qᴜᴇʀ ɪʀ ᴀᴏ ᴍᴇᴜ ꜱʜᴏᴡ ᴄᴏᴍɪɢᴏ?

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Camila

Penso por alguns segundos. - Essa é uma pergunta complicada. Eu diria que sou romântica, do contrário estaria escrevendo livros de suspense. Por outro lado, não teria como eu saber se amor existe, porque acho que nunca amei alguém para valer. Se fosse depender da minha experiência, escreveria diferentes versões de garotas legais quebrando a cara. Então, sou uma impostora. Escrevo sobre coisas que nunca senti. Ou escrevia, porque ando com um bloqueio criativo que já está durando semanas.

- Eu me sinto do mesmo jeito. - Ela se senta, parecendo subitamente animada com a minha trágica confissão. - Preciso entregar um álbum novo para a minha gravadora daqui dois meses e só compus uma música até agora. Duas, se contarmos aquela que ideia que tive cinco minutos atrás. E nem me faça começar a falar sobre ser uma impostora. Só escrevo sobre coisas que eu nunca vivi, mas que queria muito viver. Que eu queria muito sentir. - Seus ombros caem, a expressão animada perdendo lugar para uma sombra de tristeza. - Eu também sou um desastre quando se trata de relacionamentos. Às vezes, eu acho que isso não é para mim.

- Isso o quê?

Ela me lança um sorriso torto e dá de ombros, respondendo com simplicidade. - Amor.

Meu coração se aperta. - Mesmo achando que não é para você, você ainda acredita que ele exista? - Pergunto em um sussurro, já prevendo que a sua resposta vai estourar os meus miolos.

- Não tem como crescer com os meus pais e não acreditar no amor. Aqueles dois são o maior exemplo de companheirismo, cumplicidade e química que existe. - Evita me olhar e começa a brincar com um anel de prata do seu mindinho. - Eu só queria achar o que eles têm.

BOOM!

Sim.

Ela DETONOU meus miolos.

Embaixo da marra, do charme, da fama e do cabelo de deusa do sexo, tem uma garota sensível e que quer encontrar um amor para chamar de seu.

Chamem Lauren Jauregui de qualquer coisa, menos de clichê. Ela foge tanto do estereótipo de “bad girl sedutora” que a ciência deveria estudá-la, para depois cloná-la e usá-la para salvar a raça humana da desgraça.

- Mas e Alexa?

Um dos maiores mistérios do mundo da música. A modelo e ela pareciam o casal perfeito. Indo à premiações juntos, gravando clipes, postando fotos em todas redes sociais...

- Alexa não foi nada, além da principal razão para eu achar que essa coisa de relacionamento não é para mim. - Ela volta a se deitar, olhando para cima. Oh-oh. Acho que algo não acabou bem aqui. - Então, quantos livros você já escreveu?

E... mudamos de assunto.

Ok.

- Dezoito.

Seus olhos se arregalam para mim mais uma vez. - É sério?

- Por que não seria?! - Agora é minha vez de me apoiar no cotovelo para vê-la melhor. - Olha só quantas músicas já escreveu e você é bem mais nova do que eu.

- Eu sou mais nova que você? - Franze o nariz para mim.

- Não é óbvio? - Meu celular passa a tocar Two Princes, do Spin Doctor, e de novo ela fecha os olhos por alguns segundos. Sua conexão com qualquer tipo de música é uma coisa muita bonita de se ver. Ela parece se desconectar da realidade e se transportar para dentro das melodias, como se quisesse absorver as notas, não apenas ouvi-las.

- Não conhecia essa. É muito boa. - Balança a cabeça, seguindo a batida animada. - E não, não é nada óbvio para mim. Poderia apostar uma das minhas guitarras que você é mais nova que eu, inclusive.

ꜱᴏᴍᴏꜱ ᴀᴘᴇɴᴀꜱ ᴀᴍɪɢᴀꜱOnde histórias criam vida. Descubra agora