Second Life | Sevmione

26

Nas semanas que seguiram a conversa através do quadro, Hermione, Harry e Ron tinham se realocado diversas vezes, montando acampamento em várias áreas florestais. Harry havia se tornado apto à lançar os Feitiços de Proteção e de Disfarce ao redor do acampamento, mas Ron era o menos capaz ou incapaz até de tentar. Ela e Harry concordavam que isso se dava em grande dimensão por causa da Horcrux. Eles usavam o pesado medalhão de prata em turnos, trocando entre eles a cada seis horas, mais ou menos. Quem estivesse de vigia carregava ele por mais tempo, visto que nenhum deles gostava de dormir enquanto estivesse usando. Era ruim o suficiente acordado, mas... os pesadelo. Ela tinha sido a primeira a descobrir na noite em que conversou com Snape. Depois dela sacodir Harry até que ele acordasse e o colocar em vigia, ela caiu em sua cama e dormiu quase que instantaneamente. Talvez parte disso fosse por que tinha atingido seu limite com todo o nervoso e adrenalina que tinham passado. Ou talvez foi por que a Horcrux queria que ela dormisse, queria poder escorregar para a sua mente sem defesas e encontrar os piores segredos escondidos nela.

Pensando melhor sobre, os sonhos não significavam muito: imagens desfocadas em que ela via a Marca Negra queimar em seu antebraço esquerdo e ela sabia que ela quem tinha escolhido isso, ela tinha traído a todos; visões em que Snape caía se contorcendo e sendo torturado em sua frente, enquanto ela gritava, e Harry e Ron riam; paisagens horríveis de terras áridas e árvores enegrecidas; do castelo, desintegrado e em chamas; de localizar seus pais e abrir a porta da sua casa para os encontrar atolados em sujeira e excrementos – estando vivos, mas loucos. Mas, na escuridão da noite, na floresta, os pesadelos a perseguiam e a deixavam ofegante, escorregadia de suor.

Ela acordou, num susto, e procurou por sua varinha, gritando:

"Lumos!"

Ron se levantou da cama, do outro lado do quarto.

"O que? Jáéomeuturno?"

Apesar da visão normal do seu rosto, Hermione quase gritou. Enquanto tentava explicar à Ron o que havia acontecido, cuspindo as imagens repugnantes, na esperança de que fossem esquecidas pelo som familiar da voz dela e pela presença de seu amigo, ela sentiu – e podia jurar que tinha sentido – o tremor do medalhão. Como se risse. Como se estivesse rindo dela. Ela arrancou a corrente de seu pescoço.

"É isso! Foi essa merda horrível", ela chorou e jogou o colar longe, para o outro lado da barraca. Ron o pegou e deslizou sobre a sua própria cabeça, atravessando o quarto para sentar na beirada da cama dela.

"Está tudo bem, Hermione", ele disse. "Foi apenas um sonho."

"Não, não foi apenas um sonho. Estamos em guerra, Ron! Hoje quase fomos mortos. E agora estamos presos em uma tenda na floresta, nos escondendo como... como ratos."

"Como ratos?" Ron disse, erguendo uma sobrancelha.

"Sim, os ratos se escondem", ela disse, um pouco envergonhada. "Você sabe... De corujas e coisas?"

Ron começou a rir, embora tentasse disfarçar, tossindo em sua mão.

"Eu sei que parece engraçado, mas eu sonhei, Ron", ela disse, e então as lágrimas vieram, quentes e ardentes, "eu sonhei que estava morrendo. Eu sonhei que o Snape havia nos encontrado e que ele..." ela não conseguiu terminar.

"Shhh..." Ron murmurou e a abraçou, a diversão desaparecendo de seu rosto. "Está tudo bem. Você está em segurança. Snape não a encontrará aqui. Você é brilhante, lembra? Você fez isso tudo para que ninguém possa nos encontrar. Parece horrível agora, eu sei, mas os pesadelos se foram. Eles sempre se vão."

"É essa Horcrux", ela soluçou. "Eu sinto como se ela estivesse me comendo, como se comesse o meu coração."

Ron pegou o medalhão entre os dedos e fez uma careta.