Bengala e crochê

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Boa leitura meninas ❤️
Por Danilo
Certo, eu nunca fui o tipo ciumento, na verdade, sempre me considerei um rapaz muito tranquilo em relação a isso, afinal de contas, relacionar-me com Maggie durante quase 6 anos fez com que eu não tivesse preocupações acerca disso, pois, como eu não sentia nada concreto por ela não me incomodava se outros homens a olhassem. Ela era bonita, tinha um corpo lindo, um sorriso de tirar o fôlego, todavia, isso não eram atributos que mexiam comigo. Enquanto, imaginar Maraísa sendo banhada por um enfermeiro me tirava o sossego e, fazia com que uma raiva violenta me atingisse. Eu não era dono dela! Eu não tinha nada com ela! Ela não me pertencia! Mas eu a tratava como se eu de alguma forma a tivesse, como se ainda fôssemos os namorados de outrora. E imagina-lá com outro homem, por mais que ele fosse um empregado do hospital não estava ajudando.
Um acesso de fúria tomou conta de mim e, eu quis socar tudo a minha volta, eu não aceitava isso! Maraísa era bonita, e logo uma chuva de pretendentes surgiria em sua vida, mesmo que ela tivesse uma filha, isso não seria um empecilho para eles. E eu tinha medo de perdê-la, um medo terrível que assolava todas as células do meu ser. Contudo, eu não tinha me dado conta, mas eu já há tinha perdido. Ela não era mais minha, ela não pertencia mais a mim e, para falar a verdade, ela nunca havia me pertencido.
Maraísa não era como Isabella que eu podia mandar fazer o que eu quisesse, ela era diferente, dona do seu próprio nariz, e tinha que dar satisfação apenas a ela mesma e, a Maiara ou Marília ocasionalmente. E quanto a mim, ela poderia pisar pois, eu não era nada, absolutamente nada, em sua vida, além do pai da sua filha, seu ex-namorado e, a pessoa que a engravidou, desgraçando uma parte da sua existência. Por isso, quando eu a vi, conversando com aquele enfermeiro, decidi que era o momento de seguir meu caminho, de tentar esquecê-la, pois, não haveria volta para nós dois.
Mesmo que agíssemos como dois idiotas, mesmo que eu sentisse borboletas no estômago quando estava em sua companhia, mesmo que eu sentisse um ciúme absurdo que eu nunca havia sentido antes, ela não era mais minha. E eu tinha que me conformar com isso.
Homens não sabiam perder, todavia, era hora de aprender, mesmo que fosse difícil. Eu peguei Isabella em meus braços e, a fiquei admirando durante algum tempo, ela dormia calmamente, respirando de forma tranquila, a boca estava entreaberta e, eu me perdi completamente olhando para seu rosto. Suas feições delicadas, seus cabelos castanhos ainda em processo de crescimento e, sua pele cheirosa. Ela era uma cópia perfeita de tudo que eu havia sonhado, um presente que Deus havia resolvido me dar por tudo que eu estava passando. A única lembrança de Maraísa em minha vida, já que a própria havia decidido seguir por outro caminho.
Eu estava em transe, quando escutei ela me chamar, o que ela queria dessa vez? Me xingar de novo? Dizer que eu não tinha nada que ter me intrometido em sua vida? Eu a encarei e, ela começou a falar e, quando dei por mim tinha dito tudo que sentia, inclusive a parte dos ciúmes, que eu queria guardar de mim mesmo, escondendo de todos que eu tinha esse sentimento.
Entretanto, ela pareceu não se importar, ela estava calma, não se incomodando com o que eu dizia, o que fez com que eu me sentisse a vontade para me expor, e ela para dizer também o que a incomodava. Era incrível como não tínhamos mais nada um com o outro, contudo, nos importávamos tanto como se fôssemos dois namorados que tinham a necessidade de comandar a vida um do outro.
