Acaso ou destino?

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Pov mariana
Era sexta feira quando fui acordada por Regina. Senti seus dedinhos em meu nariz e escutei baixas risadas. Eu era tão feliz por ser mãe dela.
Levantei e fui preparar nosso café da manhã, mas chegando na cozinha estava tudo pronto, mamãe ja havia feito.
- Bom dia, madre. Como está?
- Bom dia, filha. Estou bem e você? Vai trabalhar hoje?
- Sim, tenho umas entregas pra fazer e depois volto pra casa. Vou deixar a Regina com o Pablo pois hoje ele folga.
- Ah sim. Vou dar um pulo no mercado.  Qualquer coisa me liga, ja deixei o cafézinho de vocês preparado. Te amo hija, beijos.
- Te amo, Terê.
Assim que minha mãe saiu voltei pro quarto com meu pão e frutinhas pra Regi, que devorou tudinho.
Rolando o feed do instagram me deparei com uma foto de Ana. Ela é linda... como uma mulher tão diferente das quais costumo olhar me prendeu tanto?
Ao lado dela havia Juan Carlos, o bundão, digo, marido dela! Eles eram tão... sei lá, eu não gosto.
Acordei dos pensamentos quando Regi chorou, havia derramado a água na cama. Levantei, dei banho na mesma, arrumei sua bolsinha e em dez minutos Pablo chegou para busca-la.
- Uau, que homem pontual.
- Sempre né, Mari. Cadê minha pinguinzinha? - Regi sorria e esticava os bracinhos pro pai.
- Vou morrer de saudade dela.
- Se você for com a gente pra minha casa, não!
- Ah Pablo, não começa. Não quero me estressar.
- Ei, calma! -Pablo ria- to brincando. Você vai trabalhar, né?
- Sim, e se você quiser ficar com a Regis amanhã de noite eu agradeço, pois tenho a igreja pra ir.
- Ihhhh, ta muito estranho isso, você nem acreditava em limbo e essas coisas...
- Ué, mas agora eu acredito, posso? - Pensei que ele estava certo, mas mantive a pose.
- Ok, não ta mais aqui quem falou, estressadinha. Vou lá. Beijos, tchau-fez vozinha e segurou a mão de Regina pra dar tchau.
- Beijos. Tchau pequena, te amo muito!
Assim que Pablo saiu me apressei pra arrumar tudo e me ajeitar pra fazer as entregas.

POV ANA
Ja eram meio dia quando olhei pro meu relógio. A manhã passou rápida demais.
As crianças haviam ido pra escola e eu estava com Valentina. Hoje tive folga... me considero muito viciada no trabalho, mas passar tempo com minha bebê é incrível e eu abro mão de um dia sem trabalho. Não ter o Juan Carlos aqui também me aliviava um pouco, era uma paz não falar do mesmo assunto todas as vezes. Eu gostava de apreciar o silêncio que minha casa emanava e me perdia nos meus próprios pensamentos.
Pensava em tudo que passei até estar aqui, todas as escolhas que fiz, se foram certas, se o que vivo hoje em dia é o que eu sonhava viver. Definitivamente não sei... e pensar dessa maneira me assustava.
Eu tenho meu marido, meus filhos e uma casa incrível... mas falta algo, sinto que nunca fui cem porcento completa e espero descobrir o que é. Confesso que tenho medo de estar sendo egoísta e severa comigo mesma.
Fui interrompida dos pensamentos com uma mensagem no celular, era uma foto arte do culto que seria amanhã. Eu aprovei pro administrador enviar nos grupos e dessa vez torci pra que estivesse cheio o culto, pois o Bispo estava no meu pé.
- Senhora? - Alta me chamou.
- Olá, Alta. O que houve?
- Só pra saber se a janta será o que está no cardápio e o senhor Juan Carlos pediu pra te avisar que hoje chegará mais tarde em casa.
- Tudo certo, Alta. Obrigada. A janta será isso mesmo.

Depois que Alta se retirou peguei a Valentina no colo e subi pro meu quarto, la  verifiquei os emails no meu laptop e me arrumei pra sair com Valentina. Íamos pra orla caminhar, ela no carrinho, claro.

