Capítulo 1 Só entre nós nesse planetinha

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Luke Skywalker estava definitivamente começando a se cansar da companhia de Din Djarin. Quando ele deu a Grogu uma escolha entre ficar com ele e aprender sobre a Força ou com mandaloriano, confessou que achou que nunca mais os veria. A Força não lhe mostrou que o mandaloriano voltaria pouco tempo depois com a criança, para lhe perguntar porque o havia mandado de volta, nem que uma breve "discussão" entre os dois desencadearia a libertação dos poderes do garoto, nem que Din o convenceria a pelo menos treiná-lo um pouco mais. A Força não lhe disse que os dias se transformariam em semanas, nem que ele seria convencido a ensinar Grogu a construir seu próprio sabre, onde ele seria deixado sozinho em Vrogas Vas, dentro do templo para conseguir seu cristal kyber, que eles teriam que fugir do planeta porque alguns "amigos do mando" queriam leva-lo para fazer um passeio.

Mas o imperdoável, foi a Força se esquecer de avisar que naquela noite ele estaria em um show de uma holobanda de adolescentes ouvindo músicas escandalosas sobre injustiças sociais contra pivetes de rua.

Luke Skywalker e Din Djarin estavam em um planetinha qualquer da Orla Exterior, ele sem suas roupas de Jedi e o mandaloriano sem sua armadura, os sabres escondidos em suas roupas normais, misturados no meio da multidão que gritava para a banda que estava apenas semi-presencialmente ali. Din se permitira tirar a armadura – apesar da culpa –, já que a Armeira que cuidava dos doutrinados sabia que ele já havia removido seu capacete.

- Você não podia fazer uma cara menos Jedi? – disse Din no ouvido dele, para se destacar do grito dos outros.

Luke riu com escárnio.

- E você consegue ser menos mandaloriano? – e o que recebeu em troca foi um olhar compassivo e bochechas rubras.

Din arrastara Luke para planetas que ele nem sabia da existência, eles até mesmo estiveram em Jakku. Eles se livraram de todo tipo de emboscada, viram Din matar de todos os jeitos possíveis – que ele nem mesmo imaginava –, e ralhara com Din por deixar Grogu ver isso.

E o pior de tudo: passara a chama-lo apenas de Din.

Passara a lhe dar aulas particulares para que ele pudesse usar o sabre negro sem causar mais nenhuma queimadura terrível. Um sabre de luz se conecta ao seu portador, quanto mais sincero sobre a verdade consigo mesmo, mais leve ele ficava. Mas Din estava lutando contra muitas verdades e também lutava contra aceitar o sabre. E quando Luke de dispusera de boa vontade a ajuda-lo com isso passara a chama-lo de Din. Não mais por "o mandaloriano". Apenas Din.

E quando o mandaloriano aceitou dividir seu fardo e seus demônios com o Jedi, descobriu que gostava da companhia do outro, e passou a tê-lo apenas por Luke. Passou a conhecer um pouquinho da história do outro, e bastante de sua pequena, mas amada família. Passou a se importar com os sentimentos dele, e quando deu por si sabia que estava ferrado.

Din se afundava nos olhos azuis de Luke, profundos, refrescantes como o mar e expressivos. Pôs reparo em seus cabelos louro claros como as areias de Tatooine, brilhantes e que deveriam ser macios ao toque.

- O que está fazendo? – perguntou Luke, observando Din colocar em seu pulso esquerdo várias pulseiras coloridas e brilhantes feitas com algum tipo de polímero borrachento.

- Garantindo que você vai ser menos Jedi enquanto eu sou menos mandaloriano. – respondeu ele, mostrando que tinha posto aquelas bobagens e seu braço também. – Assim ficamos quites

- É sério?

- Pior que é. – ele tinha uma cara meio entediada, mas um sorrisinho leve e sincero nos lábios.

E Luke não pode evitar sorrir quando sentiu que o homem se colocou atrás dele, e segurou a mão dele com as pulseiras para ergue-la lá em cima, e agitá-las para lá e para cá calmamente no ritmo meio lento de uma música que falava sobre amor. Por que não? Afinal, eles estavam ali para se esconder, fingindo que eram outras pessoas.

Ambos aprenderam muito sobre o outro, e observaram que tinham muita coisa em comum. Paciência, principalmente para aquilo que o outro não aguentava, um achava o outro altruísta, habilidosos naquilo que faziam e com um código que deveriam seguir.

- Din. – chamou Luke, olhando para trás para falar com ele.

- O que? – ele havia aproximado mais o rosto para poder ouvi-lo.

As pessoas estavam muito animadas com a próxima música, que era particularmente romântica e falava justamente da beleza de um par de olhos azuis, empurrando-os para lá e para cá. Din então segurou a mão robótica enluvada de Luke e enlaçou a cintura dele para não perdê-lo em meio aos outros e evitar que o machucassem, o que fez um arrepio perpassar pelo corpo do Jedi ao sentir o calor do mandaloriano aquecê-lo contra a noite fria . Quando os gritos se acalmaram, ele virou o rosto para trás novamente para dizer o que queria:

- Tudo isso fica só entre nós, não é? Ninguém precisa ficar sabendo.

- Sim. – disse ele, perto de seu ouvido, o bigode dele fazendo cosquinhas em sua orelha. – Eu não pretendia contar para ninguém de qualquer forma.

Luke sorriu para ele, e Din sorriu de volta, ambos contagiados pelo clima. E um pouquinho pela spotchka que os havia relaxado.

Então Din o apertou um pouco mais em seu abraço e beijou Luke nos lábios. Apesar de ter sido pego de surpresa, ele retribuiu o beijo, e deu passagem para a língua do outro, a timidez dando lugar ao desejo. Cada um pensando que haviam saltado para o hiperespaço sem nave.

Naquele momento, Luke fingia que era apenas um garoto da fazenda que havia fugido do tio Owen e da Tia Beru para assistir um show com muitas luzes e diversão, só para namorar o caçador de recompensas bonito das paragens. Din ainda o abraçava, e havia soltado a mão robótica de Luke para segurar seu rosto. Ele estava tão entregue e o beijava tão apaixonadamente que estranhou quando o beijo foi interrompido.

- Grogu. – limitou-se a dizer o Jedi.

- A Força? Agora ela quer te dizer alguma coisa? – perguntou Din, indisfarçadamente desapontado. Ele apenas acenou com a cabeça enquanto sorria para aquela insatisfação. – Então vamos.

Ainda segurando a mão de Luke ele o guiou com dificuldade para fora do show, com a ajuda do Jedi, que afastava as pessoas sutilmente usando a Força.

Quando chegaram as naves, Din o soltou, e fez menção de embarcar quando Luke, tomando coragem, o segurou e o puxou para mais um beijo, mais lento, mais compassado, sentindo seu corpo se arrepiar ao toque forte mas delicado das mãos do mandaloriano sob seus braços nus, as pernas tremerem e se deixar ser amparado totalmente pelo homem, seu coração batendo dolorosamente no peito enquanto sabia que seu rosto estava vermelho. Mas nada não fazia mal, a Força lhe dizia que Din se sentia do mesmo jeito. Eles se separaram pela falta de ar, e trocaram um olhar cúmplice e sorrisos felizes antes que ele embarcasse em seu X-Wing e Din no caça-estelar N1 e partissem de volta para Vrogas Vas buscar Grogu.

Ainda bem que a Força não lhe disse nada daquilo, afinal de contas ela sabe o que faz.

Só entre nós nesse planetinha (DinLuke)Onde histórias criam vida. Descubra agora