Capítulo 09

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                          Por Carla Rosón

Cometi um erro. Um erro tático terrível:
Subestimei Samuel.

Mas deveria saber. Eu o conheço melhor que
ninguém. Melhor do que a mim mesmo. Sei o
quanto é competitivo, e deveria saber que
seus impulsos estariam voltados para suas
habilidades sexuais.

E, meu Deus, isso ele tem de sobra.

O primeiro beijo foi no máximo morno. Ele
estava se esforçando demais para se provar, é
verdade, mas eu não estava muito no clima,
porque fazia questão de não sentir nada. Não
podia me deixar abalar com o fato de que
seus lábios eram gostosos e seu cheiro era
delicioso.

Havia muita atividade cerebral envolvida, de ambas as partes. Mas agora, no segundo
beijo, nem sei mais onde meu cérebro fica.

Só existem mãos, lábios e a sensação do
corpo excitado de Samuel contra o meu. Eu
deveria estar fugindo para me salvar. Quando
acabar, provavelmente é o que vou fazer. Mas
enquanto isso... Eu retribuo.

Nunca fui beijada desse jeito antes. Nunca fui
prensada contra a parede, com as mãos
presas por dedos fortes e braços ainda mais,
nunca tive minha boca devorada como se
fosse a melhor das sobremesas por um corpo
firme.

Tento lembrar que o homem em questão é
Samuel.E consigo. Então a língua dele
encontra meu lábio superior, acariciando-o
até me fazer suspirar, depois deslizando para
dentro da minha boca, se enroscando na
minha. Eu esqueço que sou Carla e que ele é
Samuel. Dois melhores amigos.

Contorço os dedos e os pulsos até ele
finalmente me soltar. Minhas mãos se
dirigem imediatamente para sua cabeça e
meus dedos agarram seu pescoço para
manter sua boca bem perto. As mãos dele vão para minha cintura, me prensando com ainda
mais firmeza contra a parede, e meus quadris
se projetam para a frente, lembrando exatamente o que acontece em seguida.

E, meu Deus, como eu quero o que acontece
em seguida.

Era sério que eu tinha voltado atrás na minha
ideia maluca. A explicação dele fazia todo o
sentido. Mas não estou nem aí para o bom
senso no momento. Não quando a boca dele
vai para meu pescoço, não quando seus beijos
quentes e molhados passam logo abaixo da
minha orelha, não quando suas mãos percorrem minhas costas com carícias possessivas.

Só quero...Samuel.
Não, isso não está certo.
Não é Samuel que eu quero.
Quero sexo.
Ele é só um instrumento.
Certo?
Certo?
Meu cérebro não confirma a informação, o
que me deixa em pânico.

Minhas mãos encontram seus ombros e eu o
empurro, a princípio de leve, depois com
mais força. Samuel recua devagar, relutante, e
eu me preparo para um sorrisinho presunçoso, mas, para minha surpresa, Samuel não parece triunfante. Só.... confuso.

E como eu me sinto também.
Me obrigo a abrir um sorriso, sentindo um
desejo repentino de voltar à nossa relação de
sempre. Tranquila. Casual. De amizade.

-Pelo jeito você vai ter que ver Bachelor no
computador por um tempo, hein? - ele diz.
Seu sorriso demora um pouco mais que o
habitual para aparecer, mas me faz soltar um
suspiro de alívio.

-E então? - ele quer saber. - Vai falar "eca"?

-Foi O.k.

Suas mãos estão apoiadas na parede, uma de
cada lado do meu corpo. Devagar, ele recua,
abrindo um espaço entre nós, o que me deixa
ao mesmo tempo aliviada e decepcionada.

-O.k.? - ele pergunta.

-O.k, você estava certo - concordo. - Mas eu
também.

-Por que acha isso?

Mais que amigos - Samu e CarlaOnde histórias criam vida. Descubra agora