E isso estava me matando, tentar entender o que ela sentia estava me matando, imaginar ela com outro cara, me matava e, sentir ciúmes me aniquilava por dentro. Eu queria morrer por estar sentindo tudo aquilo! Por estar agindo como um adolescente idiota do ensino médio. Mas esses sentimentos eram mais fortes do que eu, e ela parecia perceber isso, já que também perdia toda a compostura ao meu lado. E, quando eu dei por mim já estávamos com nossos narizes colados, eu sentindo a respiração dela, ela sentindo a minha e, suas mãos macias e pequenas em meu rosto, enquanto as minhas estavam em sua nuca. Essa era a posição do beijo, aquela que os casais apaixonados faziam segundos antes de beijar.
Eu fechei os meus olhos e, rezei mentalmente para que nada nos interrompesse, eu estava no céu, sentindo tudo aquilo. E, ela parecia estar no mesmo lugar, completamente entregue a mim. Foi quando, em um súbito ela falou as palavras mágicas, aquelas que eu tanto esperava, que eu tanto havia desejado que ela me dissesse, a prova viva do seu amor por mim.
Maraísa disse eu te amo e, que eu não a perderia. E eu senti como se fosse desfalecer, e ela precisou segurar meu braço para que eu não cambaleasse. E, nós dois rimos disso, o que acordou Isabella e, culminou em um não beijo. Eu não havia sentido o seu gosto, novamente, entretanto, estava feliz pelo seu eu te amo.
Eu já poderia sair pulando pelo hospital como um adolescente que acaba de ser aprovado na melhor faculdade de todas. Todavia, me contentei em fingir que estava tudo bem, quando por dentro meu coração protagonizava uma sinfonia descompassada.
[...]
1 semana depois
"Eu vou para casa com Marília e Maiara!" Ela disse com Isabella nos braços, estávamos em uma discussão interminável, pois, eu a havia chamado para ir morar definitivamente em minha casa, ao passo que, ela queria continuar vivendo com sua irmã e amiga.
"Temos um elo agora, algo que nos une. Temos que ficar juntos! Por favor, Maraísa, venha morar comigo, eu posso te ajudar a cuidar da Isabella, sem contar que eu não precisarei ficar longe de você!" Disse. Mas ela não estava disposta a ceder, inventando mil motivos para que continuássemos vivendo em casas separadas. Desde o nosso último momento, onde ela havia dito que me amava e, eu quase a havia beijado, começamos a conversar sobre o futuro e, sobre a nossa situação. Maraísa contou-me que estava insegura para começar uma vida a dois comigo, morando na mesma casa, ao passo que, se dependesse de mim assim que o divórcio saísse, eu já me casaria com ela e, viveríamos felizes para toda a eternidade. Contudo, eu entendia seu medo e, decidi não forçar-lhe a nada. E, por mais que a vontade de beija-lá me matasse por dentro, eu estava esperando o momento certo.
Minha última semana se resumiu em conversar com advogados sobre o processo de divórcio, marcar a audiência e, resolver algumas coisas da empresa, o que culminou para que as minhas visitas á Maraísa e Isabella fossem basicamente nulas e, quando aconteciam nunca estávamos sozinhos, Marília ou Maiara estavam por perto, o que nos deixava sem graça para conversar ou para ter momentos mais íntimos. Ou seja, eu teria que esperar que ela saísse do hospital para que pudéssemos finalmente ajeitar a nossa vida.
Se éramos namorados? Bem eu não saberia dizer, digamos que, nós estávamos nos tratando com um carinho diferente do habitual, ela me perguntava do meu dia, fazia leves carícias em meu rosto e, sempre sorria ao me ver chegar. Fato que eu considerava mais do que uma simples amizade.
Eu estava feliz assim, sem tantos rótulos, sabia que havia um algo a mais e que ela também sentia isso, todavia, estava esperando o momento certo para oficializar. E, ela parecia não se importar com isso. Aprendi que, quando se ama, não importa se somos namorados, amantes, marido ou esposa, o que importa é o sentimento.
"Você pode aparecer lá em casa quando quiser" Ela disse e eu suspirei profundamente. Será que ela não conseguia entender que eu queria estar 24 horas com ela e que Isabella era apenas uma desculpa para estarmos juntos? Mas tudo bem, se ela queria assim, eu o faria, ela só teria que aguentar os meus planos.
Todas as noites, lá pelas 21:00 da noite eu aparecia em sua casa, com o pretexto de ver Isabella, Maraísa sorria ao me ver, eu a ajudava a dar banho na nossa pequena, trocá-la e colocá-la para dormir, enquanto Maraísa tomava banho e, preparava alguma coisa para nós comermos. Depois disso, nós dois conversávamos, jantávamos e, eu inventava uma desculpa de que estava tarde para ir para casa, que a marginal estaria engarrafada, que meu carro estava com problema ou então que eu estava cansado demais para pegar trânsito. E ela sempre cedia, como se não se importasse e, eu dormia em sua cama, ao lado dela, e a ajudava durante a noite quando Isabella acordava.
Com isso tínhamos longas conversas sobre nossa vida, as quais culminavam em beijos e carícias mais íntimas, libertando minha morena de todo o seu medo e, aos poucos eu fui percebendo que ela estava começando a aceitar que eu e ela tínhamos tudo para dar certo, sem toda aquela mágoa do passado e, aqueles sentimentos ruins.
O nosso primeiro beijo desde que havíamos nos separado foi algo tão intenso e saudoso, que nem todas as músicas do mundo seriam capazes de descrever a sensação. Estávamos sozinhos, era o primeiro dia de Isabella em casa e, Maraísa estava nervosa, com medo de que ocorresse alguma coisa e,eu, como um bom cavalheiro, que tem todas as segundas intenções do mundo, decidi ficar em sua casa, para auxilia-lá. Após fazermos ela dormir, finalmente tive um tempo a sós com minha morena, deitamos na cama, ela aconchegada em meu peito e, eu cheirando os seus cabelos negros que exalavam o mesmo perfume de outrora. Isabella dormia tranquilamente no berço ao lado, o que fazia com que tivéssemos que sussurrar baixinho.Maraísa me olhou como se pedisse silenciosamente por um beijo, como se o corpo dela necessitasse desse momento. Eu fechei meus olhos e, quando dei por mim nossos lábios estavam colados novamente, como se nunca tivéssemos nos separado. Como se fôssemos realmente feitos um para o outro.
E como foi o beijo? Bem, não sei com explicar com palavras, ele começou saudoso, mas foi se intensificando, com um ar mais sensual, cheio de desejo e, sentimentos distintos sendo aflorados. Ela parecia mais intensa e, eu queria corresponder da mesma forma. Meu corpo clamava pelo dela, todavia, eu sabia que não era o momento, ela estava recém operada e, eu sabia que poderia causar-lhe danos. Mas só de recordar o gosto do seu beijo eu já me senti no paraíso e, ela pareceu notar.
Todos estavam felizes com nossa reconciliação, apenas Marília mantinha um certo pé atrás em relação a mim, possivelmente pelo que havia acontecido no passado, entretanto, eu estava disposto a mostrar a ela e a quem mais duvidasse, que eu não era mais o mesmo.
[...]
1 mês depois
Maraísa aderiu à chatices de fazer mêsversario a cada mês de vida de Isabella, o que segundo ela era bonitinho e, necessitava ser lembrado, ela não fazia nada demais, apenas comprava um bolo simples, uma velinha, uns balões e cantava parabéns para a filha. Acho que nunca há vi tão feliz desde que Isabella nasceu. Algo nasceu nela, transparecendo uma felicidade incomparável, um sentimento único.
Ela passava o dia com a filha, cuidava dela como se ela fosse uma princesa, e quando eu chegava em sua casa a noite, Bel estava sempre perfumada e arrumada. Sim, eu decidi chamar minha filha de Bel, para o desespero de Maraísa, a qual dizia que, tinha colocado Isabella justamente para que nós a chamássemos de Isa, o que para ela era o apelido mais lindo do mundo, todavia, para mim só existia uma Isa e, eu não estava disposto a dividir seu apelido com outra pessoa, mesmo que essa pessoa fosse nossa filha. Maraísa pareceu concordar e, nós não discutimos mais isso.
