Capitulo 08 - Penúltimo

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Foi exatamente igual à outra noite, só que muito mais intenso. Sasuke fez amor com que ela até arrancar-lhe gritos de prazer e em seguida a amou com uma ternura desconcertante. A escuridão os envolvia num casulo quente, suspendendo o tempo e as restrições, tornando tudo possível. As horas pareciam intermináveis. As ruas continuavam desertas e eles não ligaram mais o rádio para não serem interrompidos pelo mundo lá fora.
Apesar do pé-direito alto carregar o ar quente para o teto, fazia calor demais para dormir. Passaram a noite toda conversando em voz baixa, trocando carícias, fazendo amor.
Quando a luz do sol invadiu novamente o saguão, a temperatura aumentou ainda mais. Continuavam sem energia. Mesmo sabendo que o vidro escuro impossibilitava a visão de quem passasse pela rua, Sakura deu graças por se encontrarem numa espécie de toca. Comeram e beberam água e ela insistiu em voltar à toalete abafada apesar de ter certeza que Sasuke estaria a espera dela, ansioso e impaciente. Será que os homens nunca se cansavam?
Terminava de se refrescar quando ouviu vozes no saguão. Entrou em pânico. Só de pensar em ser pega nua saindo do lavatório voltou a suar em dobro. Será que a energia voltara?, se perguntou aflita, mas logo descartou a hipótese já que no toalete continuava escuro. Então escutou o ruído familiar de estática e se deu conta de que Sasuke ligara o rádio. Voltou para o saguão furiosa.

- Você quer me matar de susto? Achei que havia chegado alguém e me pegaria nua no toalete!

Sasuke começou a rir.

- E quanto a mim? Também estou tão nu quanto você.

Ele continuava esparramado sobre as almofadas e parecia tão à vontade como se estivesse em casa. Ela olhou para si mesma e também riu.

- Não acredito que isto esteja acontecendo.

Ele teve vontade de dizer, "Um dia você vai contar essa história para os nossos netos", mas conteve-se. Não era o tipo de comentário que ela gostaria de ouvir, além disso, prometera não pressioná-la. Em vez disso, estendeu a mão e ela juntou-se a ele nas almofadas.

- Quais são as notícias?
- Noite relativamente tranqüila em Dallas, alias, salvo alguns saques esporádicos. O mesmo nos outros lugares. Fez calor demais para que acontecesse algo mais estressante.
- Não me diga.

Sasuke riu e rolou para cima dela como fizera várias vezes durante a noite.

- Agora as notícias - ela exigiu depois de beijá-lo.
- Oh, as notícias. Bem, a guarda nacional está mobilizada desde o Texas até a costa leste. Houve alguns pontos de violência em Miami, mas já foram controlados.
- E você ainda diz que foi uma noite relativamente tranqüila?
- Mas isso é tranqüilo. Levando-se em conta que quase um quarto do país está sem energia elétrica, a tranqüilidade é surpreendente.

Mas ele não queria mais falar sobre o blecaute. Ter Sakura nua, embaixo dele, subia-lhe à cabeça. Mais depressa que o mais forte dos uísques. Beijou-a e a resposta foi instantânea, receptiva; deslizou facilmente para dentro dela, sentiu os músculos se contraírem, os dedos cravarem em seus ombros quando o corpo arqueou de encontro ao dele. Desejou que a eletricidade nunca mais retornasse.
Minutos depois, Sakura bocejava, aninhando-se nos braços dele.

- Os locutores disseram para que horas está previsto o retorno da energia?
- Talvez esta tarde.

"Oh, tão cedo?" ela pensou, experimentando uma sensação igual a de ter as férias interrompidas de repente. Só que não eram férias. Para algumas pessoas doentes, a falta de energia podia significar a diferença entre a vida e a morte. Se lhe restava apenas algumas horas, iria aproveitá-las ao máximo.
Aparentemente, Sasuke pensara o mesmo. Exceto para insistir que ela bebesse água regularmente, não a deixava afastar-se. Mesmo quando ficou exausto, incapaz de fazer amor, a manteve aninhada nos braços. E Sakura estava cansada demais para pensar. Só conseguia sentir. Sasuke a dominava de tal forma, que se não tivesse visto a expressão entorpecida nos olhos pretos, estaria alarmada. Todavia, era como se partilhassem os mesmos sentimentos.
Acabaram adormecendo com os corpos suados e exaustos entrelaçados, apesar do calor. Sakura despertou quando um vento súbito fez sua pele se arrepiar.
As luzes se acenderam e Sasuke se sentou imediatamente, olhando para o relógio.

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