Boa leitura ☺️
Por Maraísa
Dizem que as mamães, ao conhecerem seus filhos ficam bobas, como se não acreditassem no milagre da vida à sua frente, como se aquilo fosse irreal, afinal de contas, eu gerei por 38 semanas e 4 dias um bebê que nasceu de 3.200 gramas. Eu não era alta alta assim, continuava franzina e, me perguntava como meu corpo tinha estrutura para suportar por todo aquele tempo Isabella em meu ventre.
E quando ela veio eu senti como se meu mundo estivesse completo, como se nada mais faltasse, afinal de contas, a vinda dela me trouxe ele, de volta em minha vida. Ok, eu não queria admitir, mas estava feliz por ele estar ali, por ter apoiado a minha gestação mesmo descobrindo quando eu estava quase dando a luz e, por ter me dado força no momento do parto, o qual era o que mais me amedrontava.
"Seu marido está preocupado lá fora" Um enfermeiro de cabelos castanhos crespos e uma barba que cobria grande parte de seu rosto disse. "Ele parece gostar bastante de você" Ele falou enquanto me colocava na maca e tirava minhas roupas, dando-me um avental e, me auxiliando a vesti-lo.
"A propósito, eu sou Gustavo"Disse sorrindo. Ele parecia ter uns 25 anos no máximo, tinha um sorriso largo e, por algum motivo me transparecia paz. A agitação dele me recordava Maiara.
Eu fiquei calada enquanto ele me preparava, as dores eram insuportáveis e, ele pareceu perceber que eu não estava bem.
"O médico já vem" Ele disse com uma certa pena "Quer que eu chame alguém?" Ele perguntou.
Eu sabia que teria que abrir minhas pernas para que o médico me examinasse, por isso, optei por ficar sozinha, evitando que outras pessoas me vissem praticamente nua, em uma situação extremamente desagradável.
"Não precisa, eu estou bem" Menti e, fechei os olhos. A dor era lancinante é insuportável e, eu só queria que tudo acabasse e ficar com minha pequena nos braços.
O médico veio alguns segundos depois, ele me examinou e, disse que Isabella estava sentada, explicando que eu precisava fazer uma cesariana, o que para mim significava ser cortada! Desesperei-me e, ele pareceu notar, me tranquilizando e, dizendo que isso era habitual. Depois chamou um anestesista que, me anestesiou e, eu não senti mais nada da cintura para baixo o que me deixou mais nervosa.
Gustavo entrou no quarto quando eu cantava uma canção de ninar para Isabella e, acariciava meu ventre, eu estava com medo e, cantar estava aliviando um pouco as sensações ruins que eu estava sentindo. Ele sorriu ao me ver assim e, aproximou-se.
" Bela voz para uma bela mulher" Disse galanteador. Eu sorri sem graça. "Só vim dizer que a sala de cirurgia já está reservada e, eles estão aguardando a liberação do bloco cirúrgico" Concluiu. "Vou chamar seu acompanhante para que ele se prepare" Falou saindo dali.
Eu queria que Maiara ou Marília me acompanhassem no parto, na verdade, elas haviam tirado no par ou ímpar quem me acompanharia, todavia, uma sempre perdia e, pedia para fazer de novo, a outra cedia e, elas ficavam nesse jogo sem fim durante toda a minha gestação. Acreditei que ele escolheria uma delas e, agradeci mentalmente para que ele não tivesse pedido para que eu escolhesse.
Continuei cantando e, acariciando minha barriga, Isabella pareceu se acalmar e, consequentemente eu comecei a me sentir melhor. Eu a teria nos braços em poucas horas e, estava feliz por isso. Como ela seria? Teria os traços de Danilo? Seria parecida comigo? Como seria nossa vida a partir de agora? Voltaria com Danilo? Encontraria outra pessoa? Estava tão absorta em pensamentos que não percebi um Danilo nervoso entrar na sala. Só me dei conta que ele estava ali quando ele se aproximou de mim.
Então era ele meu acompanhante, ele que estaria comigo nesse momento, ele que veria de perto o milagre da vida ocorrendo?! Senti medo, não do nascimento de Isabella, mas por ficar tanto tempo junto a ele. Eu não podia ceder, por mais que eu quisesse, eu não queria dar uma segunda chance, por medo de sofrer de novo. Sentia-me como aquelas pessoas que tem estresse pós traumático e, tem medo de sair de casa e, fazer coisas normais do dia a dia. Era como se eu tivesse em um quadro semelhante.
