Hawkins, Indiana

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Melanie odiava mudanças.

Qualquer tipo de mudanças, na verdade; tinha certeza de que o seu corte de cabelo era o mesmo, desde quando ela tinha dez anos de idade. Até mesmo rabos de cavalos a faziam estranhar o próprio rosto. Nem suas roupas haviam mudado tanto, já que sempre gostou de usar roupas mais casuais, e nunca conseguia acompanhar as tendências do momento.

Odiava quando se afastava de algum dos seus amigos, pois sabia que aquilo significava que teria que encontrar outro, o que significava... mais mudanças. Por que será que as coisas não podiam ficar as mesmas, para sempre? Ou, pelo menos, até estar preparada?

Mas descobriu que odiava, principalmente, mudar de casa. Era tão cansativo, e haviam tantas, tantas caixas...

– Mãe... ainda falta muita coisa? – Perguntou, ofegante, depois de fazer o mesmo caminho, do caminhão até o seu novo quarto, pela terceira vez.

– Faltam só... – Susan se virou para o caminhão, contando mentalmente, mas foi interrompida.

– Se você for continuar dando uma de empregada da Max, e levar todas as caixas pra ela... – Billy resmungou, descendo do caminhão, enquanto carregava três caixas ao mesmo tempo, em um só braço. – ...vai ficar aqui até amanhã.

– Em que momento eu falei "Billy"? Tenho certeza de que perguntei pra minha mãe... – Contorceu o rosto, o encarando. – E, além do mais, ela só tem treze anos! Você não pode possivelmente esperar que ela carregue essas caixas enormes sozinha! – Retrucou, mas ele apenas resmungou "ela não é mais uma criancinha", continuando a andar em direção ao interior da casa.

– Melanie... – Sua mãe a advertiu, colocando as mãos nos quadris.

– Você viu o que ele falou, agora?! – Se defendeu. – Como se a Max já não tivesse levado o que ela conseguiu carregar!

– Billy já chegou me dando nos nervos... batendo os pés pela casa, bufando... o que é que deu nesse garoto?! – Neil se aproximou, com o cenho franzido. Ao olhar para Melanie, no entanto, pareceu entender o motivo. – Minha nossa... será que não podemos nem chegar na casa nova, sem vocês dois agirem como se estivessem em um maldito zoológico?

"O seu filho que é um animal...", respondeu, mentalmente, enquanto mordia a própria língua; ao contrário de Billy, Neil realmente a assustava. Pelo menos, o suficiente para não retrucar quando ele estava falando, por mais que já tivesse acontecido, algumas vezes.

– Tem mais alguma caixa pra mim? – Suspirou, ignorando o comentário dele, e sua mãe a entregou mais duas caixas de tamanho médio. – Ótimo... – Forçou um sorriso, antes de andar em direção á porta da frente.

Passou pela porta ao mesmo tempo que Billy saía, e ele fez questão de esbarrar no ombro dela ao fazer isso. O garoto não olhou para trás, mas ela tinha certeza de que ele havia, pelo menos, sentido o olhar feio dela, em suas costas.

A nova casa não era tão ruim assim, se precisasse ser totalmente sincera. A única coisa que a incomodava era o fato de ainda ter que dividir o quarto com Max; amava sua irmã mais do que tudo, mas aquilo não significava que não gostaria de ter seu próprio quarto.

Billy, é claro, teria um quarto só para ele, o que deu em uma enorme discussão na mesa de jantar. Alguma merda sobre "ele ser homem e precisar de privacidade", como se ela, na beira dos 17 anos, também não precisasse disso.

– Ei... – Bateu no batente da porta do seu quarto, chamando a atenção da menina sentada na cama do lado esquerdo do quarto. – Trouxe mais duas caixas... acho que uma é sua. – Entrou, colocando as caixas no chão, com cuidado.

𝐍𝐄𝐗𝐔𝐒↠ Steve HarringtonOnde histórias criam vida. Descubra agora