Capítulo IV

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-Você pode ao menos tentar, por favor?

Minha mãe resolveu me atormentar logo cedo tentando me convencer a voltar para as líderes de torcida. Eu fazia parte do grupo na minha antiga escola, e cheguei até a ser capitã por um ano e meio, antes da morte do meu pai. Eu costumava amar toda a atenção que recebia por aquilo, principalmente a atenção dos rapazes.

-Mãe, eu não quero. Isso não é mais pra mim, tá bom?

-Você sempre amou isso, Annelise. Porque mudou de ideia agora? - eu encarava minhas unhas, que estavam bem feias, aliás. Não queria ter aquela conversar, porque eu não queria voltar, e também sabia que nada do que eu falasse faria minha mãe mudar de ideia. - Você me pediu um tempo, e eu deixei você abrir mão de tudo o que você tinha, pensando que você iria se recuperar. Mas isso não funcionou, não é? Podemos fazer do meu jeito agora? Faça isso por mim, okay? Vou me sentir mais tranquila sabendo que você tá interagindo com outras garotas da escola e fazendo algo legal.

-Eu não devia fazer as coisas por mim?

-Querida - ela pegou minha mão, me fazendo a encarar. Só então notei que seus olhos estavam marejados, como se ela estivesse se esforçando para não chorar - Confia em mim. Quando você começar a se sentir melhor... Você vai me agradecer por estar te forçando a reagir agora. Você precisa voltar a sentir prazer pelas coisas da sua vida, meu amor.

-Tudo bem. - Não queria vê-la daquele jeito, não queria fazê-la se sentir mal - Vou ficar lá fora um pouco, okay?

-Okay. Vou preparar o jantar para quando Susan chegar.

Ela me deu um beijo na testa e foi para a cozinha. Peguei meu walkman no quarto e saí do trailer, começando a caminhar pelo local. Andei até quase entrar na floresta atrás do trailer da tia Susan, e então fiz o caminho de volta, indo até o outro extremo

-Não tem medo do lobo mau, chapeuzinho vermelho?

Eddie estava sentado em uma mesa em frente ao seu trailer, quando eu estava voltando para o trailer da tia Susan, e consequentemente passei ao lado do seu.

-Acho que existem coisas piores para se temer.

-Por exemplo...?

-Esbarrar com o líder de um culto satânico durante uma noite de quinta-feira - me sentei ao lado dele, olhando para o céu que estava escuro e com poucas estrelas - Ser sequestrada por ele, e oferecida em sacrifício humano.

-O que? - Eddie me olhou assustado, e então deu um tapa na própria perna se levantando em seguida enquanto me encarava - Merda! Quem te contou o meu plano? - Eu ri da careta que ele fez, o fazendo rir também.

-Posso fazer uma pergunta?

-Eu sou um livro aberto, ruivinha número dois. - Eddie cruzou os braços, ainda de pé em minha frente.

-Você não se incomoda? Tipo... o que falam de você, e como te tratam...

Eddie deu uma gargalhada, e colocou a mão na cintura.

-Não é tão ruim. Se você pensar por um lado, eu alcancei a tão sonhada popularidade.

-Ah é? - sorri para ele, arqueando a sobrancelha.

-Quem naquela escola não conhece Eddie Munson? Eu sou quase uma lenda! - ele riu.

-Bom... existe um pouco de razão nisso.

-Sabe o que eu percebi agora? - ele se aproximou, e colocou um pé sobre o banco, se debruçando sobre seu joelho. Ele estava bem próximo de mim agora. - Você me conhece... mas eu não te conheço. Eu nem sei o seu nome, ruivinha.

Fire - Eddie MunsonOnde histórias criam vida. Descubra agora