01. Carinha engomadinho.

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Narrado por Matteo

O dia estava lindo lá fora, olhei ao redor das paredes cinzas do meu quarto e tive a impressão de estar esquecendo de alguma coisa, como não lembrei o que era peguei meu celular para ver a hora. Peguei um susto e dei um pulo da cama quando vi que o meu alarme tinha tocado dez vezes e eu não escutei nenhuma delas. Tinha uma entrevista na Smith Clothing para uma vaga de secretário da nova CEO de lá, passou até na televisão a posse dela mas não prestei muita atenção. Saí correndo do quarto para tomar banho, não sei como me atrasei, ontem até dormi cedo para não ter como me atrasar, mas....

Depois de vestir uma roupa adequada para a entrevista que seria às 9h00 e já eram 8h33, saí do quarto vendo o Ryan vulgo meu melhor amigo encostado na parede da sala com dois cafés na mão. Ele nasceu aqui mas foi com a família morar no Brasil, viemos de lá faz dois anos para cursar direito na NYU Law.

ㅡ Bom dia, irmão. ㅡ Peguei o café da mão dele e saí mais que depressa para o elevador.

ㅡ Boa sorte. ㅡ Pude escutá-lo dizer enquanto a porta do elevador se fechava. Estava orando em todas as línguas para que eu conseguisse esse emprego, fui demitido dos outros cinco que consegui só nessas duas semanas e tenho medo de não me contratarem pelo meu histórico de demissões, não quero ficar tendo que depender dos meus pais, eles já arcam com as despesas da faculdade mas quero poder me sustentar sozinho nas outras coisas.

Cheguei no portão do prédio e quase derrubei o meu café no porteiro que invés de ficar bravo apenas ria de mim. chamei um táxi que estava demorando de mais. 5, 10, 15, 20 minutos se passaram e nada dele chegar.

Quando já estava quase desistindo avistei o táxi amarelo, não quis nem discutir com o moço porque percebi as condições que o carro dele estava. Dei o endereço e em poucos minutos chegamos a empresa, joguei o copo de plástico no lixo para não ter a possibilidade de jogar café na minha chefe, essa era a última coisa que eu queria que acontecesse.

Peguei o elevador e subi até o último andar, quando a porta se abriu vi uma moça a frente de uma sala com porta de vidro escuro gigante. Ela estava com um semblante assustado, mas quando me viu parece que uma esperança brotou no rosto dela.

ㅡ Bom dia, sou Mat.... ㅡ Mal pude falar que ela me interrompeu.

ㅡ Matteo Almeida, graças a Deus. ㅡ Ela colocou a mão no peito aliviada. ㅡ Prazer, eu sou Victoria, secretária geral da Smith Clothing.

Apertei a mão dela de volta e olhei ao redor de onde estávamos, era realmente um império tudo aquilo.

ㅡ Olhe... ㅡ Ela sorriu torto. ㅡ Eu vou avisar a Âmbar que você chegou, mas peço que não se assuste nem desista na primeira reclamação ou na primeira semana, garanto que ela será agradável com você depois de conhecê-lo. 15 dos 15 que entraram pela aquela porta saíram derrotados, você é a nossa única esperança.

Olhei assustado para ela, será que essa mulher é uma velha ranzinza que vive reclamando? Eu estava assustado, mas tive que manter minha postura.

ㅡ Tudo bem. ㅡ Disse e ela assentiu aliviada.

Vitória ligou para a moça que disse ser Âmbar. Passou vários minutos conversando com ela, ou melhor, convencendo pois eu já estava fora da sua lista pelo atraso de 10 minutos.

ㅡ Mas Âmbar... eu sei que ele atrasou, amiga... eu sei, eu sei... garanto que ele será útil, Âmbar... ㅡ Ela estava dizendo que eu sou inútil? ㅡ Só dê uma chance a ele, minha amiga... Âmbar ele é a SUA única esperança. ㅡ A moça já parecia irritada com a chefe que eu suponho ser sua amiga, só não sei como ela consegue ser amiga de uma velha ranzinza que com certeza deve ter mais de 50 anos pra reclamar tanto assim.

A Executiva de Nova Iorque Onde histórias criam vida. Descubra agora