Por Samuel García
Já vi Carla chorar um monte de vezes.
Quando o avô dela morreu. Ouando a mãe
dela descobriu que estava com câncer. Vendo
filmes com animais sofrendo. No segundo
ano de faculdade.Quando bebeu vinho demais e confessou que
a chuva a fazia chorar. Independente de suas
razões serem legítimas (filmes tristes, mãe
doente) ou absurdas (a chuva), eu sempre
fazia a mesma coisa.Eu a abraçava, passava a mão em seu cabelo e
deixava que ensopasse minha camiseta com
suas lágrimas e lhe oferecia uma grande
quantidade de lenços de papel. (Ela não é o
tipo que chora comedidamente)Qualquer que fosse a causa, as lágrimas
sempre me abalavam um pouco, como um aperto no meu peito que eu não sabia aliviar.Eu não suporto ver a Carla chorar.
Porque ela é a minha garota.
A sensação esquisita no peito está aqui de
novo. Mas acompanhada de algo diferente.
Raiva.
Das outras vezes, eu não podia fazer nada
quanto ao motivo do choro.
Não tinha como impedir que seu avô morresse, ou controlar sua reação à chuva.Mas agora tem opções.
Uma delas, encher Polo Benavent de porrada.
E, no momento, é isso que quero fazer.
Não sou um cara violento, em termos gerais.
Mas, desde que a vi tentando sem sucesso
conter as lágrimas sentada ao volante do
carro, totalmente perdida e arrasada até
quando a levei para casa e a sentei no meu
colo no sofá, não penso em mais nada além
de enfiar a mão na cara daquele filho da puta.Eu estava me perguntando hoje mesmo se
não tinha algo de errado com eles, será que
eu poderia ter evitado isso? Talvez sim, pelo
menos deveria ter dado alerta.Merda.
As lágrimas parecem ter parado um pouco.
Ela está toda encolhida com a cabeça sobre
meu queixo, soluçando com um lenço de
papel na mão.Faço menção de me afastar, mas paro quando
ela agarra minha camiseta.Ponho a mão sobre a dela, acariciando-a com
o polegar. Tenho vontade de dizer que aquele
babaca não vale as lágrimas derramadas.
Relacionamento nenhum vale, mas não é o
que ela precisa ouvir no momento.Mesmo assim, aperto sua mão e tento me
afastar de novo.-Você vai sair? - ela pergunta
-Bem rapidinho - dou um beijo em sua testa.
Ela me encara com os olhos vermelhos e
inchados.-Estou estragando a sua noite né, você ia sair
Aperto de leve seu joelho.
-Não me obrigue a criar uma regra da casa
proibindo você de dizer bobagens.-Sou eu quem faz as regras. Não você - Ela
abriu um sorriso fraco.Eu retribui. Essa é a minha garota.
- Só dez minutinhos - digo, apertando seu
joelho outra vez.Pego minha carteira no balcão da cozinha e
vou até o carro. Volto em um tempo recorde
de 8 minutos, com os suprimentos
necessários.Uma rápida olhada pela sala de estar
confirma que ela ainda está no sofá, mas
deitada de lado.Procuro nos armários da cozinha, mas não
consigo encontrar as taças de champanhe.
Juro que a gente tinha umas dez, só que é
uma casa de solteiros de 20 poucos anos.
Cristais finos não duram muito tempo. Tenho
que me contentar com as taças grossas de
vinho. Tiro a rolha da garrafa e encho uma
quase até a boca.
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Mais que amigos - Samu e Carla
Romance⚠️FANFIC COM CONTEÚDO +18⚠️ Será que vale a pena arriscar uma grande amizade em troca de um romance inesquecível? Carla, uma jovem de 20 anos está a procura de um amor. Já viveu diversas desilusões amorosas e ainda não conseguiu encontrar seu famoso...