Por um minuto

326 47 39
                                    


Esse capítulo é dedicado para as meninas lindas que comentaram no último capítulo. Obrigada pelo carinho e, continuem comentando. Vocês são incríveis! ❤️
E vamos ao capítulo de hoje
[...]
Por Danilo
Certo, eu estou nervoso! Não um pouco nervoso, como naquelas provas que fazemos na escola com aquele professor carrasco e, precisamos passar, aquelas que nos fazem ter dor de barriga e, ir ao banheiro urinar de 5 em 5 minutos. O que eu sentia ia além disso, era como se todo o meu corpo tremesse e, eu tentasse inutilmente manter a calma.
Maraísa estava no banco de trás do carro, gritando de dor e, sangrando pelas pernas, Maiara estava ao lado dela, segurando sua mão com força, enquanto Marília estava na frente comigo, tão apreensiva e desesperada quanto eu.
Elas haviam acordado com os gritos histéricos de Maraísa de dor, enquanto eu beijava e acariciava seu ventre. Eu estava em paz, recordando de tudo que havia feito naquele corpo, com aquele pele, que não conseguia prestar atenção em mais nada, até que sua voz me interrompeu, chamando-me a realidade. Ela estava ganhando nosso filho! Nosso presente! Ela teve nove meses para se acostumar com a ideia de ser mãe, ao passo que eu tinha descoberto isso há algumas horas. Seria um bom pai?
Maraísa começou a chorar de dor e, eu fiquei estático na sala a encarando, como se a tivesse vendo pela primeira vez, pensando no que fazer. Marília foi a primeira acordar com os gritos de dor da amiga e, assustou-se ao me ver na sala, parado, com o olhar longe e, assustado.
Certo, eu nunca tinha visto uma mulher entrando em trabalho de parto e, nunca imaginei que minha primeira vez seria com Maraísa, a mulher da minha vida, que estava dando a luz a minha filha. Isso era demais para minha cabeça. Vê-la sentindo dor fez com que meu mundo desmoronasse e, por um instante eu sentia que fosse desmaiar.
"O que faz aqui?" Marília me perguntou surpresa, eu havia me esquecido da presença dela.
"Vim conversar com Maraísa" Disse tentando encurtar a história
"Ela não precisa de você" Falou séria " Pode ir embora!" Resmungou "Você já fez com que ela sofresse demais!"Finalizou. Eu suspirei. Eu não iria embora, não quando minha filha e mulher estavam precisando de mim! Eu odiava tudo relacionado a hospitais, mas, eu não deixaria que elas ficassem na mão.
"Eu vou ficar!"Disse "É a minha filha!" Falei e ela me encarou.
"Ele tem direito Marília, é a filha dele!" Maraísa falou juntando todas as forças dela. Eu me aproximei e a peguei no colo com cuidado, carregando-a até o carro.
"Aonde você vai?" Marília disse
"Levar minha mulher ao hospital! Minha filha vai nascer!" Marília me olhou incrédula. Só depois me dei conta que eu tinha dito Minha mulher, me referindo a Maraísa. Dei de ombros, a boca fala o que o coração está cheio.
Uma Maiara veio atrás de nós completamente desesperada, ela correu até a irmã, que estava deitada no banco de trás do carro e entrou, segurando suas mãos.
"Estou aqui com você" Ela disse "Nós três juntas sempre!" Ela disse e, eu percebi que Marília estava atrás dela com as coisas de maternidade. Maraísa deu um sorriso fraco.
"Dói muito!" Ela falou "Como se meu corpo estivesse em chamas!" Finalizou e eu senti pena, não queria que ela passasse por isso. Pega leve, Isa! Não faça a mamãe sofrer! Pensei enquanto colocava o cinto e, entrava no carro. Marília entrou ao meu lado.
"Não precisamos de você!" Falei nervoso, ela virou os olhos.
"Não precisamos de você! Seu mentiroso infeliz!" Disse nervosa. Eu estava a ponto de começar uma discussão quando escutei a voz frágil de Maraísa, ela parecia fazer força para falar.
"Se a Marília não for, eu desço do carro!" Disse e eu pude sentir a dor que ela estava sentindo.
