EPÍLOGO • parte um

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EPÍLOGO • parte um
onde mora o meu coração.

AMERICA STONE

Nova York.
Dois meses depois do reencontro no Reino Unido.

         Nova York estava dolorosamente frio naquela noite. Meu apartamento minúsculo no Brooklyn precisava ficar com o aquecedor ligado a todo instante, caso contrário, eu congelaria. Só por isso a conta de luz viria o dobro do que o de costume. Geralmente, quando estamos no verão, é possível sobreviver com o aquecedor desligado pela manhã, mas inevitavelmente dormir com ele desligado.

Meias.

Impossível dormir sem elas.

Ainda bem que eu não pretendo dormir agora. Só depois da festa. Uma das minhas colegas de faculdade convidou grande parte dos universitários para sua festa de aniversário numa boate bem famosa. Samantha não é muito próxima a mim, não tanto quanto Olivia, mas foi gentil em me oferecer um dos convites. Aceitei e agradeci, promentendo fazer o possível para comparecer ao seu aniversário.

Há uma hora, mudei de ideia.

Resolvi dar um rolê pela festa de Samantha.

— Você vem comigo?

— Não dá, amiga — Olivia diz, aparentemente chateada. — Meus pais saíram. Vinte e cinco anos de casados hoje.

— Meus parabéns.

Meu celular bipa. Mensagem.

— Nem me diga — Olivia ri. — Estou cuidando dos gêmeos. São impossíveis. Augustus larga isso aí agora!

Dou risada.

— Meu Deus, Olivia. Precisa de ajuda?

— Preciso, mas não de você — ela garante. — Quero que você curta a noite. Bastante. E fique com alguém.

Reviro os olhos.

— Para de revirar os olhos, America! Promete.

Reluto.

Solto um suspiro e aceito:

— Beleza, Liv.

Ela comemora do outro lado da ligação.

Pouco tempo depois, estou esperando o UBER que pedi no hall do prédio. O porteiro troca algumas conversas comigo, sendo gentil como sempre é, mas rapidamente nosso assunto é cortado pelo motorista do aplicativo.

— Obrigada, Preston.

O síndico mexe a cabeça e me dá um sorrisão.

Assim que entro no UBER, o motorista me cumprimenta gentilmente. Logo em seguida, silêncio. Gosto das conversas trocadas com o motorista do aplicativo, mas sempre é bom fazer o trajeto em silêncio. Olhar pela janela do automóvel, ver pessoas de um lado para o outro, o trânsito levemente congestionado de Nova York.

Que sensação gostosa.

De repente, me lembro da mensagem que recebi.

"Cheiro de chuva. Lembrei que você gosta desse cheiro."
— Harry.

Sorrio e respondo:

"Só do cheiro, da chuva, não."

Bloqueio o celular.

O motorista diz que provavelmente iremos demorar mais do que o normal, por conta do congestionamento. Nova York sendo Nova York. A cidade que nunca dorme.

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