Nesse momento eu estou me dirigindo a sua casa, com um bolo e umas velinhas para o mêsversario de Isabella, tenho certeza que Maraísa já deve ter comprado tudo, todavia, eu tenho a necessidade de fazer essa surpresa para ela e, mostrar que eu também me recordei da data.
Vou o caminho todo pensando em qual desculpa vou dar para dormir em sua casa hoje, talvez eu diga que meu carro enguiçou e que o seguro só atende no dia seguinte ou então que estou com uma câimbra no meu pé, o que me impede de dirigir.
Chego até a sua casa e, toco a campainha, Maiara vem toda arrumada e sorridente atender, esqueci de dizer que ela está tendo um rolo com o tal enfermeiro e, os dois saem quase todas as noites, para o desespero de Maraísa e Marília, que não dormem enquanto ela não chega em casa.
Bem, o que eu menos faço a noite com Maraísa é dormir, diga-se de passagem,afinal de contas, temos muitos assuntos para colocar em dia e, a noite é o melhor momento, já que todos estão dormindo, ou pelo menos deveriam estar fazendo isso. Todavia, desde o início do namoro de Maiara, Marília começou a ficar na sala esperando a amiga, como se fosse sua mãe, com o celular na mão, de prontidão, caso tenha ocorrido alguma coisa. Nesse sentido, eu e Maraísa precisamos ser discretos se, quisermos fazer algo mais íntimo, que envolva sussurros e gemidos. Digamos que, aprendemos a fazer amor sem fazer barulho, primeiro para não acordar Isabella que dorme calmamente no nosso quarto e, segundo para que Marília não escute nada.
Entretanto, de uns tempos para cá, as duas tem gostado de ficar acordadas até tarde conversando, até Maiara chegar, o que me deixa de escanteio. Sinceramente, estou doido para que Marília encontre um namorado e deixe minha morena em paz! Pelo menos ela terá a companhia de outra pessoa e, eu poderei finalmente voltar a ter noites longas e prazeirosas com Maraísa. Entretanto, enquanto isso não acontece eu me contento com 15 minutos de prazer, antes de Marília bater em nosso quarto e chamar a amiga para conversar ou Isabella chorar querendo mamar.
Sinceramente, está sendo difícil dividir Maraísa com essas meninas! Eu nunca imaginei que fosse sentir ciúmes dela com outras mulheres mas, é isso que está acontecendo e, eu estou farto! Desejando internamente tê-la apenas para mim por pelo menos alguns instantes. Maraísa parece estar sentindo o mesmo, todavia, ela não admite, talvez para não magoar a amiga ou então para dar uma de durona.
Cheguei em sua casa aquela noite e, ela estava furiosa, o motivo? Maiara havia saído com Gustavo para sei lá onde e, não haviam avisado. Marília andava em círculos e, Isabella estava dormindo em seu berço. Mostrei o bolo para ela que sorriu abobalhadamente, íamos nos beijar, mas nos recordamos que Marília estava na sala e, poderia nos ver. Não que eu tivesse vergonha, mas Maraísa queria respeitar a amiga que estava solteira há bastante tempo e, sentia-se carente.
"Senti sua falta" Ela disse com um sorriso no rosto "Amor" Ela completou enquanto me abraçava. Sim, agora ela me chamava de amor todos os dias quando eu chegava e, algo em mim gostava disso, talvez o ego.
"Estava trabalhando, vida" Falei. Eu a chamava de vida, algo que para muitos pode ser brega, todavia, para mim era isso que ela significava, minha vida, meu tudo, não havia outra palavra que pudesse ser empregada que não fosse essa. "Mas estou com uma câimbra no pé esquerdo, não vou conseguir dirigir" Falei mentindo. Ela fingia que acreditava em minhas mentiras, todavia, meu íntimo gosta de acreditar que Maraísa gosta quando eu durmo com ela.
