Uma Escuridão Conhecida

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Harry acordou gritando; seu coração batia forte em seu peito; sua respiração veio em ofegos curtos e forçados. O suor encharcava suas roupas e os lençóis emaranhados que cobriam sua cama. Com lágrimas não derramadas na borda dos olhos, ele
encolheu desesperadamente contra a escuridão do quarto. Cada músculo de seu corpo tremeu, sacudindo com a memória da tortura e horror...

Teria sido melhor se ele acordasse com a cicatriz doendo. Esses pesadelos, da escuridão de suas próprias memórias, eram de natureza muito mais insidiosa, como um adversário contra o qual tivesse que lutar mas que não pudesse enxergar. Neles Harry voltou ao cemitério, sempre o cemitério. Cedrico estaria lá também, só que ele não estaria escondido em segurança atrás de uma lápide.

Nesses pesadelos nenhum deles conseguiu sair vivo, mas Harry nunca morreu primeiro.

E antes que eles morressem, Voldemort ria enquanto eles gritavam.

À distância, Harry reconheceu vagamente o som de fechaduras sendo abertas. Passos pesados... ele ficou tenso, cada músculo de seu corpo ficando rígido de ansiedade... o bater de uma porta... a luz brilhou além de suas pálpebras...

Será que gritei alto?

"Moleque! O que diabos você pensa que está fazendo, nos acordando a esta hora?!"

Sim gritei .

Harry forçou seus olhos a abrirem, piscando quando a luz forte o cegou momentaneamente. Sua visão não melhorou muito e ele se viu instintivamente pegando seus óculos, ainda atordoado e abalado pelo pesadelo. Uma mão áspera e carnuda agarrou seu pulso, empurrando-o dolorosamente contra a parede.

A dor explodiu quando seu ombro atingiu a parede e um gemido escapou dele. pontos pretos nadavam em sua visão.

"Nem mais um pio!" Harry conseguiu se concentrar na figura borrada de seu tio, pairando sobre ele. "Eu tenho um grande dia no trabalho amanhã, se eu não conseguir minha promoção, moleque, você vai desejar nunca ter nascido! Está claro?"

"Eu não..."

Eu sinto Muito. Eu não queria. Merlin, sou patético. Eu sinto Muito.Eu não consegui salvá-lo

Uma parte racional do cérebro de Harry sabia que sua alma gêmea estava bem, sabia que ele sentiria se Cedrico morresse. Uma parte maior dele nunca escaparia da visão do cadáver de Cedrico, pendurado sem vida amarrado com cordas pretas a uma lápide, que assombrava seus sonhos. Ele ficou sem palavras, sabendo que não havia defesa que pudesse fazer seu tio o ouvir.

"Está claro?" Válter repetiu, cravando os dedos dolorosamente nos braços de Harry.

"Claro, senhor," Harry conseguiu dizer, sua voz trêmula.

Válter o atirou para longe como um pedaço de lixo, marchando para fora do quarto sem dizer mais nada. Ele nem se incomodou em desligar a luz antes de bater a porta. Harry seguiu os sons... primeiro o som de fechaduras... então o som de passos se afastando...

Harry durou alguns segundos antes de colapsar. Soluços ásperos subiam pelo seu peito, seus pulmões se esforçando para respirar. Sabendo que não podia gritar ou ser ouvido, abafou seus gritos no travesseiro, rangendo os dentes. Os tremores voltaram, atormentando cada músculo de seu corpo.

Amare: Amar Apesar Da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora