Por Danilo
Sabe aquela sensação que temos ao ganhar na loteria, os planos que fazemos com todo aquele dinheiro que ganhamos, os sonhos, tudo parece feliz demais, pelo simples fato de que estamos realizando nossos desejos. E, era assim que eu me senti quando ela disse sim ao meu pedido, como se eu estivesse ganhado milhões em um jogo, como se eu fosse o homem mais sortudo do mundo. Eu nunca havia ganhado na loteria, entretanto, agora, sabia o sabor de ter alguém que se ama muito ao seu lado e, a sensação era a mesma e, até melhor.
Eu vou até o fim por você, mesmo que tenha que mover céus e terras, mesmo que, eu necessite lutar contra todas as pessoas do mundo. Não sei, entretanto, algo em mim dizia que não seria fácil, que algo nos separaria, que dali há poucos dias, o que vivemos seria apenas mais uma lembrança na minha mente e, eu não queria que isso acontecesse. Pensei em procurar ajuda psicológica ou psiquiátrica, sei lá, tomar um remédio forte de tarja preta, porque, sinceramente, o medo de perder aquela morena era mais forte do que tudo, e, eu preferia perder toda a minha fortuna a perdê-la.
Tonho nos chamou para uma conversa, eu sempre o havia visto como um velhinho amigável, alguém que torcia por nós, todavia, de uns dias para cá, ele parecia meio ranzinza, como se estivesse irritado com a nossa aproximação. Eu já havia lidado com pais o suficiente para entender que o seu problema era ciúmes, ele estava com medo de perder sua sobrinha e, isso o fazia fechar a cara todas as vezes que me via. Entretanto, eu não iria me importar com os sentimentos dele, afinal de contas, apenas eu e ela éramos responsáveis pelos nossos atos e, se eu quisesse fugir com ela e, ela concordasse era o que faríamos. Éramos maiores de idade, donos do nosso próprio nariz e, não seria Tonho que nos separaria. O que me preocupava era Maiara, eu sabia que Maraísa não seria louca o suficiente para deixar sua irmã e ir embora comigo, afinal de contas elas eram gêmeas e, ela havia me dito que, jamais deixaria sua metade para nada, nem que para isso, elas precisassem passar fome ou algo do tipo. Por isso eu me sentia como se estivesse em um orfanato, apaixonado por uma criança e, prestes a adota-la, contudo, essa criança possuía uma irmã e, eu não teria coragem para separa-las.
Decidi levar Maiara comigo, ela poderia morar conosco e, eu bancaria seus estudos e, sua faculdade e, depois, eu poderia oferecer a ela um cargo na empresa do meu pai, assim, as duas poderiam estar juntas e, quando Maiara ganhasse seu próprio dinheiro, ela compraria uma casa e se mudaria.
Respirei fundo, feliz com meus planos. Como eu havia dito, eu ganhei na loteria, a mulher dos meus sonhos estava comigo, como se ela fosse o dinheiro mais precioso do mundo e, agora, era o momento de planejar tudo que seria feito.
[...]
"Vocês dois tem noção do que estão fazendo?" Um Tonho dizia irritado, Maraísa e eu estávamos de mãos dadas, em frente a ele, suas mãos suavam e, eu queria abraçá-la. Ela estava nervosa, e eu conseguia notar isso.
"Estamos nos amando!" Ela disse o olhando fixamente. Ela não tinha medo de afronta-lo, era como se desconhecesse as consequências de seus atos e, para ela tudo estivesse bem. Eu gostava desse lado dela, o jeito destemido, como se não tivesse medo de nada, todavia, eu sabia, que no fundo, por mais que ela não quisesse admitir, ela estava tremendo como se fosse uma vara verde.
"Antônio, eu sinceramente não sei o que deu em mim, devia ter pedido a sua autorização para me relacionar com Maraísa, entretanto, foi algo mais forte do que eu, honestamente, as coisas foram acontecendo e, quando dei por mim já estávamos apaixonados. Por favor, não nos separe, eu juro que cuidarei dessa menina como a uma princesa" Falei usando todo o meu discurso homem respeitoso dos anos 80, rezando mentalmente para que ele decidisse nos deixar em paz. Todavia, suas feições continuavam irredutíveis.