A dor voltou com força e, eu me segurei para não gritar, pobre homem, já tinha vindo o caminho inteiro com meus gritos, deveria estar com dor de cabeça! Mas ele pareceu não se incomodar e, eu por, algum motivo que me recuso a aceitar estava gostando de Gustavo ter chamado ele. Lá no fundo eu estava disposta a esquecer tudo e, passar o resto da minha vida na companhia daquele homem que parecia querer vomitar de tão assustado que estava. Eu queria rir, mas isso significava contrair o abdômen e, consequentemente mais dor.
Ah que saudades dele, da companhia dele e, da sua presença em minha vida! Começamos uma conversa onde eu estava disposta a colocar todos os pingos nos "is", afinal de contas, eu tinha medo que ele levasse Isabella de mim quando ela nascesse e, sumisse com ela para sei lá onde. Todavia, ele não iria fazer isso, algo em mim dizia que ele não a levaria de mim. E a conversa com ele foi me acalmando e, eu fui aos poucos me entregando, sentindo todas as emoções se reativarem dentro de mim, como se nunca houvéssemos nos separado, como se ele sempre estivesse ali comigo. Ele acariciava meus cabelos e, eu comecei a sentir-me protegida, uma característica dele, me fazer sentir-me assim. E, por um instante eu perdi todo o medo e, percebi seus lábios se aproximando dos meus, os olhos dele sendo fechados e, os meus também, de forma inconsciente, como se fosse automático. Meu corpo pedia isso e, eu não sabia como voltar a trás, como parar tudo que eu estava sentindo. Danilo parecia sentir o mesmo. Eu iria beija-lo novamente! E meu coração descompassou. Isso faria mal para o bebê?
E eu estava me concebendo que isso seria bom, que mesmo que fosse a última vez, pelo menos eu teria o gosto dele na minha memória, pelo menos eu o teria junto a mim de novo, seus lábios junto aos meus, nossas respirações compassadas. Eu precisava disso e, eu queria isso! Mas se o fizesse estaria me colocando de novo no papel de amante, o que eu não queria. Todavia, agora, não era hora de pensar isso. Eu só precisava dele e da boca dele e, da língua dele e, dos lábios dele e, do calor dele junto de mim. E quando estava prestes a sentir aquilo de novo, o médico entrou e, tudo se esvaiu. O destino estava me dando o sinal, não era para beija-lo, eu não podia confundir as coisas de novo. Eu tinha que seguir meu caminho, sem ele.
[...]
A sensação de estar sendo cortada foi esquecida com os assuntos que eu e Danilo tínhamos, havíamos ficado muito tempo separados e, era normal que eu quisesse saber de sua vida, o que ele tinha feito nesse meio tempo. Todavia, saber da vida dele me implicava em detalhes de sua vida pessoal, o que me levavam a Maggie. Eu não queria imaginar que ela fosse a esposa dele, que ela compartilhava coisas com ele que eu nunca compartilharia. Ele era dela e, eu tinha que me conformar com isso. Contudo, ele não parecia estar feliz, ele dizia para todos que iria divorciar-se dela e, viver comigo, pois era a mim que ele amava. E meu coração se derretia a cada vez que ele dizia isso e, por mais que eu tentasse esconder isso era bom demais para ser verdade. Eu era má por desejar que ele realmente a deixasse? Eu era uma pessoa ruim por querer ele por perto?
Estava tão feliz ao lado dele, escutando sua voz próximo ao meu ouvido em sussurros que faziam com que todos os pelos do meu corpo se eriçassem e suas carícias em meu cabelo, que me deixavam entregue completamente, que nem notei que o médico havia tirado a minha filha. Eu só escutei seu choro e, foi como se tudo fosse real, como sr tudo fizesse sentido, como se eu estivesse no lugar certo e na hora certa. Agora eu era mãe, não estava mais sozinha, eu poderia não ter mais Danilo comigo, mas tinha a Isabella e, seria feliz apenas pelo fato de ter uma recordação dele em minha vida. Lágrimas escorreram com força do meu rosto e, ele apressou-se em limpa-las. Deus eu estava me apaixonando por ele novamente? Ou nunca havia deixado de amá-lo?
Acho que vou ficar com a segunda opção.
[...]