"Não tem problema" Ela disse "Tem um espacinho na minha cama" Falou animada "E eu adoraria que você dormisse lá" Sussurrou aproximando seus lábios do meu ouvido. Meus pelos eriçaram e, eu quase derrubei o bolo que estava segurando em minha mão esquerda. Ela riu ao ver o quão excitado eu estava.
"Só espero que sua amiga não me atrapalhe hoje!" Disse "Muito menos nossa filha, que deu para acordar todas as noites a cada 2 horas" Finalizei.
"Marília está uma pilha! As vezes ela parece mais irmã da Maiara do que eu" Ela falou "Entretanto eu não posso fazer nada se ela quis sair com o Gustavo, sou da opinião de que proibir é pior" Disse. Eu suspirei pensativo "Estou pensando em colocar horários para ela sair, talvez a situação melhore" Finalizou "Vou falar com Marília sobre isso. Tenho medo que Maiara acabe como eu"
"Como assim como você?" Perguntei, ela pareceu se arrepender do que havia dito, mas já era tarde demais.
"Esquece" Disse indo em direção a sala, eu corri atrás dela a alcançando.
"Não vou esquecer nada, mocinha!" Disse puxando seu braço, fazendo com que ela se virasse para mim. "O que você quer dizer com acabar como eu?" Perguntei fazendo menção as palavras dela.
"Uma mãe solo que engravidou antes do casamento, sem ter estabilidade financeira nenhuma, de um cara que na época era comprometido" Ela falou nervosa. Eu notei uma certa tristeza em sua voz. Acho que para ela, por mais que o tempo passasse era difícil digerir isso.
"Maraísa você sabe que as coisas não funcionaram desse jeito, sabe que se você tivesse me contato eu teria te apoiado" Falei "E quanto a estabilidade, você sabe que eu não me importo se você não trabalhar, com o que eu ganho consigo sustentar vocês duas" Disse "E agora eu estou comprometido" Falei a encarando fixamente nos olhos " Com você" Finalizei dando um leve selinho em seus lábios. Ela sorriu.
"Eu quero trabalhar Danilo! Eu preciso disso, não posso viver as suas custas, quero que nossa filha tenha orgulho de mim!" Ela disse nervosa.
Certo que eu tinha pago todas as despesas de Isabella até agora, Maraísa reclamava pois eu sempre chegava em sua casa com um presente para nossa filha, ora com roupinhas caras, ora com diversos pacotes de fraldas, mamadeiras e, utensílios para bebês. Eu não a deixava comprar nada pois, sabia que ela não tinha condições disso, contudo, não queria deixar que isso transparecesse. E esse fato a irritava profundamente. Eu não queria que ela trabalhasse, mas sabia que não poderia prendê-la por muito tempo.
"Espere até os seis meses de Isabella e você poderá fazer o que quiser, até mesmo um show!" Disse brincando, mas ela continuava com a cara amarrada
"Quem vai querer ir em show meu?" Ela perguntou. Maraísa andava muito dramática ultimamente, acho que deveria ser o pós parto.
"Eu" Disse "Especialmente seus shows entre quatro paredes!" Falei, ela corou, dando um leve tapinha em meu ombro direito.
"Te odeio!" Disse fingindo estar nervosa
"Você me ama" Falei "Disse isso em alto e bom som no hospital" Continuei "Eu amo você seu ciumento ridículo!" Imitei a voz dela e ela sorriu. Aproximou-se de mim, e nossos lábios estavam prestes a se colar quando Marília aproximou-se de nós.
"Você esqueceu que tem filha, sua mãe desnaturada!" Disse "Isabella está chorando!" Falou "E só você pode resolver o problema dela" Continuou "Ela precisa mamar!" Falou entregando uma Isabella que chorava para ela, que apressou-se em tirar o sutiã e, oferecer o peito a ela. "E você, está achando que mora aqui agora?" Ela perguntou se referindo a mim "Todas as noites aparece aqui como se morasse aqui" Falou e eu dei de ombros.
"Venho ver minha filha e, ficar com minha namorada, é proibido?" Perguntei irônico, ela bufou.
