7 - Triângulo amoroso

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Ao mesmo tempo que construía uma amizade com Andreas, também construía com o João Gomes, ou Johnny como eu chamava. Meu amigo belga não gostou muito da ideia de ter que dividir minha atenção com o colega de time, mas não tinha nada que ele pudesse fazer ou dizer que iria me afastar de Johnny.

- Se você ficar de muita gracinha com o João e me deixar de lado, eu te abandono.- Andreas ameaçou de brincadeira.

- Abandona nada, você não consegue mais viver sem mim desde o dia que me conheceu.

- Vai achando viu, Melissa?- me jogou uma almofada.

Estávamos em seu apartamento, ele me convidou para um lanche e eu aceitei porque não tem nada melhor do que comer na casa alheia.

- Amigo tóxico, não sei que ciúmes é esse que você sente de mim, me erra garoto.

- Não é ciúmes...

- Não querer dividir minha atenção com meu outro amigo, é o quê?

- Nada.- emburrou.- E você é mais tóxica que eu.

- Iiiii tá viajando, filho?

Joguei a almofada de volta nele, mas ele abaixou e foi direto para o painel de tv e derrubou algumas peças de porcelana que estavam enfeitando o móvel. Meu coração acelerou e apertou, como eu ia pagar aquilo que com certeza era caríssimo?

- Meu Deus Andreas, por que você abaixou?- falei quase chorando.

Quebrar as coisas da casa alheia me faziam tremer, desde quando sem querer quebrei uma caixinha de música da Layla que os pais dela haviam trazido da Itália. Eles gritaram tanto comigo, mas tanto que eu tive uma crise nervosa aos treze anos de idade e ainda descontaram por meses o salário da minha avó que era para cobrir o valor da maldita caixinha.

- Foi o reflexo.- respondeu rindo.

Me levantei rápido e comecei a catar os caquinhos, pra tentar colar, sei lá, só que já estava me tremendo de medo.

- Não sei como foi pagar isso, mas eu vou, nem que eu venda meu celular, peça emprestado, só me desculpa.- falei rápido, atropelando as palavras .- e por favor, não grita comigo.

- Eu não vou gritar com você Melissa, essas peças nem tem tanto valor assim, nem monetário nem sentimental, deixa isso aí.- Andreas se abaixou e tentou tirar os pedaços que estavam na minha mão.

Um pedaço grande e afiado fez um corte na minha mão, quando num impulso apertei.

- Larga isso, por favor.- ele abriu minha mão e todos os caquinhos voltaram ao chão.- deixa eu ver esse corte.

Pegou minha mão com delicadeza e fez uma careta.

- Tá doendo.- reclamei.

- É claro que tá doendo, foi superficial mas esse caco estava afiado, vem, vou fazer um curativo nesse ferimento.

O acompanhei até o banheiro e me sentei na tampa do vaso. Andreas limpou, colocou um cicatrizante e em seguida enfaixou minha mão, tudo com muito cuidado.

- Por que você achou que eu gritaria com você?

- Não sei, foi loucura momentânea.

Não queria me abrir sobre os meus traumas naquele instante.

- Tem analgésico na cozinha, você toma um comprimido e se a dor aumentar você vai a um pronto socorro.

- Não vou precisar ir ao PS, já me feri pior que isso e me sarei em casa.

- Então tá bom, você que sabe.

Fomos até a cozinha e eu tomei o remédio para dor. Voltamos para a sala e deitei no sofá deixando minha mão em uma posição confortável, porque estava latejando.

Inesquecível // Andreas Pereira ✅Onde histórias criam vida. Descubra agora