Ato V

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— Porra! — Eu escutei alguns instantes depois, enquanto sentia um pano úmido e gelado sendo passado no meu rosto.

— Isso deve ter sido apenas um piti, Josh. — Provavelmente era a loira raivosa que estava falando. — Você sabe que as alunas adoram cair desmaiadas sobre você.

— Cale-se, Sina— ele disse e continuou passando a mão suavemente sobre meu rosto.

Meus cílios ganharam vida própria e começaram a resolver cooperar com a abertura dos meus olhos. Quando consegui focar no que estava à minha frente, percebi que Josh me olhava com uma expressão sombria e tensa.

— Há quanto tempo você está sem se alimentar? — ele perguntou e seu tom de voz era irritado.

Tentei me sentar, mas ele impediu. Percebi que eu estava deitada com a cabeça repousada em minha mochila.

— Ahn... desde às sete — respondi, envergonhada porque minha voz estava enfraquecida.

— Porra! Por que você não falou?

Agora eu consegui um pouco de energia para me revoltar.

— Eu falei, quando eu estava saindo para uma refeição, mas você chegou dizendo que não tinha tempo!

Josh passou as mãos nos cabelos e, se aquilo era possível, conseguiu ficar mais sexy do que já era. Desviei os olhos da cena.

— São três e meia da tarde, garota! Você teve um pico de hipoglicemia porque está sem se alimentar adequadamente. ― Minha nossa! O idiota até que era inteligente. Imbecil.

Consegui vencer a resistência da mão dele, que me impedia de me levantar, e sentei desajeitadamente. A coisa loira estava parada com os braços cruzados, apenas avaliando a situação. Seu ódio era latente. Eu podia sentir de onde estava. Credo. Toda aquela vibração negativa oriunda daquela mulher poderia me dar azia. Ah, não, espere... a azia já estava ali instalada ao lado de uma possível úlcera estomacal.

— Como disse, eu estava saindo para uma refeição rápida antes da sua chegada. — Tentei me levantar, mas a tontura se apoderou novamente. — Merda...

— Você precisa de algo para comer.— Meu estômago está embrulhado.— Sina, traga uma das minhas barras energéticas, por favor.

Quando a loira voltou, Josh pegou o pacote e praticamente enfiou dentro da minha boca.

— Coma.

Eu balancei a cabeça em negativa.

— Não consigo.

— Claro que consegue. Basta abrir a boca impertinente e mastigar um bom pedaço. Mas devagar para não passar mal.

Acabei fazendo o que ele pediu e comi um bom pedaço da barra energética que me ofereceu.

Ele ainda a segurava, sem permitir que eu mesma me alimentasse.

— Ahn... eu posso comer sozinha — disse embaraçada.

Se já não fosse o suficiente, além de eu ter tido um desmaio durante um ensaio com o grande Josh Beauchamp, ainda estava naquela postura frágil, sendo alimentada pelo meu carrasco. Bom Deus, o homem estava fazendo com que eu me sentisse um bebê chorão. E o pior era que as lágrimas estavam querendo participar realmente da festa e descer de tobogã dos meus olhos.

— Vou levar você para casa — Josh disse como se minha opinião não fosse necessária.

— Não é preciso, sr. Beauchamp. Eu moro aqui perto. — Consegui me levantar sem sentir a tontura horrível de antes. — Eu já me sinto bem melhor — menti levemente e agradeci que meu nariz não cresceu como o do Pinóquio.

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