Morrendo. Vivendo?

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"AVADA KEDAVRA!"

Harry nem abriu a boca para resistir. Sua mente estava em branco, sua varinha apontando inutilmente para o chão.

Vou morrer.

Mas a estátua de ouro do bruxo na fonte surgiu viva, saltando de seu pedestal, e caiu no chão com um estrondo entre Harry e Voldemort, os braços estendidos em um escudo. O feitiço apenas resvalou em seu peito quando a estátua estendeu os braços, protegendo Harry.

"O que...?" Voldemort parou, olhando ao redor. "Dumbledore!'

Harry olhou para trás, seu coração batendo forte. Dumbledore estava parado na frente dos portões dourados. Magia poderosa – magia terrível – ondulava pelo ar enquanto os dois duelavam.

"(...)Não há nada pior do que a morte, Dumbledore!" Voldemort rosnou.

"Você está muito errado."

Momentos depois, Voldemort se foi, tão repentinamente quanto apareceu, desaparecendo na água da fonte como nada além de uma sombra.

"MESTRE!" Belatrix gritou.

"HARRY?!" Harry se virou para ver seu padrinho, seu rosto contorcido de dor e pânico, olhando ao redor desesperadamente.

Certo que acabou, certo que Voldemort decidiu fugir, querendo nada mais do que correr para Sirius, Harry fez menção de correr atrás de sua estátua de guarda, mas Dumbledore gritou: "Fique onde está, Harry!"

Pela primeira vez, Dumbledore parecia assustado. Mas Harry olhou em volta confuso, a batalha parecia ter acabado, com o que Dumbledore estava preocupado?

E então a cicatriz de Harry se abriu. Ele sabia que estava morto: era uma dor além da imaginação, uma dor além da resistência...

Ele havia saído do salão, estava preso nas espirais de uma criatura com olhos vermelhos, tão fortemente amarrados que Harry não sabia onde terminava seu corpo e começava o da criatura. Ali se fundiram, presos pela dor, e não havia escapatória...

E quando a criatura falou, usou a boca de Harry, de modo que em sua agonia ele sentiu sua mandíbula se mover...

"Me mate agora, Dumbledore..."

"NÃO!"

Ele não sabia dizer quem havia gritado. Cego e morrendo, cada parte dele gritando por liberação, Harry sentiu a criatura usá-lo novamente...

"Se a morte não é nada, Dumbledore, mate o menino..."

Deixe a dor parar, Harry pensou. Deixe-me morrer... Acabe com isso... A morte não é nada comparada a isso...

"NÃO!" A mesma pessoa de antes gritou e ele sentiu que alguém o ouxava pelos braços, segurado com força e o embalando enquanto a agonia rasgava cada fibra de seu ser. "Você não pode tê-lo!"

Sírius.

Cedrico. Rony. Hermione. Remus Thea...

Amor.Amizade.

Ele era amado e era capaz de amar. Harry não era o garoto solitário e mal amado no armário. Havia razão para viver, razão para lutar. Claro, ainda havia dor. Sempre haveria dor. Mas juntos eles eram mais fortes; juntos era suportável.

Você é o fraco... Harry pensou. E você nunca conhecerá amizade ou amor. E sinto pena de você.

E, enquanto o coração de Harry se enchia de emoção, as espirais da criatura se afrouxaram e a dor desapareceu. Isso o deixou frio, tremendo como se estivesse deitado no gelo. Harry se derreteu no abraço de seu padrinho, soluços irregulares saindo de seu peito.

Amare: Amar Apesar Da EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora