Amado Escritor - Livro 2

04-Jantar

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Lírio

Depois de fazer uma faxina completa onde eu joguei fora todas as garrafas de vinho vazias, o meu bar pessoal estava vazio e tinha aproveitado para fazer compras de supermercado pelo aplicativo já que a minha geladeira e dispensa estavam vazios, era complicado pensar em como a minha vida que antes era tão bem controlada e tão feliz, tinha se tornado um emaranhado de álcool e comidas congeladas.

Após fazer tudo que eu precisava me encontrava deitado na banheira enquanto a água quente relaxava os meus músculos, estava pensando sinceramente em uma forma de não ir até esse jantar que prometia ser bem desastroso, já que afinal era um jantar onde eu não queria conhecer a pessoa a minha frente mesmo que eu pudesse admitir que ele tenha sido um cavaleiro em me trazer para casa e me impedido de dar um vexame para aqueles abutres que se denominava jornalistas de fofocas usarem a minha imagem durante meses dizendo, dizendo que eu estava completamente surtado após a morte do Apolo ou desaparecimento dele, já que como não me encontraram o corpo dele deram como desaparecido.

Escuta a porta do meu quarto se aberta e posso adivinhar e apostar comigo mesmo que a Martha está lá, saio de dentro da banheira e me seco rapidamente colocando um roupão e ela fala depois deixar uma caixa preta sobre minha cama.

_ Como eu sei que você tentaria achar alguma forma para não ir até o jantar, eu preparei o look e ainda por cima vou te dar uma carona até o restaurante, diga que eu não sou a sua melhor amiga e melhor assistente do mundo? - Ela fala com o tom de voz irônico que eu conheço tão bem e falo olhando sério pra ela, depois de revirar os meus olhos pra ela.

_ Claramente eu poderia te demitir hoje e te contratar amanhã pela manhã Martha, para evitar esse jantar que vai ser desastroso, porém não posso negar que você é a minha melhor amiga e a melhor assistente do mundo.

_ Acredite em mim quando a Anna me ligou me contando que o cara misterioso do bar tinha te convidado para jantar, eu fiquei completamente eufórica porque hoje é o dia dos namorados e você merece conhecer alguém legal mesmo que não seja romanticamente Lírio, você precisa viver.

Olho para ela percebendo só agora que é o dia dos namorados na cidade e percebo como a minha vida andou de uma forma que eu não consegui mais acompanhar um calendário normal e falo olhando para a caixa preta.

_ O que tem aí dentro Martha?

_ Eu sei que você usaria roupas pretas por conta do seu luto, mas oficialmente eu estou te tirando dele hoje com um look despojado e no tom azul marinho que fica lindo na sua pele.

Não a respondo, enquanto ando até aquela caixa e ao abri-la me deparo com uma calça jeans azul marinho, um suéter azul marinho com detalhes em branco e um mocassim azul petróleo e questionando olhando para as peças.

_ Quanto tempo eu ainda tenho?

_ Vinte minutos e estou te esperando na sala, eu te amo. -Ela cantarola essa última parte enquanto saem do meu quarto, fechando a porta atrás de si e apenas respiro fundo me arrumando para esse jantar que eu faria durar apenas o necessário, pego a minha carteira e celular saindo do meu quarto e vejo a Martha eufórica, ela fala me olhando.

_ Você está muito bonito e acho que Sean vai cair duro quando te ver.

_ É bom pelo menos eu não vou ter que lidar com ele.

_ Só melhore esse humor Lírio, por favor.

_ Só vamos Martha.

Martha concorda comigo mesmo que a contragosto, eu sabia que ela queria que eu ficasse bem, mas não seria um jantar com um desconhecido que faria isso acontecer, não é? Penso sobre isso enquanto tranco a minha casa indo em direção ao carro da Martha que fala enquanto dirige.

_ A irmã do Apolo tem ligado todos os dias.

Engulo em seco tenho evitado a Anna como evitava me olhar no espelho, ela tinha perguntas demais e que eu não podia responder, mesmo que eu tenha omitido o fato do Emment ter atirado no Apolo do mundo, eu iria fraquejar se a visse pessoalmente e não podia cometer erros, mesmo que custasse a minha sanidade e falo olhando para a rua iluminada.

_ Só diga a ela que vou entrar em contato quando estiver bem Martha.

_ Ela não está bem também Lírio, acho que você precisa conversar com ela de uma vez.

_ Ela vai me fazer perguntas que eu não posso responder Martha.

Ficamos em silencio enquanto tento suprimir as lágrimas que insistem em cair dos meus olhos, a dor era dilacerante porque eu sabia que o Apolo tinha sido baleado e quem tinha feito aquilo, mas onde ele estava? Essa pergunta estava sem respostas a meses.

O carro é estacionado em um restaurante pequeno de comida italiana e agradecia por ser em um lugar mais reservado, longe de jornalistas e Martha avisa.

_ Sean vai te levar para a casa, porém caso você se recuse a vim com ele, terá um táxi esperando por você aqui fora. As reservas estão no seu nome e ele já está esperando você.

_ Obrigado e eu te amo Martha.

Saio do carro andando em direção ao restaurante sentindo o meu corpo implorar para voltar para a minha casa e para a minha cama, ao entrar no restaurante vejo o Sean e caminho até ele respirando fundo e falo me sentando de frente pra ele.

_ Achei que nunca mais veria a sua cara Sean Andreas.

_ Bom eu fiquei ansioso pra ver você novamente Lírio Santiago. -Ele diz com um sorriso divertido que me irrita e falo tentando manter a minha paciência com ele.

_ Não pense que eu quero ser seu amigo, porque não quero Sean e esse é o nosso primeiro e último jantar juntos.

_ Eu adoraria discordar de você, mas eu gosto de desafios difíceis Lírio e esse é o primeiro jantar de muitos. Podemos pedir os drinks?

_ Vou ficar só no suco mesmo Sean .

Ele concorda com a cabeça enquanto chama o garçom pedindo conhaque pra ele e suco de laranja pra mim, agradeço o fato dele não fazer nenhuma menção ao dia que nos conhecemos e pergunto enquanto olho o cardápio.

_ E o que está fazendo aqui na cidade Cage?

_ Bom digamos que estou estudando a compra de alguns pontos de petróleo por aqui, é sempre bom expandir os negócios.

_ Certo Sean e porque petróleo?

_ Porque não petróleo? Está na família a anos e estou dando continuidade nos negócios da família.

_ Faz sentindo Sean. -Falo isso encerrando o assunto, olhando para o restaurante que está vazio e Sean fala chamando a minha atenção.

_ Reservei o restaurante para nós, quis ter você brilhando apenas pra mim Lírio.

_ Sean eu não estou afim de sexo casual ou nenhum relacionamento. - Digo resolvendo ser sincero com ele sobre isso, antes que ele crie expectativas frustradas sobre mim e Sean responde segurando a minha mão sobre a mesa, olho para a mão dele me olhando.

_ Não se preocupe com isso Lírio, eu não estou aqui por isso e sim porque a sua presença é um enigma pra mim.

_ Obrigado Cage. - Agradeço sorrindo sincero pra ele que sorri pra mim, os meus olhos vão para a porta e vejo o Apolo na calçada olhando pra mim e o meu sorriso se transforma em desespero. O Apolo estava ali? O meu Apolo estava vivo? me levanto correndo em direção a porta e ao abrir, olho ao redor, mas ele não está mais ali e ando pela rua tentando encontra-lo, mas não tem ninguém ali e as lembranças dele comigo me batem com força e consigo escutar os barulhos de tiros me deixando sem conseguir ouvir direito, as lágrimas já estão descendo pelo meu rosto e me sinto tão perdido.

O meu corpo esta paralisado ali, vejo o Sean aparecer na minha frente e falar comigo, mas não escuto nada do que ele diz e ele me abraça, me deixo cair finalmente nos braços dele e tudo o que sofri em silencio saem em soluços doloridos.