POV MARIANA
Estava pedalando quando uma buzina se fez atras de mim, era só mais um desses homens nojentos me assediando. Dei um dedo do meio e pedi pra que o mesmo respeitasse mulheres pois um dia poderia ser com uma mulher que ele ama. Francamente... tenho preguiça!
Finalmente cheguei na orla, o que era bem melhor ja que havia ciclovia e uma vista maravilhosa pra praia. O sol estava divino e eu estava tão grata. Amava meu trabalho, fazer bijuterias pra mim é uma terapia. Estava mirando o mar e quando olhei pra frente ja era tarde demais. Uma mulher com um carrinho de bebê entrou no meu caminho.
- CUIDADO! — Gritei ao mesmo tempo que desviava.
Minha bike virou e acabei caindo no meio da ciclovia. Algumas peças das bijuterias foram pra todo lado e eu estava sentindo dor.
- Ai meu Deus! Você está bem? — Escutei uma voz desesperada vindo de longe. — Mariana?!
Olhei rapidamente pra voz que me chamava e era Ana. Meu coração deu um pulo.
- Meu Deus, meu Deus me desculpa! Não foi minha intenção, eu juro que não enxerguei nenhuma bike vindo, estava concentrada na Valent- Interrompi.
- Está tudo bem, Ana. Me ajuda a levantar?
- Claro. Me desculpa novamente. Essas peças espalhadas pelo chão são suas?
- Sim, são das entregas que preciso fazer. - comecei a catar e Ana automaticamente veio me ajudar.
Nós duas catamos tudo e fomos pra fora de ciclovia.
- tem certeza que está tudo certo, Mariana? — Ela realmente estava preocupada.
- Sim. Só me ralei um pouco!- falei limpando minha roupa, olhei Ana e continuei- E bom... a maneira que isso aconteceu não foi legal... mas estou feliz de te ver! E essa princesinha? — Ana sorriu de canto e sem graça.
- Passa álcool na sua mão, está toda suja, toma. — Ana tirou o álcool da bolsa e me deu.
- Ah que bom, estava precisando limpar  mesmo. — No mesmo momento ela segurou meus braços pra ver se tudo estava certo mesmo, ri com sua preocupação.
- Ah, e eu também estou feliz de te ver! - Me olhou com uma expressão serena e sorrimos.
- Que bom que é recíproco.— brinquei.
- Vai na igreja amanhã? Vê se aparece!
- Claro! Sua filha ja mandou mensagem me atazanando. — Ana fez uma expressão de incrédula e rimos as duas do meu comentário.
- Sinal de que ela realmente gostou de você... Ceci é uma figura.
- Sim! Eu adoro ela também.
- Mas e você? Vai levar alguém? Sua filha? namorado? — Ri por dentro. To indo pra ver essa deusa e ela falando de namorado pra mim.  Para, Mariana! Ela é casada.
- Não... vou sozinha mesmo. A Regi vai ficar com o pai dela.
- Leva ele poxa, vocês estão juntos?
- N-não, não mais.
- Poxa... um dia você me conta essa história. Agora vou deixar você fazer suas entregas, me desculpa ter tomado seu tempo dessa maneira péssima.
- Pode deixar que conto. - sorri de lado- que nada Ana, foi ótimo te encontrar. Amanhã a gente se vê. Beijos! Tchau Valen!

Peguei minha bicicleta, me despedi novamente e parti pra saga das entregas.

POV ANA
Meu Deus, o que acabou de acontecer aqui? Quase fui atropelada, derrubei uma ciclista, e a ciclista era Mariana!
Fiquei desesperada na hora do acidente e no momento em que cheguei perto me dei conta de que era ela.
Confesso que gostei de vê-la. Mas tinha que ter sido desse jeito? Junto a esses pensamentos decidi ligar pra Cecilia.
- alô? Filha?
- Oi mãe. Tudo bem?
- Tudo sim, eu queria o número do wpp da Mariana.
- Ué, porque?
- Porque eu quero e ponto.
- Nossa, estressada.
- Manda pra mim filha, to na praia aqui com a Valen e jaja volto pra casa.
- Ok, vou te mandar. Se cuida, beijos.
- Beijos. Te amo.
Segundos depois chegou a notificação no meu celular e era o numero dela.

POV MARIANA
Cheguei mega cansada em casa, pelo menos as entregas haviam rendido um bom dinheiro pra mim.
Regina ja estava em casa junto com minha mãe. Dei um beijinho de longe nas duas e fui tomar banho.
Estava lembrando do acontecimento de hoje e ri. Como isso é possível? De tantas pessoas no mundo, quem me arriou foi ela... literalmente.
E mesmo toda ferrada ainda fiquei feliz que Ana quem tinha sido a culpada...
Saí do banho, jantei, peguei Regi e minha mãe disparou.
- Filha, que isso no seu joelho?
- Ay, mãe. Acabei caindo de bicicleta.
- Meu Deus, como foi isso? Que perigo.
- Foi na orla tive que desviar de um imprevisto.
- Imprevisto? Foi uma pessoa?
- Sim! E por coincidência eu conheço.
- Quem foi? Te prestou socorro pelo menos?
- Foi a Ana. A pastora da igreja que estou indo, lembra?
- Sim, lembro. Não te falei que esse povo é doido?
- Agora ela tem culpa de não ter me enxergado, coitada? Mas sim, ela me prestou socorro e foi super fofa.
- Pelo menos isso, né? Um dia vou nessa igreja conhecer essas pessoas.
- Não é você quem disse que eles são doidos? Vai fazer o que lá?
- Por isso mesmo! Vou ver com quem minha filha está lidando.
- Ay, Teresa. Você é inacreditável mesmo... vou dormir agora, ok? Sua neta já ta caidinha aqui. Beijos, até amanhã. Amo muito você.
- Também te amo filha. Vai lá.
Fui cambaleando de sono pro quarto, coloquei Regi na cama e me deitei. Em menos de cinco minutos eu havia adormecido.
Na manhã seguinte acordei com dezenas de chamadas perdidas do Pablo, estranhei e retornei.

Maryana - Amor ou pecado? Onde histórias criam vida. Descubra agora