Comecei a dirigir, Marília me apontou o caminho do hospital onde teoricamente Maraísa daria a luz, mas eu fiz um caminho completamente diferente.
"Para onde você está indo, infeliz?" Ela disse nervosa
"Eu não quero que a minha filha nasça em qualquer hospital! Vou levar ela para o melhor da cidade!" Disse, Marília se ajeitou no banco, cruzou os braços e, ficou quieta.
Eu sabia que ela só estava defendendo sua amiga e, no seu lugar eu faria a mesma coisa. Cheguei a conclusão que não havia agido certo com Maraísa e, se eu tivesse dito a verdade desde o início as coisas seriam diferentes. Talvez agora nós dois estivéssemos juntos e felizes e, não naquele clima estranho, onde eu me declarava e dizia que largaria tudo por ela, enquanto ela me ignorava como se eu não fosse ninguém. Todavia, ela havia confessado que tinha sofrido por mim, que tinha estrado em depressão e, isso já dava certas pistas de que, ela também sentia algo, caso contrário não se comportaria desse jeito. Ademais, a forma que ela estremeceu quando eu toquei seu ventre demonstrou que, ela sentia falta do meu toque, como se ele fosse de alguma forma, importante para ela. Isso o dinheiro não compraria! A respiração ofegante dela, os olhos fechados, como se recordassem das muitas noites onde éramos apenas nós dois e, nossos corpos, nos amando intensamente. Ah! Como eu sentia falta disso! Como eu queria que esse sentimento voltasse!
[...]
Eu desci do carro ainda anestesiado, havia chegado ao hospital e, Maraísa não tinha parado de gemer de dor um minuto sequer. Por vários instantes eu achei que fosse perdê-la e isso fez com que eu dirigisse feito um louco. Mas você já a perdeu, Danilo! Ela não é mais sua! Algo me dizia, mas eu tentava a todo custo ignorar! Ela tinha que estar viva, por nossa filha e, por mim também! Porque eu não saberia mais ver o mundo sem ela nele. Deus, eu ainda a amava!
Contei a um enfermeiro que minha esposa estava dando a luz e, ele correu até o carro com uma maca e alguns outros profissionais atrás dele. Eu fui junto, correndo, como se fosse um médico, sem me dar conta que, novamente eu havia dito que ela era minha esposa, quando na verdade, ela não era nem minha amiga. Colega?! Talvez, isto é, se ela aceitasse essa nova condição.
Eles a pegaram e, a levaram em direção a uma sala, Maiara estava nervosa, Marília andava em círculos e, eu sentia como se o mundo fosse acabar naquele momento. Ajoelhei-me no chão nervoso e, comecei a entoar todas as rezas que eu tinha aprendido. Os olhos fechados, Maiara e Marília pegaram em minhas mãos e, começaram a fazer o mesmo.
"Por gentileza, o marido de Maraísa!" Um enfermeiro disse na recepção. Maiara soltou minha mão e, Marília fez o mesmo. Eu estava tão nervoso que fiquei parado. O enfermeiro veio até mim, pegou minha mão, ajudando-me a levantar. "Você é o marido dela?" Ele perguntou calmo olhando em meus olhos. O que eu diria? Não era, mas queria ser?
"Sou eu" Falei trêmulo
"Me acompanhe" Ele disse e eu fui atrás dele, sentindo o olhar das meninas me fuzilando, como se eu tivesse cometido um crime.
Maraísa estava deitada em uma maca, sendo monitorada por diversos aparelhos, ela estava desperta e, parecia estar assustada. Caminhei até ela receoso.
"Como você está?" Perguntei "A dor passou?"
"Eles me examinaram, disseram que a bebê está sentada, então vou precisar fazer uma cesariana" Explicou" O anestesista acabou de aplicar a anestesia e, estão esperando a liberação do bloco cirúrgico" Falou "E eu estou com medo" Ela disse baixo, mas eu consegui escutar. Eu conseguia sentir que ela estava assustada, era tudo muito novo para ela.
"Eu estou aqui com você!" Disse me aproximando e segurando sua mão direita. Ela estava gelada, provavelmente ela estava nervosa. Maraísa suspirou e, eu involuntariamente, comecei a fazer carinho em seus cabelos, ela fechou os olhos, parecendo acalmar-se.
"Como vamos fazer com ela?" Maraísa perguntou "Não queria colocar juízes no meio disso tudo, sinceramente podíamos resolver apenas entre nós dois" Ela estava falando da guarda de Isabella e, eu suspirei. "Eu fico com ela durante a semana e, você aos fins de semana e, a gente vai intercalando. Nesse primeiro momento, ela passaria mais tempo comigo, por conta da amamentação, mas depois, podíamos combinar" Ela disse sincera.
"Honestamente eu não queria isso." Falei "Eu acho que ela precisa de nós dois em tempo integral. Eu não posso deixar você sozinha e pegar a minha filha apenas aos fins de semana. Eu não posso te sobrecarregar!" Disse "Sem contar que, eu não aguentaria ficar muito tempo longe dela" Finalizei
"Você terá outros filhos, com a sua esposa. Filhos legítimos e, não uma bastarda" Ela disse triste
"Isabella é minha filha legítima. Por que para mim, meu casamento com Maggie não vale nada, é só um papel, eu não a amo, não a quero! Prefiro você, mil vezes você!" Eu disse e ela sorriu. Eu não conseguia acreditar no que estava vendo e, sorri junto. Ela percebeu e fechou a cara, eu a havia desarmado!
"Não vamos confundir as coisas Danilo, o que tivemos foi passageiro" Ela disse olhando firme nos meus olhos "Você merece alguém a sua altura, alguém que não seja pobre e simples como eu" Finalizou e lágrimas correram pelos seus olhos. Eu percebi pelos monitores que os seus batimentos cardíacos aumentaram e, eu decidi que precisamos mudar de assunto.
"Isa, o coração da gente não é banco para guardar dinheiro, ele guarda sentimentos" Disse acariciando seu rosto, ela pareceu se acalmar e, me olhou fixamente. Entramos em uma espécie de transe, onde pareciam haver apenas nós dois. Eu me aproximei vagarosamente dela, agora com os olhos fechados e, ela pareceu não se importar. Estávamos prestes a colar nossos lábios quando a porta desse abriu.
"Hora de conhecermos essa garotinha!" O médico disse entrando na sala "Como os papais estão? Preparados?" Ele disse animado. Eu queria soca-lo. Como você queria que eu estivesse? Se não fosse você eu a teria beijado! Depois de nove meses, sentir o gosto de seus lábios era tudo que eu mais queria, tudo que eu mais havia sonhado!
[...]
E ela foi para a sala de cirurgia comigo segurando sua mão, estávamos tão nervosos que, eu sentia como se meu coração fosse parar de bater a qualquer minuto.
Eu sentei-me ao lado dela, fazendo carinho em seu rosto. Aquele momento era nosso, de nós 3 e, eu estava estranhamente feliz em estar ali.
Maraísa me encarava pensativa, como se pensasse em tudo que estava ocorrendo, eu percebia pelo seu olhar, que ela estava muito longe dali. Eu queria saber o que ela estava pensando, todavia me limitei a fazer carinho em seus cabelos negros, que estavam cobertos por uma touca branca.
"E se eu não for uma boa mãe?" Ela perguntou baixinho para mim
"Você será a melhor mãe de todas" Respondi
"Como você pode ter certeza disso?" Ela perguntou
"Eu apenas sei. Você é carinhosa com quem você ama. Você cuida bem daqueles que se importa e, você é empática com todos, mesmo eles pisando em cima de você" Disse e ela sorriu. Novamente, outro sorriso. Será que ela estava me perdoando? Será que ela estava cogitando voltar para mim? Será que ela me amaria novamente? Não brinque com meus sentimentos, Maraísa! Você está brincando com fogo! Pensei.
Estávamos tão concentrados um no outro que fomos despertos do transe pelo choro alto de Isabella.
"Seja bem vinda" O médico disse feliz "Como ela vai se chamar?" Ele perguntou
"Isabella" Falamos em uníssono. Maraísa chorava e, eu senti meus olhos marejados. Aquela criança era o fruto do meu amor por aquela morena, a prova viva de que eu há havia a amado um dia e, ainda continuava amando.