"Acha que eu vou concordar com esse envolvimento?" Ele falou nervoso " Olhe para você rapaz, veja quem você é" Ele falou e eu não compreendi, ele percebeu isso " Você é um advogado de prestígio, é bonito, elegante, tem posses e Maraísa" Ele disse em um suspiro e, eu quis soca-lo, pois já sabia o que ele iria dizer!
" Você não vai desmerecer Maraísa na minha frente, pois se o fizer, eu a levarei embora daqui hoje mesmo!" Disse nervoso "Ela pode não ter o grau de estudos que eu tenho, pode não ser rica, mas ela tem algo que eu não tenho" Disse sincero, ela me encarando emocionada e, Antônio me fitando nervoso. Conseguia-se ouvir as respirações dos dois, esperando minha resposta. O clima estava tenso "Maraísa tem meu coração" Falei de uma só vez, e uma lágrima solitária escorreu dos olhos dela. "Eu a amo, como se a conhecesse há mil vidas atrás" Falei "Você já amou alguma vez, Antônio? Já sentiu as borboletas no estômago? Já quis passar o resto da vida ao lado de uma pessoa?" Fiz uma série de perguntas retóricas, ele me encarando e, ela segurando ainda mais firme em minha mão.
"Não banque o esperto, Danilo! Eu já amei sim, mas procurei alguém como eu e, não uma pessoa completamente diferente. Se Maraísa tivesse escolhido alguém do circo eu não me importaria, pois saberia que não iria perde-la" Ele falou sincero "Eu não posso perdê-la, Danilo! Eu preciso dela, porque ela alavanca o nosso circo, porque sem ela, estamos fadados a miséria!" Ele disse com tanta honestidade, a voz calma, que eu senti medo. Agora eu entendi o motivo do ciúmes dele. Maraísa, trazia dinheiro para o circo, ela era a atriz principal e, todos que o procuravam queriam vê-la. Um misto de ódio e ciúmes se fez presente. Ódio por ele vê-la apenas como um capital, esquecendo-se de que ela era um ser humano e, ciúmes por várias pessoas virem assistir ao espetáculo por conta dela. Antônio pareceu perceber meu sentimento e, um pequeno sorriso vitorioso surgiu em seus lábios.
"Eu não a tirarei de você, se ela não quiser, entretanto, acho que você deveria parar de vê-la como um meio de ganhar dinheiro e, passar a observa-la como um ser humano, alguém que tem sonhos e sentimentos. Maraísa não é só voz, ela é mais do que isso, e não merece ser tratada desse jeito. Se o único problema for esse, eu compro esse circo e, vocês terão que trabalhar diretamente para mim e, eu farei de Maraísa o que eu quiser, ou melhor, o que ela quiser, porque ela tem vida própria e não serei eu que mandarei nela!" Disse nervoso "Nem eu, nem você somos os donos dessa mulher, ela sabe o que é melhor e pior para ela, e, se ela sentir que a sua vida será melhor ao meu lado, é isso que ela deve fazer" Disse "Contudo, se ela optar por ir embora daqui, eu não deixarei vocês na miséria, mandarei todos os meses uma quantia em dinheiro" Falei e ela soltou minhas mãos nervosa.
"Ei!"gritou com a voz mais alta que o habitual "Você não vai pagar nada a eles, porque se o fizer, é como se estivesse me comprando e tivesse que pagar a prestações! Como você mesmo disse eu não sou objeto, mas agora, você está me tratando como se eu fosse! E eu me recuso a ser vista desse jeito! Eu tenho direito de opinar sobre a minha vida e, não vocês dois" Falou nervosa "Fico triste em saber que para o Tonho eu sou apenas um cheque no final do mês, a pessoa que faz com que esse circo lucre." Ela falou nervosa, mas eu senti que suas mãos tremiam, que ela iria desabar. Em um ímpeto eu a abracei forte.
