Pretexto

47 10 10
                                    

Era Sábado e Pablo vinha buscar Regina pra ficar ir ao boliche. A morena preparava sua filha pro encontro com o pai e aproveitava pra sair com suas bijus, venderia na praia.
-Mariana! Pablo chegou! -Gritou Teresa da sala.
Ao chegar na porta de entrada Mariana atende a porta com sua bebê no colo.
-Mari! Oi! Fiiilhaaaa, minha pinguimnzinha! Como te amo, que saudade! Vem no papai! -Pablo sorria encantado com a bebê e a morena pensava em como era sortuda pela filha ter um pai presente.
-Tudo bem, Pablo?
-Sim! Estava pensando aqui, não quer ir no boliche não? - Mariana ficou encarando o pai de sua filha com uma cara de paisagem. - Mari...?
-Oi!
-Escutou o que disse pra você?
-Na verdade não... -Suspirou. -To com a cabeça cheia. O que disse mesmo?
-Se quer ir com a gente pro boliche...- Nesse momento a mãe da criança teve uma ideia. E se eles fossem juntos pra igreja? Ana os veriam juntos e se afastaria, isso seria perfeito!
-Na verdade, Pablo... quer ir com a gente na igreja? De noite?
-Jura? -Pablo riu.- É muito engraçada essa sua era crente.
-Para! É um momento que to me conhecendo bastante...
-Hm. Imagino. Mas pra você estar num lugar é porque algo te prende. Te conheço.
-Sim, e o que me prende é o autoconhecimento! Eai? Vai comigo ou não? -Mariana indagou sem paciência.
-Vamos. 19hrs estou aqui na porta te esperando.
Os dois assentiram e Pablo levou Regina. Pra Mariana aquilo seria um teste ótimo pra ver como as coisas andariam e pra ver o que se sustentaria.
Nesse dia ela decidiu caprichar, colocou seu melhor vestido, que a deixava como uma hippie chique. Fez ondas no cabelo tal qual de sereia, se perfumou. Sua paleta de cor combinava perfeitamente com ela, as cores deixaram sua Áurea deslumbrante. Distraída, ouviu a campainha.
Ao chegar na porta deu de cara com Pablo.
-Meu Deus... você está linda.
-Obrigada.
-Se fosse outros tempos pensaria que isso é até pra mim...
-Sim, outros tempos... Agora vamos, não quero me atrasar. - A morena se sentia muito ansiosa pra ver a reação da loira.
Ao chegarem na Igreja, seu coração acelerou, a loira com certeza estava la dentro, e os olhos de Mariana correria rapidamente pra mesinha de canto.
Ao adentrarem no local seus olhos automaticamente se encontraram.
A loira que escrevia uma nota derrubou sua caneta, se sentiu desconsertada. Nunca vira Mariana tão linda, nesse momento ela sentiu um aperto no coração e seu ventre ficar rígido. O que era aquilo que sentia? Fazia tantos anos que não tinha essa sensação que se sentiu estranha.
E quem... quem era aquele homem do lado dela? Era Pablo? Eles voltaram? Por que estava tão curiosa assim sobre a vida de sua amiga? Nunca se preocupou tanto com a vida alheia. Decidiu esvair esses pensamentos e sorriu largo ao ver Mariana se aproximando.
-Mari! - Não ver Mariana desde domingo passado a consumiu em saudade, uma saudade que nem ela sabia que estava.
-Ana! - A morena sorriu gentilmente.-Tudo bem?
-Melhor agora! Que bom que veio! -Ana olhou pra companhia de Mariana.
-Ah! E esse aqui é o Pablo, pai da Regina. -Nesse momento Ana fingiu normalidade mas algo la no fundo a incomodou.
-Hm! Que bom finalmente te conhecer, Pablo. -Mentiu descaradamente.
-É um prazer!
-Ana, vamos nos sentar, mais tarde nos falamos!
-Claro...- sorriu amarelo pensando no como estava frustrada. E aquilo a deixava curiosa.
O culto continuava e Ana dessa vez fazia questão de ficar no altar. A beleza da morena a atraída de uma forma sem igual no dia. Nesse momento ficava reflexiva.
Que ser humano era aquele? Apareceu tão do nada... caiu do céu. Mexia com suas estruturas como nunca ninguém fez.
Ela não entendia certamente seus sentimentos, mas sabia que aquilo entrava numa zona desconhecida. Eram boas amigas... mas amigas se imaginavam na cama uma com as outras? Imediatamente arregalou seus olhos e se repreendeu por esse pensamento intrusivo tão sem nexo. Levantou em um rompante e foi pro banheiro.
