, porém, ele conseguiu se libertar da sucção, recuando para onde estava anteriormente.

Enfim, havia encontrado a rota de fuga daquele humano. Mas ele sabia que a pessoa não simplesmente tinha caído ali por acaso. Seja lá quem fosse, estava deliberadamente transitando entre os dois mundos. Não era como os demais humanos que entravam no Makai sem querer e que precisavam ser resgatados pelos patrulheiros.

Esse humano tinha um propósito no Makai. E também sabia controlar o seu reiki, caso contrário, não suportaria a atmosfera tóxica do mundo dos demônios.

Sem saber exatamente para onde iria, Kurama se preparou para adentrar à fenda dimensional. Quando o fez, a realidade inteira se distorceu por alguns segundos, deixando-o zonzo. Ainda assim, preparado, ele caiu habilidosamente sobre o solo, evitando quaisquer danos provocados pela altura da queda resultante da viagem deturpada.

Olhou ao seu redor, constatando o óbvio. Estava no Ningenkai, do alto de uma colina que lhe permitia observar o belo pôr do sol alaranjado no horizonte. Não havia civilização ali. Somente uma vasta e infinita natureza. Havia a vegetação local, flores queimadas pelo frio extremo e uma barulhenta e enorme cachoeira que culminava no extenso rio que corria abaixo dos planaltos.

Para ele, porém, não importava exatamente onde estava, mas sim o que tinha acabado de encontrar ali.

Dezenas de outros youkais se encontravam no local. Despreparados, caíram ali não intencionalmente, é claro. Se ele mesmo quase foi puxado pela fenda dimensional escondida, outros demônios com certeza passaram pelo mesmo.

Mas diferente de Kurama, todos estavam mortos. Assassinados da mesma maneira e possivelmente pela mesma pessoa. Com um único ferimento letal e preciso no núcleo.

Ao examiná-los, não lhe restava dúvidas sobre a identidade de seu mais recente adversário. Suas suspeitas estavam corretas e ele até podia arriscar um palpite sobre as intenções desse humano.

Mas não podia agir sozinho. E, por isso, mais do que nunca precisava retornar ao Makai. Encontrar Kiara, Kuwabara e Yukina era prioridade.

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Yu Yu Hakusho - A Saga dos DeusesOnde histórias criam vida. Descubra agora