capítulo 7.1: aos sábados à noite temos compromissos

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NOITE DE SÁBADO

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NOITE DE SÁBADO

Vovó Aimée tinha a sina enlouquecedora de sempre ser presa. Nas vezes que foi presa, inexplicavelmente, não foi por cometer crimes, mas por desacato à autoridade. Vó Aimée xingava e até jogava objetos em cima dos policiais. Aos seus sessenta anos de idade ela tinha a raiva e a disposição de um adolescente — e a língua maior que a de um, acreditem.

Em contrapartida, vô Tim é a pessoa mais calma e correta que você conhecerá — depois da minha mãe, é claro. Nada saí de seu controle, nem é deixado de lado até que vire uma bola de neve. Vô Tim só é espertalhão, como eu já disse outrora, mas é justo e paciente à seu modo. Depois que a vovó Martha faleceu há quatro anos atrás, vô Tim aderiu ao modo de vida que sua esposa gostaria que ele levasse.

A morte da minha vó destruiu a conexão da família por um curto período de tempo — por mais distante que vovô Tim e vovó Martha morassem, lá na Carolina do Sul. Assim que vovó faleceu, acabaram-se as viagens até a Broadway, em Nova Iorque, e as suas visitas inesperadas. Nem mesmo vovó Aimée era intimada pelo vô Tim. Não tinha mais o quê de Nova Iorque, ou, como chamávamos, as desculpas do Vô Tim para se aventurar até lá. Ele continuou vivendo na Carolina e não desapegou de nada da vovó Martha.

Sinto falta dela, é claro, mas é comum se acostumar com a falta das pessoas.

Ou o vazio delas.

Minha mãe sentiu muito quando vovó Martha morreu. Se é doloroso perder a vó, imagina só perder a mãe. Minha mãe se acolheu nos braços do pai, o vô Tim, na única semana que ele passou em Washington antes de voltar para Carolina. Eu tinha catorze anos quando tudo aconteceu, e até tentei aconchegar minha mãe.

Greta tinha vinte já. Uma mulher que soube perfeitamente lidar com a situação.

Vovó Aimée engravidou jovem. Tinha quinze anos quando engravidou de Raymmond Sebastian Júnior, um militar babaca de vinte e cinco anos. O meu bisavô Henrique Matarazo, obrigou a filha a casar com Raymmond quando descobriram de sua gravidez. Raymmond, por sua vez, abandonou minha vó grávida aos quinze anos do meu pai. Vovó Aimée deu à luz a John Stone, sobronome do cara com quem vovó casou-se aos oito meses de gestação.

Esse cara é o meu avô.

Luid Stone é o meu avô de verdade, ainda que o nosso DNA não seja o mesmo.

Quando vovô Luid conheceu a vovó Aimée, ela já tinha uma barriga consideravelmente grande de cinco meses. Nas palavras do meu avô, quando conheceu vovó, encantou-se por seus olhos azuis — e, acredite, ele tem razão, são incríveis — e a coragem de gerar um bebê solteira. Vovô Luid rapidamente tomou a gradivez da vovó como sua responsabilidade. Meu bisavô biológico — vulgo doador de esperma da vovó Aimée — aceitou o casamento de ambos só para apaziguar a má fama que a gravidez adolescente e fora dos padrões da sociedade trouxeram à família.

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