Uma enfermeira trouxe ela até Maraísa que chorou ao vê-la, acariciando seu rostinho com cuidado, eu fiz o mesmo e, nossas mãos se tocaram, sem querer. Mas isso foi o suficiente para que choques elétricos percorressem meu corpo. Maraísa sorriu sem graça e, tirou a mão rapidamente dali, beijando a testa da filha com cuidado.
Eu estava tão feliz que sentia como se o mundo tivesse parado, como se tudo estivesse finalmente entrando nos eixos.
Levaram Isabella para fazer os testes, comuns para bebês que acabaram de nascer, enquanto eu continuei na sala com Maraísa, ela ainda chorava e, eu limpava suas lágrimas com meus polegares.
"Ela é linda!" Ela falou emocionada
"Tão linda quanto você" Disse
"Danilo, você me ama tanto assim?" Ela perguntou
"Tanto que chega a doer. Se eu pudesse voltaria no tempo e não erraria mais, pois meu erro me custou o nosso amor, e eu não me perdoarei por isso" Disse e ela suspirou.
"Mas você tem a Maggie" Ela disse
"Eu não a amo" Falei
"Então por que se casou com ela?" Ela perguntou
"Por que ela foi a única que me ajudou quando eu estava na maior crise depressiva de toda a minha vida. Ela esteve comigo quando eu estava sofrendo, por ter perdido você" Expliquei "Mas por mais que eu tente, não consigo amá-la" Conclui e ela sorriu de novo. Deus isso deveria ser algum tipo de recorde! A mulher que não dava a mínima para mim há horas atrás sorria abobalhada como uma doida. Ela estaria se apaixonando novamente?
"Se não conseguiu até agora, porque continuar tentando? Há outras pessoas que dariam a vida para estar com você" Ela disse e eu senti a indireta, tive vontade de conversar mais, de dizer que eu iria me separar de Maggie hoje mesmo, assim que chegasse em casa, contudo, não tive tempo. Maraísa desfaleceu em minha frente e, os aparelhos apitaram. Eu surtei! Estava desesperado! Eu estava perdendo-a?
"O que houve? Por que ela está assim?" Perguntei desesperado para o médico
"Ela teve uma hemorragia uterina, mas estamos resolvendo" O médico disse tranquilo, como se a mulher da minha vida não estivesse morrendo na minha frente.
"Ela vai sobreviver?" Eu perguntei já chorando "Pelo amor de Deus ela vai ficar bem, né?" Eu pergunto desesperado. O médico não respondeu de imediato.
"Estamos fazendo todo o possível. Agora, acho melhor você sair da sala! Enfermeira, acompanhe-o até a porta!" Ele disse e uma enfermeira estendeu o braço para mim, para que eu saísse dali.
Eu não podia deixá-la! Eu não iria deixá-la! Não agora que as coisas pareciam estar nos eixos!
[...]
"Ela teve uma menina!" Eu disse para uma Maiara e uma Marília que me olhavam nervosas "E ela é linda" Falei. As duas me abraçaram, até mesmo Marília parecia mais calma, como se esquecesse que há horas atrás estava querendo me matar.
"E a Maraísa, como está?" Droga eu tinha me esquecido! As lágrimas vieram com força novamente e, as meninas perceberam.
"Ela morreu?" Maiara perguntou aflita
"Não, mas teve uma hemorragia no parto" Falei "E o médico estava reparando" Finalizei choroso "Eu não posso perdê-la de novo!"
Maiara me abraçou, enquanto Marilia me encarava séria, ela parecia querer dizer alguma coisa, mas não era o momento.
[...]
Após cerca de 30 minutos aguardando junto com as meninas, o mesmo médico de outrora se aproximou de nós, eu estava tão nervoso, que sentia que ia cair a qualquer momento. Maiara segurou meio braço e, juntos caminhamos até ele.
"Maraísa está bem!" Ele disse "A hemorragia foi resolvida e, ela está na sala de recuperação" Ele continuou e eu suspirei aliviado como se um peso saísse das minhas costas.