Quando acordei ele não estava mais lá, havia sumido, eu estava em um lugar desconhecido, sem minha filha, com uma série de aparelhos me monitorando. Eu sentia frio e a garganta seca. Tudo estava confuso.
"Bem vinda de volta" Gustavo disse, ele estava sentando ao meu lado "Você teve uma hemorragia uterina, mas o médico já resolveu" Ele falou.
"Onde está ela e Danilo?" Perguntei
"Isabella está no berçário e, Danilo está lá fora" Disse "Junto com uma ruiva linda, diga-se de passagem e, uma loira nervosa" Falou galanteador.
"A ruiva linda é minha irmã, ela tem nome, chama-se Maiara, trate de respeitá-la!" Disse nervosa.
"Desculpe, foi mais forte do que eu" Disse "Quer que eu peça para chamá-la?" Ele perguntou e eu assenti positivamente com a cabeça. Eu queria vê-la. Se eu pedisse para chamar Danilo as sensações a flor da pele voltariam e, eu precisava de um tempo para pensar em tudo que eu estava sentindo. Minha psicóloga disse que meus sentimentos por Danilo iriam embora, todavia, acredito que ela estava enganada, já que parece que eles voltaram com força. Suspirei e, quando dei por mim, Maiara estava ao meu lado, sorridente e feliz. Gustavo a observava de longe, encarando-a com ar de interesse.
"Eu sou titia!" Ela falou contente e, eu sorri contagiada por sua emoção. "Como você está? Cadê minha afilhadinha?" Ela perguntou
"Eu estou bem, só com muito sono e com dores pelo corpo, especialmente na região da barriga, estou me sentindo um pouco fraca, sabe" Falei "E a Isa, está no berçário" Disse já cansada. Sentia que mesmo com leves esforços como falar, meu fôlego já sumia.
"Irmã, eu sei que não é o momento nem a hora, mas a curiosidade está me corroendo por dentro. O que aconteceu entre você e o Danilo, como ele foi parar lá em casa?" Ela perguntou
"Ele me procurou logo depois que você entrou em casa, tocou a campainha e, eu fui atender imaginando ser Rose, todavia, tive uma enorme surpresa ao encontrá-lo ali, plantando" Expliquei "Eu achei que não o veria nunca mais todavia, ele tem o poder de aparecer quando ninguém o espera" Disse "E como ele descobriu aonde eu morava eu não sei, imagino que deva ter contratado alguém para nos seguir ou algo do tipo" Finalizei. Ela notou que eu estava cansada por ter falado bastante.
"E vocês, se acertaram?" Ela perguntou
"É difícil dizer isso, Maiara, porque os meus sentimentos por ele são confusos. Quer dizer, eu o amo, mas sinceramente, tenho medo das coisas se esvaírem de novo, dele mentir para mim. Eu não sou ninguém do lado dele irmã, o homem é advogado, estudado, tem dinheiro e posses e, o que eu sou do lado dele? Além de uma cantorazinha de circo, como a esposa dele mesmo disse" Falei e ela suspirou.
"Irmã, ele te ama, ele não está preocupado com a sua profissão, sinceramente ele se importa com você, quer estar do seu lado. Danilo dirigiu feito louco para chegar até aqui, ele estava desesperado, até chegou a discutir com Marília algumas vezes. E quando chegou no hospital, seu atordoamento era tão grande que ele disse que você era a esposa dele para o enfermeiro gatinho que está ali atrás" Maiara disse apontando para Gustavo que nos observava de longe.
"Eu não sei Maiara, sinceramente, eu estou perdida em sentimentos. Eu fui amante dele, tem noção do quanto isso é humilhante? Ele fala que vai se divorciar, mas e se for mais uma de suas mentiras? Honestamente, eu só acredito vendo" Falei.