"Façam o que quiserem" Ela falou voltando para a sala "Maiara até agora não deu sinal de vida! Outra desmiolada!" Disse nervosa.
"Namorada?! Sou sua namorada agora?"Ela perguntou "Achei que havíamos combinado de que eu era apenas mãe de sua filha" Falou.
"Você sabe que não, entende que, mesmo que não queira eu quero ter algo a mais com você. Na verdade, se for parar para pensar, já temos algo a mais!"Disse
Somos amigos que transam de vez em quando e, tem uma filha juntos" Ela falou. Eu ri baixinho.
"Somos amigos que transam quase todos os dias quando ninguém os atrapalha, tem uma filha e, sentimentos intensos um pelo outro" Disse com uma piscadela.
Maraísa riu o que me contagiou.
"Precisamos encontrar um homem para Marília!" Falou
"Precisamos nos mudar!" Falei "Para termos privacidade" Disse "E também para trocar esse de vez em quando para todos os dias" Sussurrei em seu ouvido, me referindo ao sexo.
"Se nossa filha se tornar uma tarada já sei de quem é a culpa!" Falou fingindo nervosismo
[...]
1 mês depois
Finalmente o meu divórcio saiu e, eu estava emocionado demais para pensar em qualquer outra coisa que não fosse meu casamento com Maraísa. Sim, eu estava pensando em dar esse passo, pois, essa seria a única forma de conseguir que ela viesse morar comigo e, esquecesse todos os problemas do passado, sem contar que eu não aguentava mais dividi-la com sua irmã e amiga. Eu estava me tornando egoísta a esse ponto, querendo monopoliza-la, entretanto, ela mesma parecia cansada de estar vivendo naquele lugar.
Subornei Marília para que ela ficasse uma noite com Isabella, disse a ela que, se ela o fizesse daria a ela o que ela queria e, ela me pediu um violão caríssimo, o qual eu comprei sem hesitar. Eu precisava de um noite com Maraísa, eu queria passar um tempo a sós com ela, eu necessitava dela, apenas dela, sem Isabella chorando, Marília atrás de nós ou as saídas de Maiara que deixavam todos loucos de preocupação.
Maraísa não estava bem naqueles dias, ela dizia que seu cabelo estava quebradiço, que sua pele estava seca e feia e, que a cirurgia havia dado a ela estrias, o que segundo ela, a tinham deixado feia e, nada sexy. E, consequentemente ela vinha se negando a fazer sexo comigo, pois achava que não estava bonita o suficiente e, estava com vergonha do seu corpo. Eu tentei dizer a ela que isso era impossível, que eu já havia dormido com ela depois do seu parto e que ela estava linda, entretanto, essas palavras não estavam mais fazendo efeito. Por isso, eu decidi contratar uma cabeleireira para isso até a sua casa, juntamente com uma manicure e, uma esteticista para ver se isso conseguia fazer com que ela se sentisse melhor com ela mesma.
Reservei o melhor restaurante da cidade e, o melhor de tudo é que ele estava localizado dentro de um hotel, o qual pouparia muito tempo para nós e, poderíamos terminar a noite em grande estilo, ao som de gemidos e orgasmos. Ela não tinha ideia dos meus planos, a única pessoa que sabia e, havia jurado não contar nada para ninguém era Marília, que depois que foi subornada com o violão que queria estava me tratando melhor.
Eu cheguei na casa dela exatamente ás 20:00 da noite, Maiara estava em casa, extremamente chateada pois a irmã a proibira de sair com Gustavo nos dias de semana e, a noite, os dois tinham hora para voltar, o que a deixava irritada. Ela me cumprimentou com um sorriso no rosto, Isabella estava em seu colo dormindo tranquilamente. Marília estava na cozinha preparando o jantar e, Maraísa estava em seu quarto com as portas fechadas.
"Acho melhor você nem entrar" Marília falou "Ela passou o dia inteiro com as portas fechadas, não querendo ver ninguém" Ela continuou e, Maiara deu uma risadinha.
"E a esteticista que eu mandei vir aqui hoje a tarde, ela não as recebeu?" Perguntei preocupado, achando por um instante que todos os meus planos haviam ido por água a baixo.