"Obrigado" Eu disse chorando de alívio "Muito obrigado por salvar a vida dela, eu não aguentaria ver minha filha crescer sem ela! Ela não merece isso! Eu não mereço isso!" Disse e ele sorriu. Maiara me olhou perplexa, enquanto Marília permanecia de cara fechada, como se tudo que eu dissesse fosse grande mentira.
"Nós podemos ir vê-la?" Eu perguntei
"Ela ainda está muito frágil, mas pediu para ver sua irmã" Ele falou calmo. Maiara exultou de alegria e, eu me senti triste por ela não ter me escolhido. Talvez ela tivesse medo de me encarar depois de tudo. Talvez ela estivesse arrependida pela indireta de outrora, talvez ela não me amasse, mesmo.
"Você deveria ir para casa" Marília disse sentando-se em uma cadeira e fechando os olhos "Seu show já acabou por hoje!" Ela falou. Eu bufei.
"Por que tanto ódio de mim Marília? O que eu fiz para você?" Perguntei
"Para mim você não fez nada, mas machucou minha amiga, a tratou como um lixo, não se importou com os sentimentos dela, mentiu para ela. E agora vem dar uma de papai do ano. Ah eu amo a minha esposa! Ela disse imitando a minha voz "Se toca Danilo, você não é nada para ela! Ela passou nove meses sofrendo por causa de você! Nove meses, os quais não são nove dias!" Continuou "Sabia que tinha dias que eu achava que ela ia morrer? Pois ela estava tão frágil e, se alimentava tão pouco que eu achei que ela não aguentaria muito tempo! E tudo isso por amor a você. Por que infelizmente ela te ama Danilo!" Ela disse "Fazer o que se ela te ama!" Finalizou com um suspiro. Eu olhei para baixo.
"Ela também errou comigo, Marília, sua amiga não foi uma santa, ela me escondeu uma gravidez. Se eu soubesse que ela estava grávida eu teria ficado com ela, na verdade eu ficaria com ela de qualquer forma, mas não se esqueça que foi ela que me abandonou" Disse
"Por que a sua namorada procurou ela e, contou-lhe tudo. O que você queria que ela fizesse? Continuasse com você fazendo o papel de amante? Encobrisse a sua mentira? Sua namorada foi extremante grossa com minha amiga, diga-se de passagem. Ela a forçou a escrever uma carta!" Marília disse nervosa.
"Eu não sabia disso. E vou resolver essa situação. Eu vou me divorciar dela! Acabar com tudo isso! Eu prometo!" Falei
"Certo e aí você se divorcia e, faz o que? Corre para os braços de Maraísa? Pede perdão? E se ela não quiser voltar para você? Acha que é fácil assim Danilo, que a magoa passa tão facilmente? Como se fosse um rabisco que você apaga com borracha e tudo volta ao normal? Me poupe!" Falou, ela estava nervosa, e eu estava ficando mal ao vê-la jogando tudo aquilo na minha cara.
"Eu só quero cuidar delas!" Falei "E ficar com Maraísa, eu amo a sua amiga Marília, se pudesse eu voltaria atrás, mas não posso!" Disse
"Antes de cuidar delas, você precisa cuidar de você! Procure sua esposa, converse com ela, termine tudo, peça o divórcio e, depois você corre atrás da Maraísa. Limpe sua barra primeiro, para depois vir atrás da minha amiga, ela já sofreu demais por você!" Ela disse "E não merece mais passar por isso!" Falou
"Eu só quero passar essa noite com ela, para ela saber que eu estou aqui" Disse
"Ela sabe que você está aqui, mas se eu conheço minha amiga, ela está confusa, precisando pensar. Além de que ela está dopada de medicamentos. Você esqueceu que ela fez uma cirurgia? Que acabou de dar a luz? Ela não está em condições de resolver nada agora, muito menos questões amorosas" Ela disse. A racionalidade de Marília me amedrontava.
"Você acha que ela vai me perdoar?" Perguntei
"Você acha que deveria ser perdoado?" Ela devolveu a pergunta. Eu respirei fundo, me despedi dela com um aperto de mão e sai dali, pensativo.