"Para mim você não é um cheque, para mim você é mais do que isso. Você é o amor da minha vida, e eu não quero te perder! Pagarei com minha alma para te ter ao meu lado, se você quiser" Sussurrei em seu ouvido, ela pareceu se acalmar "Não quero que dê nenhum centavo a ele, porque ele não merece" Falou sincera "E nem que me veja como se eu fosse um objeto, porque eu não sou,eu sou humana poxa! Aqui bate um coração!" Ela falou apontando para o lado esquerdo do peito "E ele está machucado com o que está sendo dito" Finalizou
"Maraísa eu não quis dizer isso" Tonho falou "Mas é a verdade, você sempre foi o capital desse circo, a estrela, o ser que alavanca tudo isso daqui" Ele continuou "Eu não posso te perder!" Finalizou
"Mas já me perdeu!" Ela disse chorosa e saiu dali correndo, largando meu abraço e, indo embora dali. De repente senti um vazio enorme dentro de mim, ao vê-la correndo para longe, ao avista-lá tão triste, ao perceber que, apesar de ser durona por fora, ela era um ser frágil por dentro.
"Olhe o que você fez" Disse correndo atrás dela "Você é um babaca!" Finalizei não tendo tempo de ouvir sua resposta.
[...]
O trailer estava com a porta fechada, eu quis arromba-lá e entrar, pois sabia que ela estava lá dentro, mas isso não era comportamento de um cavalheiro, por isso, bati na porta e, uma Maiara preocupada atendeu.
"Ela não quer ver ninguém" Ela disse baixo
"Eu vou levar vocês embora daqui!" Falei nervoso
"Eu não preciso de caridade" Ela gritou lá de dentro "Eu sou apenas um bem material para vocês" Ela disse irritada.
"Para mim você é mais do que isso!" Falei "E você sabe" Finalizei, empurrando a porta, quase derrubando Maiara no chão, ela cambaleou e, eu segurei. "Desculpe" Disse baixo e ela assentiu positivamente com a cabeça.
"Eu vou levar vocês duas embora daqui" Disse "Vocês não merecem viver sob as rédeas desse tirano!" Falei ajudando a colocar as coisas na mala" Maiara me olhava surpresa pela minha fala, sem saber o que fazer.
"Anda! Não vou te separar da sua irmã! Arrume suas coisas!" Falei e ela correu em direção ao quarto.
[...]
Meia hora foi o tempo necessário para que as duas arrumassem tudo, eu as ajudei e, elas organizaram tudo em malas, após isso, fomos para o meu carro, elas entraram em silêncio. Maraísa só sabia chorar, ao passo que Maiara olhava tudo perplexa, como se não acreditasse em tudo que havia acabado de ocorrer.
Fui até a recepção e encontrei um Tonho parado olhando para o nada, alguns rapazes estavam ao lado dele, aconselhando-o baixinho, eu não conseguia escutar o que falavam, quando me virão, todos me encaravam com cara de poucos amigos.
"Só vim dizer que elas vão embora comigo" Disse "As duas já estão no meu carro" Falei "Maraísa pediu para não fazer isso, mas por pena de você e do seu circo de merda, eu vou te dar isso" Falei jogando uma nota de R$ 100,00 em cima da mesa, todos me olharam perplexos pela minha atitude e, Tonho ameaçou a se levantar e me bater, mas os amigos o seguraram forte. Eu já estava indo embora, quando escutei um grito.
"Espere!" Era ele, que havia se levantado e, estava no caixa, abrindo a caixa registradora. Virei-me para trás, olhando-o. Ele havia aberto a caixa e, contava as notas silenciosamente "É o pagamento das meninas" Disse "Esse é o da Maraísa" Ele falou entregando um maço de dinheiro "E esse é o da Maiara" Eu peguei os dois maços e olhei firme em seus olhos "Apesar de não ter me pedido, cuidarei bem delas" Falei guardando o dinheiro em meu bolso e saindo dali.
"Danilo!" Escutei uma voz conhecida me chamando, correndo atrás de mim e me segurando pelo ombro, a mão era pequena e eu sabia de quem se tratava. Era Marília, que estava com uma camisola de renda preta, os cabelos loiros caiam sobre os ombros e, ela estava com os olhos vermelhos.