"Vamos dar tempo ao tempo, todavia, o que eu percebo é um sentimento muito forte do Danilo em relação a você. Os atos dele demonstram que ele está arrependido e que te ama de verdade. Irmã, você viu como ele emagreceu? Como ele está diferente, com olheiras? Ele não era assim, os olhos dele antes tão brilhantes estavam sem brilho enquanto ele dirigia para cá. E depois que ele foi para perto de você, que viu a Isabella nascer, eu percebi o brilho retornando, como se ele precisasse disso. Como se ele quisesse estar com vocês" Ela falou
"Os olhos dele podem ter brilhado por ter conhecido a filha" Expliquei e ela suspirou
"E quem foi que deu a luz a filha? Quem foi a pessoa que deu esse presente a ele?" Ela perguntou
"Eu" Falei baixo
"Não deixe a segunda chance de amar esse homem passar, porque eu sei que você o ama. Entendo que você sofreu muito, entretanto, é o seu momento. Eu percebi que você está mais tranquila agora que ele está aqui. Só fiquei triste por você ter escolhido ele para entrar e não eu" Ela disse
"Eu não o escolhi, ele simplesmente apareceu e, por mais que eu não queira admitir, a companhia dele foi ótima. Ele cuidou de mim, fez carinho, conversamos, e eu me senti segura na sala de parto. Não sei o que seria de mim se ele não estivesse ali" Expliquei "Agora eu preciso descansar irmã, já falei demais e, estou me sentindo cansada e com sono" Disse. Maiara acariciou meus cabelos e deu um beijo em minha testa.
"As coisas acontecem no momento certo, se for para ser, que seja. Eu só quero dizer que estou torcendo por você, independente do que você escolher" Ela disse ainda acariciando meus cabelos.
"Eu amo ele, mas sei viver sem ele, esses nove meses me mostraram isso, mesmo com as saudades absurdas eu consegui me virar sozinha" Falei "Mas ao vê-lo toda aquela paixão avassaladora retorna com força e, eu tenho uma vontade louca de beijá-lo" Expliquei.
"Descanse irmã, agora não é o momento de pensar nisso." Ela falou e eu fechei os olhos. E, eu conseguia escutar Gustavo e ela conversando sobre temas aleatórios enquanto eu dormia.
[...]
Acordei com Isabella chorando, Marília que estava ao meu lado pegou-a nos braços e, a entregou a mim.
"Acho que ela está com fome" Ela disse " E só você pode resolver o problema dela " Falou fazendo menção aos meus seios. Eu soltei uma leve risada, o que causou dor em meu abdome. Marília pareceu perceber.
"O médico disse que irá doer por uns dias, mas que passará" Ela falou "Todavia, você vai ter que ficar 1 semana aqui para ele te acompanhar melhor. Parece que você teve uma hemorragia no útero e, perdeu muito sangue" Explicou "Isa já veio dando trabalho" Ela disse "Mas eu amo esse pacotinho de amor que você e o imbecil fizeram!" Marília disse.
"Não o chame assim, não na frente dela!" Falei fazendo menção a Isabella.
"Ela não vai se recordar disso" Marília disse "E sinceramente, estou preocupada com as atitudes dele"
"O que ele fez?" Perguntei
"Está agindo como se nada tivesse acontecido "Como se ele não tivesse mentido! Maraísa, por Deus, você não está pensando em voltar com ele, né? Não quer ser como a Maiara que ficou meses chorando pelo Fernando?" Ela perguntou e eu suspirei.
" Não sei Marília! Não sei! Estou confusa demais!" Disse chorando.
"Desculpa amiga, é que eu estou tão nervosa com as atitudes do Danilo! Tenho medo dele te amolar novamente!" Ela disse me abraçando. "Mas vamos nos concentrar em coisas mais importantes, como essa garotinha linda mamando" Ela falou e, nos a olhamos, ela mamava tranquilamente, como se a sua mãe não estivesse uma pilha de nervos por conta do pai dela. Ah! Como eu queria estar tranquila desse jeito!
Marília sentou-se ao meu lado e, eu procurei me concentrar apenas em Isabella, seus olhos estavam fechados e, ela sugava o leite com destreza. Observei-a, ela tinha os cabelos negros, a pele alva como a neve e os lábios rosados. Ela não se parecia comigo, muito menos com ele. Isabella tinha cara de joelho, como a maioria dos bebês. Mas segura-lá me acalmava e eu conseguia pensar melhor.
Marilia estava certa, ele podia me magoar, todavia, Maiara disse que eu poderia dar uma nova chance a ele, entretanto, o que eu queria fazer? As duas me amavam muito e, se importavam comigo, contudo, apenas eu poderia decidir o que fazer, naquele momento.
Talvez eu devesse esperar, dar um tempo, não agir tão rápido como fizemos da última vez. Todavia, todas as vezes que eu estava com ele eu não pensava, minha racionalidade ia para o lixo e, eu simplesmente agia com a emoção, deixando a razão de lado. Isabella era a consequência desse meu ato. E, olhar para ela, faixa com que eu refletisse e, jurasse a mim mesma que não poderia mais cometer o erro de sair me entregando a qualquer um, mesmo que esse qualquer fosse Danilo.
