8. Falling again

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- Você está melhor? - Magnus perguntou, o tom de voz baixo e cuidadoso.

Alec se odiava por estar ainda tremendo, mas precisava se dar o devido desconto, já que essa era uma situação muito atípica. E era também a primeira vez que via Magnus batendo em alguém. Ele sabia que o marido podia ser intimidador, porém ainda não tinha visto ele ser violento. Ele se forçou a respirar profundamente mais uma vez e olhou pelo vidro escuro do carro. Estavam no estacionamento de uma loja de conveniência, ao lado de um posto de gasolina.

- Sim, estou melhor - respondeu e seus olhos correram para as mãos de Magnus. Agora que estava menos agitado, conseguia perceber melhor as coisas e a primeira coisa que ele viu, na penumbra do carro,  foi que o brilho suave da aliança não estava mais lá. Seu estômago derreteu de uma forma gelada e dolorida e ele sentiu uma pontada estranha no coração. Agradeceu aos céus pelo carro estar na penumbra, e apenas uma luz parca vinha do poste ali perto. Caso contrário, sua decepção ficaria muito evidente.

- Certo - Magnus suspirou, puxou o celular do bolso e fez uma ligação. Alec ficou em silêncio, segurando a respiração.

- Dave - Magnus disse e Alec olhou para o rosto dele. Dave era o advogado - Eu bati em um homem agora há pouco no estacionamento do Steak & Co. Talvez eu tenha aparecido nas câmeras.

Houve um momento de silêncio.

- Certo.

Mais um momento de silêncio e então Magnus bufou, impaciente.

- Ele assediou meu marido.

Alec se arrepiou duplamente com a frase. Um arrepio frio para o “assédio” e um arrepio quente para “meu marido”.

- Claro. Obrigado.

Então ele desligou e Alec desviou o rosto, sentindo-se nu sob o olhar amendoado do outro. Havia um silêncio quase constrangedor dentro do carro, e Alec apertou os dedos uns contra os outros.

- Alexander? - Magnus chamou de forma suave e Alec ainda não conseguiu olhar para ele. Sentia-se quase envergonhado, como se a culpa de toda aquela situação fosse sua.

- Você está bem? - Magnus tornou a perguntar.

- Eu estou bem - ele respondeu, embora não estivesse nada bem, e tudo que ele quisesse era ser abraçado com força.

- Você precisa de alguma coisa?

Alec negou com a cabeça, ainda olhando para as mãos.

- Você vai voltar para casa ainda hoje?

- Sim - Alec suspirou - Quer dizer, eu estava planejando retornar com… Andrew.

- Ah, esse é o nome dele - havia uma pontada cortante na voz de Magnus e Alec se virou para olhar.

- Sim. Esse é o nome dele - murmurou - Eu não me programei para vir dormir.. Minha mãe está me esperando…

- Você quer ir hoje?

- Eu preciso - Alec suspirou.

Houve um silêncio breve e Magnus também suspirou. Então ligou o carro:

- Okay, vamos lá.

- Como assim? - Alec respirou fundo - Você não precisa… me levar lá.

- E como você iria, então? - Magnus agora parecia apático, como se estivesse profundamente cansado. Talvez a força necessária para bater em Andrew tivesse sugado toda a sua energia.

- Eu… vou arranjar um jeito… eu posso pegar um uber - Alec começou a frase num tom alto e foi diminuindo à medida em que a ideia ressoava como um absurdo.

I will survive || MalecOnde histórias criam vida. Descubra agora