"Pensei que já estivessem ido!" Ela falou "Eu não me perdoaria se não me despedisse das minhas baixinhas! Estava dormindo e, Murilo me acordou" Explicou-se "Deixe-me por favor dar um abraço nelas?" Perguntou com os olhos marejados "Elas são como minhas irmãs, eu não sei viver sem elas" Disse em lágrimas. Eu permiti e, a levei até o carro. Maiara e Maraísa ao verem correram até a amiga e a abraçaram fortemente. As três choravam e, eu me culpei por separa-las.
"Não se esqueçam de mim!"Marília disse com os olhos marejados "E por favor me mantenham informada, não façam nenhuma besteira!" Continuou "E você Maraísa, lembre-se dos conselhos que eu lhe dei" Finalizou e Maraísa a abraçou "Eu te amo" Foi a única coisa que a morena conseguiu dizer "Para sempre"
"Eu vou dar um jeito de saber notícias de vocês" Marília disse "Eu só preciso dar um jeito na minha vida" Ela explicou.
Maiara a abraçou pela última vez, beijando sua face e, apertando sua mão com força.
"Eu sempre tive ciúmes de você com Maraísa, mas eu sempre te amei, você é nossa trigêmea" Falou entre lágrimas "Cuide-se!" Ela finalizou.
As duas entraram no carro chorosas, e eu me aproximei de Marília.
"Esse é meu telefone, sempre que quiser saber notícias me ligue" Falei "Nem se que seja a cobrar" Falei "Isso é para você ajeitar a sua vida" Falei dando a ela R$ 200,00 e me despedindo com um aperto de mão.
"Cuide delas para mim" Ela falou se retirando dali. Eu fiquei avistando ela ir embora, os cabelos loiros sendo jogados de um lado para o outro pelo vento.
[...]
A viagem para São Paulo foi triste, como um velório, Maiara chorava copiosamente no banco de trás, enquanto Maraísa dormia no banco da frente, ela parecia cansada, as feições eram tristes. Vez ou outra eu a encarava, fazendo carinhos em seus cabelos, ela se mexia lentamente, resmungava algo e voltava a dormir.
Para onde eu levaria as duas? Eu poderia levá-las ao meu apartamento, pois, Maggie ainda estava ali e, eu precisava terminar com ela antes. A vinda das gêmeas comigo não estava nos meus planos e, agora eu precisava pensar urgentemente em um plano B.
Resolvi levá-las para um hotel, inventando a desculpa de que meu apartamento estava em reforma e, que assim que ela terminasse eu as levaria para minha casa.
"O que vamos fazer agora?" Uma Maiara perguntou chorosa e, eu estava tão ocupado com meus pensamentos que nem prestei atenção.
"Eu vou cuidar de vocês" Falei "Vamos conversar sobre isso depois que tudo estiver acertado. Agora você precisa descansar" Disse calmo "Seu dia foi cheio de emoções" Finalizei
"Obrigada por tudo Danilo, Maraísa tirou a sorte grande ao conhecer você. Sei que seria incapaz de fazer mal a ela" Ela disse com um sorriso. Eu me senti culpado, pois de certa forma, eu estava omitindo um dado importante da minha vida, não contando a ela que tinha uma companheira. Eu não a amava, todavia, estávamos juntos. Eu sou um otario! Pensei.
Parei em frente ao hotel e cuidei do check in, Maiara havia dormido assim como Maraísa e, para não acorda-las, eu mesmo as levei para o quarto, as deitei na cama e, pedi para que um chofer levasse as malas das duas até o local onde elas passariam a noite.
Depois de tudo pronto, eu as cobri e, fiquei olhando Maraísa dormir por alguns instantes. Ela parecia tão em paz, que esqueci de tudo que havia acontecido há alguns momentos atrás.
Nesse momento eu tinha mais uma responsabilidade em minha vida, cuidar daquela morena com todo o cuidado do mundo, afinal de contas, o mundo havia sido cruel com ela.
Fiz leves carícias em seus cabelos e, beijei sua testa "Eu te amo" Disse baixo "Com toda a minha vida e coração" Falei e ela acordou.
"Deita aqui comigo" Ela falou em um sussurro "Por favor!" Disse com olhos suplicantes e, eu o fiz, deitei no meio das duas e, fiquei ali, alisando os seus cabelos, todavia, ela permanecia acordada pensativa.
