Capitulo 01

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Por Carla Rosón
No segundo ano do ensino médio, fiquei
amiga de uma menina chamada Lu Montesinos
Ela até que era legal.
Exagerava um pouco no delineador roxo, não
parava de falar e dizia "tipo" toda hora, mas
fazíamos as mesmas aulas do primeiro semestre, então a amizade meio que veio por
inércia...

Enfim, Lu sempre dizia que seu melhor
amigo no mundo todo era Guzmán Nunier,
um garoto que conheceu quatro semanas
antes de promovê-lo a esse status.
Era, TIPO, AIMEUDEUS, A MELHOR COISA
DO MUNDO ter um menino com quem passar mais de duas horas sem as complicações que vem com o envolvimentos romântico.

Sei.

E verdade que melhores amigos de verdade
não conseguem passar mais de duas horas
sem mencionar o nome do outro, mas Lu
arrumava um jeito de mencionar Guzmán a cada duas frases.

Não era "só amizade" nada.

Acho que a relação deles foi mesmo platônica
por um tempo. Lu tinha um namorado
que largava e voltava desde o fundamental.
Mas qualquer um que já tenha visto um filme
ou um programa de interação humana, sabia
exatamente para onde Lu e Guzmán estavam
se encaminhando: PARA A TERRA DA
PEGAÇÃO.

Apesar de Lu jurar que não gostava dele "daquele jeito", os dois já estavam solteiríssimos no feriado de ação de graças
daquele ano.
No recesso de fim de ano, Lu não estava
mais tão ocupada dizendo "tipo" o tempo
todo. Porque?
Porque a língua de Guzmán estava dentro da
boca dela antes da aula, depois da aula e nos
fins de semana.

Mas todo mundo sabe como isso acaba, certo?

Alguns meses depois, Lu e Guzmán não só não
eram mais um casal como nem chegavam
perto de ser "melhores amigos".
O rápido romance e o rompimento que se
seguiu quase não provocaram fofocas na
escola, mas gosto de pensar que todos
aprendemos uma boa lição.

Homens e mulheres não conseguem ser só amigos.
Ou pelo menos não melhores amigos. Uma
hora vai rolar. Por culpa sua ou da bebida.

As coisas sempre acabam se complicando, a
tensão rola e quando você vê, já foi.

Agora vamos avançar um tempo na
história...

Aos vinte e quatro anos, tenho um anúncio de
utilidade pública a fazer: EU ESTAVA
ERRADA.
Garotos e garotas podem, SIM, ser melhores amigos.

Dá pra ter um relacionamento platônico com um cara sem qualquer desejo romântico, fantasia sexual e tentativas fúteis de esconder a dor do amor não correspondido com declarações ingênuas como" eu não gosto dele desse jeito"...

Como é que eu sei disso ?
Porque eu sou um dos lados dessa equação há seis anos.
SEIS ANOS.

HISTÓRIA VERÍDICA:

Samuel García e eu nos conhecemos nas férias de verão anteriores ao nosso primeiro ano na
faculdade do Oregon, durante a recepção aos
calouros. Fomos colocados no mesmo grupo
em uma dessas atividades tenebrosas para
quebrar o gelo, em que se gruda um
papelzinho na testa e tenta adivinhar qual
animal somos ou coisa do tipo. Então a
coisa...
Rolou?

Não sei por que desde o começo foi algo meio
" você é legal, mas não vai rolar nada entre a
gente" mas foi.

Talvez porque eu já estivesse de olho em outro cara do grupo. Ou talvez porque meu cérebro me avisou da beleza absurda de Samuel que em algum momento partiria meu coração. De qualquer maneira, fizemos o impossível.

Mais que amigos - Samu e CarlaOnde histórias criam vida. Descubra agora