ᴜᴍ ʜóꜱᴘᴇᴅᴇ ᴄʜᴀᴍᴀᴅᴏ ᴅᴀʀᴛʜ ᴠᴀᴅᴇʀ

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Camila

Entro no meu quarto, me jogo mais uma vez na cama fofa e fico sorrindo como uma idiota para o teto. Escrevi sobre isso tantas vezes nos meus livros, sobre o primeiro encontro da garçonete com o ator famoso, ou da garota da plateia com o baterista, mas não fazia ideia de como era o sentimento real. É um frio na barriga muito pior do que quando eu pulei de paraquedas, ou vi a torre Eiffel pela primeira vez.

Alcanço o travesseiro atrás de mim, afundo meu rosto nele e começo a gargalhar, perdida numa crise de risos daquelas que quanto mais você tenta parar, mais você ri.

Eu me estatelei na frente dela? Eu me estatelei na frente dela. Mas, pelo menos, nós conversamos por quase TRÊS MINUTOS completos! E eu pude vê-la de perto, de pertinho mesmo.

Ainda rindo da minha patetice, levanto para ir tomar um banho e passo na frente do espelho de corpo inteiro do meu quarto, parando ao ver o meu estado. Estou mais que corada, estou uma mistura de pimentão tostado com insolação grau cinco.

Meu cabelo está com uma coroa de frizz e suor escorre pelo meu colo. Estou um desastre total, sem um pingo de maquiagem e é assim que eu conheci minha ídolo da vida.

Isso é tão minha cara, que nem consigo ficar brava. Agora entendi a careta que ela fez naquela hora e consigo até imaginar o que deve ter pensado.
Coitada dessa menina. Deve ter desistido da vida para estar andando por aí nesse estado”.

Entro embaixo do chuveiro e deixo a água quente relaxar meus músculos tensos do avião e dos dois tombos do dia. Imagens dos olhos verdes e do sorriso fácil de Lauren ficam circulando no meu cérebro, junto com a lembrança de todas as coisas que ela me fez sentir em apenas alguns minutos de conversa.

Uma história começa a se formar na minha cabeça e eu sinto o comichão familiar de um novo livro nascendo. Sinto as ideias brotando e as palavras jorrando, como se eu só precisasse abrir a torneira e despejar tudo no papel. Ou melhor, no teclado do notebook. Se eu conseguir traduzir o que estou sentindo, vai ser a minha melhor obra, com certeza. Isso me dá um frio na barriga maravilhoso, misturado com empolgação, misturado com alívio e misturado com ansiedade para ver tudo ganhar vida logo. 

Sempre me achei meio impostora, escrevendo sobre todas essas coisas que não vivi.
Amizades em que as pessoas fazem tudo uma pela outra e vivem as maiores aventuras juntas enquanto, na realidade, minhas únicas amigas são as minhas leitoras. E a minha mãe.

Ou ainda contar histórias de amor épicas, enquanto minha vida amorosa é uma verdadeira tragédia grega. Se tiver uma pessoa-lixo num raio de 100 km, eu vou farejá-la, encontrá-la e me apaixonar por ela, até que meu coração esteja no ponto perfeito para ser partido. Sim, isso já aconteceu algumas vezes. Por isso, decidi me dedicar única e exclusivamente aos crushes literários. Ah, esses sim me fazem sentir borboletas no estômago, fazem meu mundo tremer e, de quebra, ainda me fazem acreditar que existe alguém digno por aí, só esperando por mim.

O bom de levar essa vida solitária? Aprendi a apreciar muito a minha companhia e não vai ser por qualquer um que eu vou abrir mão desse ótimo relacionamento que ando tendo comigo mesma, não. Agora, se não for por um Maxon Schreave, por um Mr. Darcy, ou por um Ian Clarke, eu nem saio de casa.

Mas, dessa vez, Lauren me deu o começo de algo realmente autêntico. Algo que eu estou sentindo que será grande. Termino de enxaguar meu cabelo, saio do banho, me enrosco no roupão felpudo e ligo meu computador, ansiosa para rascunhar logo.

Foi só começar a digitar para as palavras parecerem fluir de mim como nunca antes. ISSO, ISSO, ISSO!

Próximo livro, aí vamos nós!

O telefone do quarto toca no meio da minha décima página e eu me levanto amaldiçoando quem quer que tenha OUSADO atrapalhar o momento exato em que a mocinha estava prestes a derrubar uma xícara de café quente no colo do astro do rock.
Bem agora, Universo? Jura? Não poderia esperar mais uns dois parágrafos?!

- QUE É? - Praticamente rosno para o pobre aparelho.

- Senhorita Cabello, aqui é a Florence da recepção. - Reconheço a voz da recepcionista de mais cedo e relaxo um pouco.

- Ah! Oi, Florence.

- Uma hóspede está solicitando o número do seu quarto e eu gostaria de saber se estou autorizada a passar.

- Qual hóspede? - Eu só “conheço” uma outra hóspede desse hotel, mas não poderia ser ela.
Poderia?

- Uma hóspede chamada Darth Vader, Senhorita. - Sinto o sorriso na sua voz e dou uma gargalhada.

Sim, poderia.

Espera aí.

Por que, diabos, Lauren Jauregui quer saber o número do meu quarto?!

ꜱᴏᴍᴏꜱ ᴀᴘᴇɴᴀꜱ ᴀᴍɪɢᴀꜱOnde histórias criam vida. Descubra agora