"Não consigo dormir" Ela falou baixo "Estou completamente desorientada" Finalizou
"Vou fazer com que você relaxe, você me permite?"Perguntei
"Claro" Ela respondeu. Eu levei dois de meus dedos até minha boca, molhando-os com saliva, em seguida, levei-os até seus seios, fazendo leves carícias circulares em sua areola mamária. Ela estremeceu com o meu toque e pelos meus dedos úmidos com o líquido molhado, mas senti, que ela pareceu acalmar-se. Respirando com mais dificuldade pelo movimento que eu estava fazendo. Dei-lhe prazer por alguns instantes, ela gemia baixo em meu ouvido.
"Obrigada" Ela disse enquanto eu acariciava levemente sua mama direita
"Não há de que" Disse "Da próxima podemos ir mais além" Falei malicioso
"Eu adoraria" Ela falou fechando os olhos, eu fiquei ali por mais alguns instantes, até que ela pegou no sono e eu sai dali fechando a porta com cuidado.
Eu vou cuidar dela para sempre. Pensei fazendo uma promessa. Porque, quando ganhamos na loteria temos que cuidar do nosso prêmio, caso contrário, ele se esvai pelas nossas mãos. E eu não queria nunca perder aquela morena da minha vida.
[...]
Cheguei em casa tarde, estava acabado, encontrei Maggie sentada no sofá, assistindo a um filme na televisão, todavia, ela não me parecia estar prestando atenção.
"Você demorou, hein!" Ela disse me encarando dos pés a cabeça "Onde estava?" Perguntou
"Voltando do interior" Expliquei
"A viagem foi tão boa, que quis ficar o máximo de tempo possível lá" Finalizei a explicação "Precisamos conversar" Disse sentando ao lado dela no sofá
"Está tarde, não podemos deixar para amanhã?" Ela perguntou. Isso era o certo a ser feito, mas eu precisava resolver isso agora.
"Tem que ser hoje" Disse sério e ela desligou a televisão me olhando atentamente
"O que houve?" Ela me perguntou preocupada
"Quero terminar tudo com você!" Disse sincero e ela engoliu em seco
"Como assim?Por que?" Ela perguntou
"Nós nunca nos amamos, por que continuar presos a um sentimento inexistente. Percebi que é o momento de encontrar alguém que goste de mim de verdade" Falei
"E por que você só me diz isso depois de 4 anos de convivência? O que deu em você?" Ela perguntou perplexa.
"Eu conheci o amor Maggie, agora eu entendo o significado de borboletas no estômago, de ficar nervoso só de pensar em ver a pessoa, de sentir o coração batendo tão forte, que parece que vamos infartar" Disse "E eu quero viver isso, eu preciso disso, mas não seria certo, se você continuar na minha vida" Expliquei "Por isso eu preciso que você saia" Falei
"É muito fácil assim, Danilo, você me usa, e quando percebe que não precisa mais de mim, me descarta como se eu fosse um lixo" Falou com ar magoado " Poxa, eu não te amo, fiquei com outras pessoas enquanto você esteve fora, mas, não estou te descartando da minha vida, até porque nós dois temos um trato. Ou você se esqueceu o motivo de estarmos juntos?" Ela perguntou "Você sabe que temos um acordo" Finalizou
"Eu quero dar um basta nesse acordo, eu já fiz a minha parte, agora quero ser feliz" Disse "Eu mereço ser feliz
"Você não vai conseguir ser presidente da empresa, só conseguirá isso se continuar comigo, aí sim o meu pai irá te nomear, caso contrário, você vai continuar no jurídico pelo resto da sua vida, agora, casando-se comigo, as suas chances de ganhar uma promoção são maiores" Ela disse "E com você, meu pai, parou de me encher o saco, ele me deixa fazer o que quiser, pois entende que não tem mais responsabilidade sobre mim, já que agora, tem meu namorado para me vigiar" Explicou
"Eu posso ser exonerado da empresa, posso viver a vida inteira no jurídico, posso ser demitido, mas não estou nem aí. Eu só quero a mulher que eu amo" Falei "Não me importa mais esse acordo que foi feito quando eu era um jovem imaturo, que não tinha conhecido o amor de verdade" Expliquei "O dinheiro não é nada quando não estamos felizes, Maggie e, eu não estou feliz com você" Finalizei
"Quem é essa mulher Danilo? O que ela fez com você? Será que você não foi alvo de nenhum trabalho? Por que da forma que está agindo parece que foi enfeitiçado" Ela explicou
"O amor muda as pessoas, gostaria que você entendesse isso" Falei "E não fosse tão ligada ao dinheiro"
"Tudo bem, Danilo, vou te deixar viver esse amor, deixarei você livre, só te peço duas coisas" Ela disse " Dê-me 3 dias para arrumar um lugar para ficar" Falou e eu assenti positivamente com a cabeça
"E a outra coisa?" Perguntei
"A outra coisa é uma pergunta, quem é essa mulher?" Ela perguntou
"Ela se chama Maraísa e é uma artista de circo" Falei e ela riu gostosamente, como se eu tivesse lhe contado uma piada.