Eu odiava estar sendo colocado como o culpado da história, quando a culpa completa da situação não era minha, afinal de contas, Maraísa também tinha errado. Todavia, se para ficar com ela eu precisasse assumir a culpa de tudo, eu assumiria. Contanto que eu ficasse com ela. Ah Maraísa! O que você faz comigo?
[...]
Cheguei em casa exausto e, encontrei uma Maggie sentada no sofá furiosa.
"Aonde você estava, Danilo?" Ela me perguntou me fitando dos pés a cabeça
"No hospital, assistindo ao parto da minha filha, com a mulher que eu amo e, que você a tirou da minha vida!" Falei nervoso, ela me olhou surpresa.
"Não acredito que você reencontrou essa mulher!" Ela disse nervosa
"O destino nos ajuda quando estamos predestinados a ficar com alguém" Disse "E eu estou predestinado a ficar com Maraísa, por isso, quero o divórcio. E se você não aceitar por bem, farei as coisas no litigioso!" Disse "O que eu não consigo entender é como você sabia aonde ela estava hospedada?" Falei
"Vi no seu histórico de compras pelo cartão" Ela disse "Eu só estava tentando te poupar, você não merece aquela cantorazinha!" Falou com desprezo.
"Eu não mereço você!" Disse "Agora me deixe em paz! Amanhã vou procurar o meu advogado e, se você tentar de novo fazer qualquer coisa para me separar da Maraísa, como aquela carta idiota eu tomarei providências mais sérias!"Finalizei e fui para o meu quarto.
"Vai lá fica com aquela mulher! Quando ela extorquir todo o seu dinheiro você volta para mim!" Ela falou
"Nunca vou voltar com você! Sua infeliz e, como prova disso eu vou sair agora desse apartamento! Porque eu não aguento mais passar nem mais um instante olhando para a sua cara!" Falei
"Danilo, eu estou grávida!" Ela disse e eu me virei nervoso. Como assim grávida?
Meus planos iriam por água abaixo. Ela percebeu meu nervosismo e eu notei um sorriso maquiavélico surgir em seus lábios. Eu estava pálido.
"Grávida?" Perguntei surpreso
"Sim, Danilo" Ela falou "De um filho seu" Disse cínica. Eu me escorei no sofá, estava quase cambaleando.
"Como... como isso aconteceu?" Perguntei surpreso
"Você é homem Danilo, sabe como essas coisas acontecem! Não se faça de bobo que você não é!" Ela disse ainda com o ar cínico.
"Maggie eu, sinceramente.... Eu não sei o que dizer.... Irei assumir a paternidade da criança, mas não me obrigue a estar com você!" Falei "Eu serei um pai presente na vida dessa criança, todavia, não me peça para continuar casado contigo!" Disse nervoso.
"E na vida da filha da Maraísa? Você disse a mesma coisa para ela?" Ela perguntou
"Com a Maraísa é diferente e você sabe disso. Eu amo aquela mulher e estaria com ela se não fosse a carta que você obrigou ela a escrever! Ela sofreu por sua culpa! E eu também sofri!" Disse
"Minha culpa? Era só você ter ido atrás dela, eu nunca te prendi nesse apartamento" Ela disse "Mas se você quis ficar aqui esse tempo todo comigo, não é culpa minha. Talvez você goste de mim!" Falou se aproximando, a voz ainda cínica.
"Eu não fui atrás dela, pois acreditei na carta, mas isso não vem ao caso. Vou dormir! Amanhã tenho que procurar o meu advogado e, ir ao hospital ver a minha filha" Disse
[...]
Eu consegui dormir aquela noite? Obviamente que não! Virei para todos os lados da cama, tomei um copo cheio de leite, mas nada do sono vir. A imagem de Maraísa com minha filha não saia da minha mente. E agora, a responsabilidade que eu iria assumir sendo pai, não só de uma, mas de duas crianças. Eu daria conta? Eu conseguiria?
