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Santiago

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Santiago.

Assim que retorno de uma ducha fria, encontro Shaila na mesma posição de minutos atrás, sentada e deliciosamente linda.

— Vamos falar da Iridessa porque assim você evita pensar em outras coisas. — diz como se conseguisse ler meus pensamentos através do olhar de desejo.

"Eu pensando em outras coisas? Ela que estava me provocando até agora e vem com essa ideia de que eu que estou pensando em outra coisa.."

— Já falou com ela hoje? — pergunta e eu confirmo com um aceno.

— Sim, ela me ligou assim que recebeu o buquê que mandei entregar na casa de Maryam — informo levantando da cama e indo até o rack branco suspenso, preso no painel com a televisão de LED.

Shaila se senta enquanto eu coloco a primeira bandeja ao seu lado. Volto para onde deixei a segunda que contém um mini fogareiro elétrico de uma boca, o rakwe e o pó de café moído e deixo ao seu lado.

— Quando liguei pra ela, Maryam disse que Iridessa estava assistindo tinker Bell com Jawal e as bonecas. Perguntei se ela estava conversando com as bonecas e ela respondeu que sim — digo.

Já fazia alguns meses que nossa menina estava fazendo terapia, e segundo a psicóloga o ato de conversar com brinquedos era algo normal ainda. Mas aquilo me preocupava mesmo assim. Sabia que Iridessa ficava muito sozinha em casa e queríamos dar a ela um irmãozinho ou irmãzinha. Na escola pelo menos ela se distraía com os amigos.

— Lembra o que a psicóloga disse? — Confirmo com a cabeça colocando um morango em sua boca.

— Sim, eu lembro... Bem, não acho que possamos fazer nada em relação a isso agora. Então vamos mudar de assunto pois se continuarmos não sairemos de casa hoje — falo pegando uma das torradas na bandeja, e com a outra mão o controle remoto. Enquanto ligo a tv para assistir o jornal, vejo Shaila começando a fazer nosso café.

Noto quando ela se inclina para a mesa de cabeceira ao seu lado, e pega a jarra de água que colocou ontem a noite.

— Sabia que o café é a segunda bebida mais consumida no mundo? — pergunta após colocar a jarra de vidro no lugar. — Perde apenas para água. — Confirmo com um aceno de cabeça, e ela prossegue: — Meu pai costumava chamar o café de bebida divina. Existe uma lenda que diz que foi o arcanjo Gabriel que trouxe o café à terra com a missão de restaurar as forças do profeta Maomé. E depois que suas forças estavam restauradas, Maomé foi capaz de derrubar 40 cavaleiros e conquistar 40 donzelas.

Olho surpreso para minha esposa. Eu nunca tinha ouvido falar dessa lenda, apenas sobre um pastor de cabras chamado Kaldi.

— Gostei, achei bem interessante. — Colo dois travesseiros em minhas costas enquanto aumento o volume do jornal local. — Mas você conhece a verdadeira história do café? — pergunto após dar uma mordida em minha torrada e desviar a atenção da televisão para ela.

Corações Lapidados - Parte 01Onde histórias criam vida. Descubra agora