"Você está bêbado?" Perguntou ainda rindo
"Não, estou tão sóbrio quanto um juiz em dia de audiência. Agora, quer por favor parar de rir?" Pedi
"Danilo, você não está no seu juízo perfeito!" Ela disse segurando riso
"Quem sabe disso sou eu! Dou-lhe 3 dias para sumir da minha vida, eu cuido do resto! Boa noite" Falei indo em direção ao meu quarto. Ela ficou parada estática na sala.
[...]
No dia seguinte eu acordei, Maggie havia dormido no quarto de hóspedes, tomei um banho demorado e quente e, vesti meu paletó. Rumando em direção a cozinha, Maggie já havia acordado.
"Bom dia senhor perdi o juízo " Ela disse irônica
"Bom dia" Limitei a responder, afinal de contas não queria perder a cabeça logo de manhã
"Fiz café e comprei pão de queijo, se quiser" Ela disse
"Não quero, obrigado" Falei saindo dali "Precisa de carona?" Perguntei
"Não, eu vou com o meu carro, tenho que passar em umas casas que estou pensando em alugar" Ela disse "Afinal de contas, dar carona é coisa de namorados" Ela disse me alfinetando
"Você nunca foi minha namorada, ontem mesmo disse que na minha ausência dormiu com outros, no plural" Falei "Que droga de relacionamento funciona assim?" Perguntei
"Tenho certeza que você dormiu com aquela mulher do circo lá, por isso está doidinho por ela" Falou
" Mas foi a primeira vez que eu fiz isso, você já fez isso muitas vezes, enquanto eu estava sendo fiel a você" Expliquei
"Sempre gostei de relacionamentos abertos e, o nosso era assim. Você podia dormir com outras se quisesse, mas era tão careta que não o fazia" Dei de ombros e sai dali deixando-a falar sozinha.
Desde que eu conheci Maggie as coisas funcionavam assim, ela dizia que monogamia não funcionava, que não conseguia ser fixa de apenas um parceiro e, por isso, tinha outros, os quais eu não me importava, afinal de contas, estávamos juntos por aparências e, para cumprir o contrato, eu não ficava com outras pois não sentia a necessidade, era uma pessoa ocupada e, não queria ter mais uma noite de prazer com alguém que eu não sentiria nada, apenas desejos carnais, eu não necessitava disso, pois já tinha Maggie e, isso já me bastava.
Peguei meu carro e, rumei até o hotel das meninas, chegando na recepção falei com a recepcionista que me autorizou a subir até o quarto das duas.
"Veja isso irmã, é uma jacuzzi! Será que podemos tomar banho aqui?" Fui capaz de escutar Maiara falando animada. Eu ainda estava do lado de fora do quarto, me preparando para bater na porta, todavia, estava arrumando meus cabelos, que pareciam desalinhados demais. Bati na porta e, uma Maraísa que usava apenas um sutiã de renda vermelha e um short curto branco atendeu. Ela sorriu sem graça ao me ver parado ali na frente e, eu senti meu pênis latejar ao vê-la desse jeito.
"Oi" Disse sem graça "Vim ver como você está, quer dizer, como vocês estão" Me corrigi, estava tão nervoso olhando para ela, naquela roupa provocante que esqueci de Maiara.
