PARTE DOIS • capítulo 1: milagres existem

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MANHÃ DE SEXTA

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MANHÃ DE SEXTA

— Que droga você pensa que tá fazendo?

Só naquele momento eu percebi o que era realmente se sentir chateada. A chateação que senti mais cedo, um dos estágios de negação desde o resultado da competição, não é nada comparado à chateação que estou sentindo agora. E querem saber o motivo? O modo como Kellan Rich, o cara que se tornou meu melhor amigo em um mês, ferrou com a oportunidade de cumprir sua promessa à Lili sem motivo aparente.

É realmente muito decepcionante ver uma pessoa especial desistindo tão facilmente de alguma coisa. Neste caso, então, que Kellan competiu com outras vinte pessoas e teve a sorte de ser o ganhador do fim de semana, é mais decepcionante ainda. A decepção une-se a raiva e a chateação e você parece que vai explodir a qualquer momento. Eu me sinto como se fosse explodir agora mesmo, de uma vez.

Anna Flint — sobrenome na qual eu descobri de manhã pela boca grande de Carla — passou-se quando eu disse que só aceitaria passar o fim de semana com os meninos se encontrasse com Kellan. Em contrapartida, Anna disse que eu não estava em posição de exigir nada, visto que não ganhei o fim de semana. Parte do problema foi resolvido quando criei coragem. E põe coragem nisso.

— Pois bem, eu sou a selecionada que conquistou a segunda posição na competição, o vencedor aparentemente abriu mão do prêmio, que automaticamente é passado para mim. Se eu não o aceitar, você não pode simplismente escolher outra selecionada, ou seja, Anna Flint, quem não está na posição de exigir, é você. — A linha prolongou um silêncio, então continuei: — Ou você aceita a minha exigência ou eu não irei participar do fim de semana, e você estará encrencada com o público, que chamará a competição de farsa. Ou como se chama mesmo? Ah, sim, jogada inteligente.

E assim, Anna ouviu o meu doce pedido.

No caminho de carro para a mansão do fim de semana, pensei em inúmeras maneiras de abordar Kellan. Quase adotei o jeito de Melinda de resolver as coisas, mas então me lembrei de que uns palavrões não resolveriam o meu problema. Amaldiçoei minhas próprias palavras quando adentrei numa sala qualquer. Xingá-lo pouparia-me de um discurso motivacional e convincente, por outro lado, seria agir como alguém que eu não sou, alguém fora de si e sem controle.

Eu só estava chateada. E muito depcecionada.

Mas tenho controle.

E não estou fora de mim.

Então, apesar de tudo, a única coisa menos pesada que saiu da minha boca foi:

— Que droga você pensa que tá fazendo?

Kellan se virou no ato.

Os olhos castanhos do meu amigo ainda brilhavam.

Estranho.

— Na verdade, eu já fiz — ele respondeu.

— O que passou pela sua cabeça? Você prometeu a Lili e agora está desistindo — relembrei, a beira das lágrimas.

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