Ao adentrar o local se olhou no espelho e lavou seu rosto. Ela amava Juan Carlos, amava seu propósito, mas porque aquele sentimento de vazio a perseguia? Certeza que o que sentia por Mariana era confusão e carência pelo o que estava passando. Tinha que ser isso!
Ao se encarar no espelho no seu reflexo viu a porta abrir, e a figura que a intrigava entrava com calma. Ao se virem ambas se entenderam.
-Vi você saindo tão rápido do altar, está tudo bem? -A morena indagou.
-Si-sim.. cabeça cheia só.
-Ah... te entendendo. -Sorriu amarelo e foi em direção a loira. -Se precisar falar sabe que me tem.
-Sei...- um silêncio se instaurou por uns segundos enquanto se falavam pelo olhar. -Você está tão linda. - Ana sorria suave.
-Obrigada. Você também. -Dessa vez foi a morena quem colocou uma mecha de cabelo da loira atras da orelha.
-Eu senti saudades. -As duas disseram no mesmo momento e se chocaram, rindo em seguida.
-Nossa! Estamos em sintonia mesmo. -A morena falou rindo.
-Eu amo isso. Mari..?
-Oi...
-Vocês voltaram? -Nesse momento a feição da loira de enrijeceu com curiosidade do que escutaria.
-Por que? O que você acha?
-Ah... estou curiosa. Acho que não.
-Porque acha que não? - Nesse momento a loira pensou em tantas coisas, e dentre elas a conexão que vinha construindo com a morena, será que aquilo era apenas da parte dela ou estava louca? Ana tinha mais de trinta anos, ela sabia quando algo além acontecia, não era boba... mas sua cegueira a fazia acreditar que nada estava acontecendo. E seu medo de perder aquilo também, não queria parar. Não queria perder Mariana.
-Besteira minha. Desculpa ser invasiva, não sei nem porque perguntei isso.
-Está louca? Somos amigas, te dou essa liberdade. Mas não, não estamos juntos.
-Hm...- Ana sentiu um alívio. O que era hipocrita, porque a mesma era casada.- Vamos num café? - A morena arrebitou levemente a sobrancelha.
-Vamos. Quando?
-Pode ser segunda. Ou terça antes da célula. Quero falar do nosso aplicativo.
-Ok. Nos falamos por mensagem.
-Ta bom, agora vamos? Odeio banheiro -Riram.
As duas saíram e Pablo encarou Mariana e Ana. Deu um leve sorriso.
O culto acabou e no carro ele indagou.
-Me deixou sozinho lá, Mari. Você sumiu por uns dez minutos.
-Desculpa, é que Ana não estava passando bem.
-Vocês são amigas? - A morena assentiu em silêncio. -Que amiga gata, hein!
Mariana nesse momento repreendeu Pablo mas riu por dentro ao saber que pensava a mesma coisa... e pior! Se imaginava dando beijos naquela mulher. Que situação!
Ao chegarem em casa se despediram e Pablo deu a entender que queria aquilo mais uma vez, o que não aconteceria. Mariana já conseguiu a resposta que queria de Ana, claramente a loira estava enciumada. Por mais que sabia que isso é perigoso gostava de sentir isso. E sim, seu primeiro e mentiroso plano pra Ana se afastar não passou de um pretexto pra fazer ciúmes em Ana. No fundo, ela sabia que o plano era pra isso.
A segunda feira chegou e ambas se encontraram no café.
-Linda! Estou aqui!
-Oi!! To indo. - Mariana sorria.
-Preparada pra nossa reunião? Fiz varios slides pra mostrar o projeto.
-To animada e com medo.
-Medo de quê?
-De você não gostar tanto das ideias que tive, tenho que trabalhar minha insegurança em relação a minha eu profissional.
-Eu concordo, mari. Você é tão talentosa, inteligente, linda, saudável. Poxa, se você se enxergasse como te enxergo se apaixonaria por si mesmo.
-Ah, é? Você é apaixonada então? -Mari falou brincando mas com um fundo de verdade, se sentiu ousada por isso. Ana por sua vez, ergueu as sobrancelhas e riu.
-Eu sou! Quem não é está louco! -Mariana corou. -Mas voltando, pedi um café pra gente. Inclusive você vai no retiro de sábado?
-Hmmm eu vi isso aí! Acho que não.
-Ah, porque? Vai sim! Te obrigo.
-Queria descansar um pouco.
-Deixa pra descansar quando morrer. Vamos, hein? Você vai gostar.
-Ta bom. -Sorriu de canto e as duas começaram a falar de suas ideias pro projeto.
Ali surgia uma grande parceria, onde suas ideias eram tão sintonizadas que as duas nem viram a hora passar. Saíram do café apenas de noite.

Maryana - Amor ou pecado? Onde histórias criam vida. Descubra agora