"Maiara está ótima, já deu um jeito de falar com Marília e, as duas estão combinando um passeio mais tarde e, eu bem, estou um pouco melhor" Falou olhando para baixo, uma lágrima solitária escorrendo pelo seu rosto claro. Aproximei-me dela com carinho e a abracei, ela se aconchegou em meu abraço e, ficamos assim por alguns instantes. "Obrigada por tudo!" Ela disse sussurrando em meu ouvido e eu assenti positivamente com a cabeça, afinal de contas, ela não precisava me agradecer.
"Você é minha namorada, tenho que te tratar como tal" Disse também em um sussurro e, quando dei por mim estávamos nos beijando.
"Ei! Não se esqueçam que eu estou aqui!" Maiara disse "A não ser que se importem de eu ver vocês dois se agarrando" Falou divertida. Nos separamos rapidamente, Maraísa vermelha como um pimentão e, eu completamente sem graça.
"Bom dia Maiara" Disse estendendo a mão para que ela me cumprimentasse
"Bom dia cunhado!" Ela falou sorrindo "Você está um gato nesse terno cinza claro, Maraísa tem bom gosto para homens" Ela falou e, eu senti um leve tom de tristeza em sua voz ao falar do gosto de homens da irmã, todavia, não disse nada, apenas dei risada.
"Maiara! Danilo não é seu cunhado" Ela a repreendeu
"Desculpe, Danilo" Ela falou sem graça
"Você está certa Maiara, eu serei seu cunhado. E obrigado pelo elogio" Disse sorridente "Bem, eu vim convidar minhas duas mulheres favoritas para tomar café da manhã" Falei "Esse hotel tem uma variedade imensa" Finalizei e Maiara sorriu
"Eu não entendi o motivo de estarmos em um hotel, amor?" Maraísa disse "Por que não fomos para o seu apartamento?" Ela perguntou e eu senti um fio de suor percorrer minha espinha
"Está em reforma" Me expliquei "Por isso, as trouxe para cá, daqui há 3 dias os pedreiros terminam e, eu as levo para ir morar lá" Disse e ela pareceu entender.
"Esse quarto é caro, não temos como pagar, poderíamos ficar em uma pensão, nesse meio tempo" Maraísa falou
"Quem disse que você vai pagar?" Falei sério "Você é minha namorada agora, eu tenho que oferecer o melhor para você e, para minha cunhadinha ali." Falei me referindo a Maiara "Falando nisso, eu preciso ter uma conversinha com ela para decidirmos algumas coisas" Disse e ela sorriu.
"Quando quiser, Danilo" Maiara respondeu
" Agora podemos ir, ou você vai continuar com essa cara zangada?" Perguntei olhando fundo nos olhos de Maraísa, que demonstravam descontentamento. Eu sabia que ela odiava dar trabalho e, estar ali, a estava deixando irritada, por não ter como pagar.
"Eu não estou zangada, só estou pensativa. Isso é demais para mim, Danilo. Eu não sei se mereço tudo isso" Falou
"Você merece o céu, mas eu não posso dar ele para você" Disse "Não se preocupe com nada, deixe-me cuidar de você"
"Eu odeio ser cuidada, me sinto como um bebê indefeso" Falou
"Mas você é minha neném" Disse apertando levemente a bochecha dela "Se você for parar para pensar, você tem até tamanho para isso" Falei olhando para baixo, me referindo a sua baixa estatura. Ela fingiu que estava nervosa, mas percebi um leve sorriso em seus lábios, o qual ela tentava a todo custo esconder.
Ela vestiu um vestido negro e, descemos, Maiara foi na frente observando tudo e, eu fui atrás com Maraísa, meus braços enlaçados nos dela, conversando sobre o futuro.
"Estou pensando em pedir emprego como cantora em algum restaurante" Ela disse "Você se importaria?" Ela perguntou
"Não, pois sei que cantar te faz feliz e, eu quero te ver bem" Falei
"Depois vou tentar alugar uma casa para morar com Maiara e Marília" Explicou "Marília está pensando em pedir as contas e, vir para cá, afinal, ela não concorda com a postura de Antônio" Falou
"Você não precisa alugar uma casa, pode morar comigo" Falei "Não quero passar tanto tempo longe de você" Disse beijando levemente seu nariz, ela sorriu
"Mas as meninas precisam de um lugar para viver" Ponderou
"Elas podem viver conosco até se arranjarem" Disse "Tem lugar para todo mundo"
"Sabe que apesar de tudo eu estou feliz em estar aqui com você" Ela falou contente "De certa forma eu me sinto protegida" Disse virando-se para mim, nossos lábios se encontraram e demos um selinho rápido.
