Desde que comecei a entender sobre o que de fato era o amor, sempre desejei viver um, não aqueles cruhs ou paixonites que surgem de repente e vão embora tão rápido quanto vieram. Mas algo arrebatador, que me desse leveza, que fizesse meu coração acelerar, a perna bambear e a sensação de que eu seria a pessoa mais amada do mundo.
Enquanto as meninas da minha idade estavam iludidas com a ideia do primeiro amor na escola, eu só pensava o quanto aquilo ainda não era amor, talvez porque eu não gostasse de ninguém. De certo eu dizia para todos o quanto era apaixonada pelos jogadores do Flamengo, mas era paixão de fã mesmo, nada mais que isso.
Mas então ele apareceu, com um sorrisinho tímido e covinhas encantadoras, fazendo meu coração bater de uma forma diferente toda vez que o via, fosse pela TV, fosse pessoalmente. Mas então eu deixei que ele escapasse por minhas mãos e talvez não tivéssemos uma segunda chance.
Mas preciso voltar um pouco nessa história e contar como tudo o que aconteceu.
...
- Você não vai jantar na Débora?- vovó perguntou enquanto me observava calçar meus saltos.
- Sim.- confirmei.
- E por que o salto?
- É um jantar especial, a senhora sabe que em jantares especiais eu sempre vou bem arrumada, vai que é uma dessas que eu arranjo um marido rico e finalmente saio desse inferno.
A parte de arrumar um marido rico era brincadeira, nunca quis me escorar em alguém por causa de poder aquisitivo, mas a parte de sair desse inferno em que vivíamos era totalmente verdade. Não conheço outro lar que não seja esse, nascida e criada na casa dos fundos da mansão dos patrões da minha avó. Patrões estes que até os meus doze anos de vida me tratavam de forma normal, me davam alguns presentes de vez em quando, pagavam minha escola, eram legais, mas um dia o pequeno privilégio que eu tinha acabou, eu nunca entendi porquê, mas passei a ser tratada como empregada, fui tirada da escola, nem roupas usadas da Layla eu ganhava, eles preferiam rasgar ou jogar no lixo.
Minha avó nunca pôde ir embora devido a um contrato infame que ela tinha com eles, ela nunca me deixou ter acesso ao documento, a única coisa que eu podia fazer era ficar ali, ao lado da mulher que nunca me deixou.
Bem, talvez queiram saber por onde andam meus pais, mas a verdade é que eu faço parte da estatística das milhões de pessoas que não foram registradas por um genitor, não faço ideia de quem seja e nunca tive vontade de saber. Já a minha mãe, nunca vi, minha avó só diz que ela foi embora logo que eu nasci e assim fui criada por uma senhorinha mó gente boa. Apesar dos pesares era a minha família, minha única família até Pedro e Débora me "adotarem".
- Marido rico.- minha avó riu.- Não precisa disso, você é inteligente, pode fazer o que quiser pra ganhar dinheiro.
- É, eu acho que sim, mas agora preciso ir, me liga qualquer coisa.- dei-lhe um beijo na testa.
- Deus abençoe você.
- Tá bom.
Peguei minha mochila e saí da pequena casa dos fundos. Para chegar a porta de entrada/saída, teria que passar pela área da piscina, onde rolava uma pool party da Layla com seus amigos de faculdade. Meu Deus, como eu odiava essa garota.
- Ei, esses saltos não são meus?- a idiota apontou para os meus pés e os amigos dela riram.
- Não...
- Verdade, eu não usaria algo tão vagabundo assim.
E o ambiente se encheu de gargalhadas. Me senti insignificante diante daquela situação que Layla estava me fazendo passar.
![](https://img.wattpad.com/cover/315245112-288-k799673.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Inesquecível // Andreas Pereira ✅
ChickLitDesde que seus olhos haviam se encontrado, uma conexão forte surgira , uma amizade fora feita e uma paixão havia começado, porém as inseguranças de Melissa afastaram Andreas e quando ela tentou voltar atrás, já era tarde demais... ou não.