A conversa com Marília também não saia do meu pensamento, afinal de contas, eu sabia que tinha errado com Maraísa e, faria de tudo para consertar os meus erros. Entretanto, eu tinha noção de que talvez ela não me perdoasse e, resolvesse seguir sua vida com outro alguém. Eu não podia proibi-la já que eu mesmo havia feito isso, quando na verdade, poderia tê-la procurado e conversado pessoalmente.
Como eu tinha sido burro! Como havia deixado meus sentimentos tomar o controle! Estava tão frágil, acreditando cegamente naquela carta, que não me passou pela cabeça que aquilo poderia ser um ciúme bobo de Maggie que não queria me perder. Pois agora, ela já tinha me perdido! E para sempre!
Levantei no dia seguinte moído, todavia, o pensamento de ver Maraísa e minha filha me animou, eu tomei uma ducha enquanto cantarolava uma canção que havia ouvido no rádio, uma música que tinha muito a ver com o que eu sentia por aquela morena.
"Que meu corpo encontre o seu corpo, num prazer absoluto" Cantarolei feliz. Era incrível como a simples possibilidade de vê-la e dela talvez gostar de mim, mudavam completamente o meu dia, mesmo eu estando completamente enrolado, mesmo tendo diversos problemas para resolver. A possibilidade de ainda ter Maraísa me acalmava e, eu queria meu corpo de encontro ao dela novamente. Eu precisava disso!
Passei pela sala e, Maggie estava tomando café da manhã calmamente.
"Danilo, eu pensei muito" Ela disse sem me dar nem ao menos um bom dia. "Eu vou dar o divórcio para você ser feliz com Maraísa, eu já estraguei muito a vida de vocês dois, agora tem um bebê no meio, então não seria correto da minha parte ficar prendendo você, quando é a ela que você ama" Disse "Eu peço perdão pelos meus atos, por ter mentido para você, ter feito ela escrever aquela carta, enfim, por ter te feito sofrer" Finalizou. Eu estava tão feliz que se não fosse por tudo a abraçaria.
"Eu vou procurar o advogado, após sair do hospital" Falei "Preciso ver minha morena e minha filha" Disse "Entretanto, não pense que me divorciando de você eu deixarei de cuidar desse bebê que está em seu ventre. Eu posso não te amar, mas amarei a ele" Disse e Maggie riu.
"Eu não estou grávida Danilo, disse isso apenas para te testar, para ver a sua reação. Eu tomo anticoncepcional todos os dias, nós nos prevenimos sempre, as chances são nulas. Se você quiser eu compro e faço um teste de gravidez agora, todavia, eu não estou gerando um filho. Aquilo foi uma cena de ciúmes!" Ela disse e, minha vontade de abraçá-la foi ainda maior. Eu não tinha nenhum laço que meu unia a ela! Eu estava livre! Livre daquela mulher!
"Foi um prazer ter você na minha vida. Seja feliz!" Disse me despedindo e fechando a porta com força, ela deu de ombros.
Eu nunca fui tão feliz para um hospital em toda a minha vida, naquele momento era como se tudo entrasse nos eixos, só dependia dela, apenas dela para que as coisas se resolvessem. Só dependia dela me amar, me querer ao seu lado como eu a queria.
"Por favor, Isa, me perdoe!" Disse para mim mesmo, desejando com todas as minhas forças que ela pudesse escutar esse apelo.
[...]
Entrei no quarto onde ela estava acordada, amamentando nossa filha. A cena das duas juntas fez meu coração derreter, ela estava tão linda com aqueles cabelos negros soltos e, os lábios rosados, que eu tive vontade de beija-la. Isabella sugava o leite tranquilamente, com os olhos fechados. A cena era terna demais.
"Você demorou" Ela disse ao me ver. De novo o sorriso. Meu coração deu um pulo. Ela não parecia nervosa ou magoada. Ela estava calma e serena e com um sorriso grande nos lábios. Ela havia me perdoado? Ela me queria de volta? "Eu senti sua falta!" Falou.

XXXX
Espero que tenham gostado.
Obrigado por lerem até aqui.
Última enquete do dia: Vocês querem que diminuam os capítulos? Normalmente eu faço eles grandes, mas se preferirem, eu posso diminuir.
Beijos ❤️❤️

O circo [DANISA]Onde histórias criam vida. Descubra agora