Isabella terminou de mamar e, eu a entreguei a Marília, para que ela a colocasse no berço, ela a pegou com cuidado, enquanto meu olhar estava fixo em um ponto no horizonte.
"Você está pensando nele, não está?" Ela perguntou
"Eu decidi dar uma segunda chance a nós. Eu mereço isso!" Falei. Marília suspirou
Ela não podia decidir por mim!
[...]
Ok, eu já estava com saudades dele, pois eu não o tinha visto desde a madrugada anterior e, meu coração batia em descompasso ao pensar que talvez ele não viesse. Minha mente criou mil pensamentos catastróficos, do tipo, ele não vai vir mais me ver, pois se arrependeu de tudo e, decidiu continuar com Maggie.
Eu estava nervosa, Marília havia ido à farmácia comprar alguns medicamentos e, Maiara fora a escola estudar. E eu estava sozinha com a filha dele, pensando nele.
Certo, desde que eu havia decidido dar uma segunda chance a ele, estava ensaiando o que dizer, talvez eu pudesse falar que estava disposta a tentar caso ele quisesse, todavia, isso seria pequeno demais, dado a imensidão do meu sentimento.
Gustavo entrou no quarto sorridente, encarando-me feliz.
"Sua irmã é uma tremenda gata!" Ele disse "Com todo o respeito" Finalizou "E como você está?"perguntou "O médico pediu para checar seus dados vitais e fazer alguns exames, importa-se?" Ele perguntou
"Com relação a Maiara, se quiser ter algo com ela, vocês precisam da minha benção!" Falei brincando "E fique a vontade" Disse me referindo aos exames. Ele assentiu positivamente com a cabeça.
"Então você canta?" Ele perguntou enquanto examinava meu curativo
"Sim" Disse "Eu cantava em um circo, mas por problemas pessoais acabei me afastando e vindo morar na capital, onde trabalhava em um barzinho, cantando durante o dia, todavia, depois do nascimento da minha filha fui dispensada. Ninguém aceita mulheres que já são mães!" Falei triste.
"Ei, não fique assim, na verdade eu vim te fazer uma proposta" Ele falou "Eu trabalho aqui como enfermeiro, todavia, meu lance é outro" Disse "Eu tenho uma banda que está precisando de uma vocalista" Continuou " Nós tocamos no restaurante da minha mãe, e, lá é bem frequentado, como eu faço plantões noturnos, cantamos durante o dia, o que seria bom para você, já que poderá passar a noite com sua filha" Ele explicou "E o salário é bom" Disse "E o restaurante lota sempre, é de classe média alta" Finalizou e eu fiquei entusiasmada.
"Acho a proposta boa, mas você entende que nesse momento eu não posso aceitar" Expliquei "Já que acabei de dar a luz e, pretendo passar pelo menos 6 meses com a Isabella, até conseguir uma creche que a aceite" Disse
"Tudo no seu tempo, a vaga já é sua" Ele falou feliz "Só tem uma coisa, leve sua irmã com você quando for cantar, ela merece sair para se divertir um pouco." Deu uma piscadela. Eu fingi fazer uma cara feia.
"Ei, mudando de assunto, alguma enfermeira já veio aqui te ajudar a tomar banho?" Ele perguntou
"Não, estou me sentindo suja, já que estou desde ontem sem tomar banho" Expliquei
"Se não se importar eu posso te ajudar ou chamar alguma enfermeira" Ele disse
"Eu não me importo" Falei
"Mas eu me importo" Danilo disse entrando nervoso no quarto.
"Você demorou" Disse olhando-o sorridente. As borboletas no estômago voltaram e, eu senti como se toda a energia voltasse ao meu corpo "Senti sua falta" Falei sorrindo e, ele sorriu também. Ficamos em transe por alguns minutos. Meu coração batendo acelerado. Até que Danilo fitou Gustavo por algum tempo, encarando-o.
"Olá senhor Danilo" Gustavo disse " Sinto se te incomodei de alguma forma, só gostaria de auxiliar sua esposa a tomar banho" Ele disse "Todavia, se o senhor se importar eu poço chamar outra enfermeira, não tem problema" Continuou. Meu sangue ferveu, por que Danilo tinha que agir assim? Qual o problema do enfermeiro me auxiliar a tomar banho? Sem entender bem, me intrometi.