"Elas vieram, mas Maraísa não quis recebê-las, sabe como é, o puerpério é difícil" Marília falou e, eu comecei a ficar zangado. Por que de uma hora para outra ela havia começado a agir desse jeito? O que tinha dado nela? Por que ela estava se achando tão feia assim, se ela não era?
"E o que eu faço agora?" Perguntei e Marília me encarou
"Eu vou chamá-la, talvez ela venha até aqui na sala" Maiara disse entregando o bebê para mim que fiquei plantado na sala esperando.
Ela entrou no quarto, fechou a porta e, voltou alguns segundos depois com um sorriso travesso nos lábios.
"Ela disse que vai vir falar com você e explicar tudo, só pediu para que você não se assuste com a feiúra dela" Falou e, no mesmo instante que ela terminou a frase Maraísa surgiu. Ela não estava feia, estava tremendamente e estupidamente gata, como aquelas artistas de cinema.
Tão linda que se torna até mesmo difícil descrever em palavras, os cabelos negros lhe caiam sobre os ombros com cachos que os tornavam mais volumosos, o rosto estava com uma leve maquiagem que realçava seus traços finos, a boca estava pintada com um batom vermelho provocante, que fazia com que eu tivesse uma vontade absurda e avassaladora de beija-la. O colo estava preenchido com um colar de pérolas e, ela usava um vestido longo e negro, que realçava cada parte do seu corpo. Nos pés havia um salto negro, que a deixava mais alta. Ela estava linda! Completamente linda! Absurdamente bela!
Minha boca deve ter formando um perfeito "o" pois Marília e Maiara riam como se eu tivesse contado uma piada. "Enxugue a baba, Danilo!" Maiara falou rindo "Se não ela vai sujar seu terno!" Continuou. Maraísa continuava séria, me encarando como se esperasse algum tipo de reação.
"Gostou da mentira?" Ela perguntou se aproximando de mim. O perfume marcante e chamativo.
"Você está divina! Uma princesa! Mentira?! Que mentira?" Perguntei confuso, a boca falando uma salada de palavras, que provocou ainda mais risos nas meninas.
" Ele está todo bobo!" Marília falou "Parece que voltou a ser criança" Disse sorrindo "Deixe-me pegar Isabella antes que você a derrube!" Falou pegando-a do meu colo e a levando para o berço. Eu continuava estático. Maraísa veio até mim e deu um leve beijo em meus lábios.
"Para você despertar!Meu príncipe encantado!" Disse após o selinho. Eu suspirei, nunca a tinha visto tão linda assim. Sem me importar com as pessoas ali presentes eu a agarrei e, protagonizamos um beijo, daqueles típicos de cinema.
Maiara revirou os olhos, provavelmente se recordando de Gustavo e, Marília sorriu. Em se tratando dela, achei aquilo o ponto alto da noite e, sorri pela sua atitude. Eu não estava envergonhado, pela primeira vez eu me sentia feliz em beija-lá na frente de todos, sem me importar com o que eles pensariam, pela primeira vez eu não tinha uma segunda pessoa em minha vida, um segredo que eu não pudesse contar a ninguém ou algo do tipo. Eu estava ali na frente dela, de forma integra, sem receios, apenas sendo eu mesmo e, Maraísa parecia gostar do meu jeito, ela realmente parecia me amar, como disse outrora.
E isso já me bastava. Eu a tinha, ela era minha, não havia mais problemas a ser resolvidos, agora só necessitávamos viver o momento, intensamente, como se não houvesse mais amanhã. E era isso que eu queria fazer.
[...]
Ela entrou no carro ainda tímida pela cena que havíamos protagonizado, Marilia me chamou em um canto da sala e, me fez prometer que cuidaria bem dela e, que não erraria de novo, era um voto de confiança que ela havia depositado em mim e, eu não queria decepciona-la. Depois dessa conversa ela me abraçou e, eu senti que ela estava emocionada.