"Eu te amo" Falei
[...]
O café da manhã na companha delas me fez esquecer de todos os meus problemas, todavia, ao chegar na empresa, eles vieram com força, com João Mesquita dizendo que, com minha ausência tínhamos uma pilha de processos a serem analisados.
"Eu te dei uma folga, Danilo, entretanto, agora, é momento de você mostrar serviço" Ele falou "E quando você e Maggie vão casar?" Ele perguntou "Eu quero netos" Falou e eu fingi que não ouvi. Afinal de contas, não queria me recordar de Maggie. Minha vontade era responder que iríamos nos casar no dia de São Nunca a tarde e, nosso primeiro filho nasceria no dia 31 de fevereiro pela manhã. Estava odiando Maggie e sua ironia!
Por sorte, os pensamentos em Maraísa e, saber que ela estava próxima a mim, faziam com que eu conseguisse esquecer por alguns instantes todo aquele trabalho árduo e cansativo. Por isso, quando finalmente o expediente acabou, eu dei um suspiro longo e, sai dali o quanto antes.
"Hora de ver minha princesa" Disse ao entrar no carro "Mas antes, eu preciso comprar uma coisa" Falei indo em direção ao shopping.
Eu ia pedi-la em casamento e, decidi passar na Vivara para comprar uma aliança, agora, ela era minha responsabilidade e, nós dois formaríamos a nossa família, longe de Tonho, Maggie e todos os outros que iam contra nosso amor. Eu estava feliz, pensando no modelo ideal para ela. Talvez algo mais simples, pois sei que ela odiava chamar atenção. Para combinar com as alianças, eu poderia comprar um par de brincos, para que ela usasse no dia da nossa festa de noivado.
[...]
Após comprar as alianças, eu passei em uma floricultura que funcionava a noite e comprei rosas, depois disso, rumei para o hotel, o coração batendo forte, as mãos suando. Eu havia feito um texto, o qual leria para ela na hora de pedi-la. E se desse errado? E se ela não aceitasse? Mil pensamentos catastróficos passavam pela minha mente e, eu tentava a todo custo dissuadi-los.
Liguei o rádio e, uma música sertaneja ecoou pelo ambiente, isso me fez recordar dela, já que ela amava músicas desse tipo, e esse era seu estilo favorito.
Quando cheguei ao hotel já passava das oito horas da noite, eu peguei as flores e, escondi a caixinha com a aliança no bolso do paletó. Cheguei na recepção do hotel e, pedi para que eles preparassem o melhor jantar possível e levassem até o quarto onde Maraísa estava hospedada. A moça me olhou sem palavras, como se estivesse pensativa com algo.
"Algum problema?" Perguntei
" Na verdade sim, senhor. As hóspedes que estavam nesse quarto se foram hoje a tarde, acompanhadas de uma moça loira. Uma delas deixou uma carta para o senhor" Ela disse me encarando com uma certa pena.
"Mas elas vão voltar, certo?" Perguntei
"Acredito que não, senhor" Ela disse "Uma delas, a morena que me entregou a carta, estava muito nervosa e, só pediu para que eu te entregasse a carta" Explicou
"O que aconteceu? Por que elas saíram assim? Para onde elas foram?" Perguntei
" Infelizmente não consigo responder a essas perguntas, talvez a carta tenha as respostas" Ela disse e eu peguei a carta.
Eu precisava saber o seu conteúdo, com uma certa urgência.
Aonde você se meteu, Maraísa? Por que me deixou?
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O circo [DANISA]
FanficAté onde você iria por uma artista de circo? Danilo, 30 anos, advogado, cansado da vida atribulada da cidade de São Paulo, decide passar uma semana longe da vida urbana, em uma cidade do interior, onde tudo parecia parado no tempo. Sua vida antes me...