"Ele não tem nada que se incomodar, Gustavo, Danilo é o pai da minha filha. Não temos nada, inclusive ele tem uma esposa, portanto, eu posso fazer o que quiser da minha vida" Falei séria, olhando-o. Os olhos dele brilhavam de ódio e, eu senti que ele queria acabar com Gustavo, se pudesse. Eu não entendi bem o motivo de ter falado tudo aquilo, de ter exposto Danilo daquela forma, entretanto, eu não tinha gostado dele se intrometer na minha conversa daquele jeito, como se eu fosse propriedade dele.
"Faça o que quiser, eu só vim ver minha filha mesmo" Ele disse nervoso pegando Isabella dos meus braços, ela havia acabado de mamar e, dormia serenamente e, eu os observei juntos, meu coração bateu forte e, eu quis que ele chegasse mais perto de mim, quis dizer a ele, que não estava gostando do jeito que ele havia falado com Gustavo e, queria entender o motivo dele ter se intrometido na minha conversa. Mas eu não conseguia dizer nada, apenas observar os dois.
Gustavo saiu da sala, percebendo o clima que se formara entre nós dois. Quando ele saiu, Danilo sentou com Isabella na cama e, eu fiquei deitada encarando o nada, não queria olhar para ele. Por que eu tinha feito aquilo? Por que eu simplesmente não deixei que ele chamasse outra enfermeira? Porque Danilo não era meu dono, ele não podia decidir as coisas por mim, eu já era maior de idade, era hora de decidir minha vida! Sem perceber, notei que não tinha como eu continuar assim com Danilo, por mais que eu quisesse ainda tinha muita mágoa, o que dificultava as coisas. Eu amava ele, mas as lembranças ruins pesavam muito na balança do meu coração.
" Danilo?!" Chamei-o enquanto ele colocava Isabella no berço. Ele me encarou com cara de poucos amigos.
"O que foi?" Ele perguntou
" Desculpe" Falei "É só que eu não gosto que ninguém tome decisões por mim" Completei "E acabei me exaltando. Não entendi porque você entrou tão nervoso no quarto, eu só estava conversando com o enfermeiro" Finalizei "Não tem nada demais" Disse "Mas de certa forma, mesmo que tivesse, não teria problema, porque entre nós não há mais nada, além da Isabella. Você é casado" Disse
"Não mais" Ele falou "Eu pedi o divórcio hoje" Continuou. Meu coração deu um pulo e eu quis sorrir. Será que ele fez tudo isso para ficar comigo? " Porque nunca amei a Maggie e, estou interessado em outra pessoa, a qual me tira do sério, só por estar conversando com outro cara" Ele disse "Maraísa" Ele falou se aproximando de mim e segurando minha mão esquerda " Você me deixa maluco só de eu imaginar outro homem te dando banho! Porque eu tenho um medo absurdo de perder você! Eu nunca tive ciúmes, eu nem gosto disso, mas sinceramente, você consegue despertar o meu pior lado" Ele respirou fundo "E também o meu melhor, eu sinto que, com você, as coisas se tornam mais completas" Finalizou. Aproximando-se ainda mais de mim. Eu não neguei a aproximação.
" A cena que acabamos de protagonizar foi ciúmes?" Perguntei
"Sim" Ele disse vermelho de vergonha "Desculpe, eu não queria ter agido dessa forma, não vai acontecer. Você não quer nada comigo, eu já aceitei isso. Eu estou digerindo essa situação toda. Eu não vou mais te perturbar! Eu prometo que vou me controlar daqui para frente!" Ele falou. Eu não aguentei e o puxei para mais perto, a ponta dos nossos narizes se encontrou e eu podia sentir a respiração dele em meu rosto. Ele segurava na maca para não cair e, também para não se apoiar em meu abdome que estava com um corte em cicatrização. Eu fechei os olhos.
"Quem disse que você vai me perder?" Perguntei. "Eu amo você, seu ciumento ridículo!"XXX
Meninas, obrigada pelos comentários. Vocês são lindas demais! Continuem comentando. Desculpe a demora em postar, ontem estava com bloqueio criativo.
Beijos ❤️
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O circo [DANISA]
FanfictionAté onde você iria por uma artista de circo? Danilo, 30 anos, advogado, cansado da vida atribulada da cidade de São Paulo, decide passar uma semana longe da vida urbana, em uma cidade do interior, onde tudo parecia parado no tempo. Sua vida antes me...