"Só estou feliz por minha amiga, apenas isso!" Ela disse " Quero que ela seja feliz!" Falou com um sorriso, todavia algumas lágrimas insistiam em cair.
"Eu vou fazê-la feliz!" Disse "É uma promessa" Continuei "Cuide de Maiara, ela parece meio para baixo" Falei me dirigindo até a porta, ela apenas assentiu positivamente com a cabeça e,eu caminhei até o carro, onde Maraísa me esperava.
"Enfim sós" Disse, ela suspirou pesadamente. E fechou os olhos. Estranhei sua atitude. "O que foi?" Perguntei
"Nada, estou apenas curtindo o momento, muitas coisas passando pela minha mente" Falou "Nunca imaginava que minha vida daria uma reviravolta dessa" Concluiu.
"E o que você acha disso?" Perguntei
"Acho que é bom demais para ser verdade" Finalizou com um sorriso
[...]
O restaurante estava vazio quando chegamos, era como se de certa forma ele fosse reservado apenas para nós. Maraísa segurava firme em minhas mãos, enquanto eu a conduzia até a nossa mesa, a qual estava localizada em um lugar mais distante do restante do restaurante.
Todo o ambiente era decorado com velas, as quais davam um ar mais romântico, ela parecia maravilhada com tudo.
"Nunca estive em um lugar assim" Sussurrou baixinho em meu ouvido. Eu sorri. Amava proporcionar a ela experiências novas. "É simplesmente tudo tão lindo que estou sem palavras!" Finalizou com um sorriso.
"Você merece" Falei
Sentamos um de frente para o outro, eu fiz questão de puxar a cadeira para que ela se sentasse, nossas mãos se tocaram no processo e, ela estremeceu com meu toque. Era incrível como um simples toque de mãos gerava todo esse sentimento nela. Cheguei a conclusão que ela não necessitava mais falar eu te amo, suas palavras e gestos demonstravam isso com clareza que chegava a assustar.
Fizemos os pedidos e, ela parecia maravilhada ao conhecer os pratos típicos da Itália, por mais que não tivesse tanta familiaridade com aquilo. Eu ia ensinando a ela, e, com isso tínhamos longas conversas sobre viagens e, planos para o futuro.
"Acho que estou pronta" Ela disse "Para assumir nosso relacionamento e, ter uma vida a dois com você. Acredito que nesse tempo você tem se mostrado que realmente se importa comigo" Falou "E eu fui capaz de entender que nós dois cometemos erros durante o percurso, mas se Deus nos uniu novamente e, mandou Isabella como um presente, ele tem um propósito para nós" Finalizou "Então eu aceito ser mais do que a mãe do seu filho"
"Eu já te vejo mais como a mãe do meu filho" Disse rindo "Você é a mulher da minha vida, alguém que me desperta todos os sentimentos, que me faz crescer. Eu não consigo mais enxergar vida ao seu lado, simplesmente nada faz mais sentido quando você se afasta" Falei
"Eu sinto pela carta, por ter confiado na sua então namorada e, não em você" Ela falou " Todavia, eu percebo que esse tempo separados só nos fez crescer, me mostrou que é você Danilo, sempre foi e sempre será você. Apenas você!" Disse "Seu cimento ridículo!" Finalizou rindo, desde que ela havia dito isso a primeira vez, esse virou nosso bordão preferido.
"Então, já que sou eu e, apenas eu o que você acha de ser minha para sempre?" Perguntei
"Eu já sou sua" Ela respondeu
"Mas eu quero oficializar isso, eu quero" Disse dando uma pausa e olhando firmemente em seus olhos negros "Eu quero me casar com você" Falei segurando firme em sua mão direita, a mão esquerda escondida no paletó com a caixinha das alianças "Maraísa, você aceita se casar comigo e, ser minha por toda a eternidade, até o último dia das nossas vidas?" Perguntei estendendo a caixinha com as alianças.
Deus eu não estava acreditando nesse momento, era bom demais para ser verdade.

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Obrigada por lerem até aqui, agradeço o carinho de vocês.
Até a próxima ❤️
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Beijos

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