Jamaica!

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Quando acordou, Melanie apenas encarou o teto por alguns longos minutos, esperando que a velha empolgação de estar fazendo aniversário a atingisse, mas isso nunca aconteceu.

Faziam anos que não se sentia daquele jeito, no seu aniversário. Certamente, essa sensação não ia voltar logo no seu primeiro dia de aula em uma cidade nova.

Quando seus olhos já não tentavam desesperadamente se fechar, ela se levantou da cama e foi até a cozinha, com passos arrastados, encontrando todos os outros reunidos na mesa, começando á tomarem café da manhã.

– Bom dia. – Ela murmurou, coçando os olhos com as costas da mão, bocejando, e Susan, rapidamente, se levantou da mesa e andou até ela.

– Feliz aniversário, filha! – Deu um beijo no topo da cabeça dela, a fazendo contorcer o rosto; ainda não estava acostumada a ver sua mãe agindo como uma mãe normal. Fazia muito tempo. – Como se sente, agora que tem dezessete anos?

Melanie ficou em silêncio por alguns segundos, prestando atenção em todas as sensações por seu corpo, esperando sentir alguma diferença. Como se sua visão do mundo fosse mudar, de repente. Mas, não. Tudo parecia estar exatamente do mesmo jeito.

Então, apenas deu de ombros.

– Tenho certeza de que, quando voltar do seu primeiro dia, vai estar se sentindo melhor. – A mulher mexeu as mãos, em sinal de dispensa. – Agora, coma... não querem chegar atrasados no primeiro dia!

– Eu vou sair daqui a pouco. – Billy afirmou, mastigando seus ovos mexidos de forma que fez Melanie ter vontade de afundar o rosto dele no prato.

– É bom as meninas ficarem prontas logo, então. – Neil disse, sem tirar os olhos de seu prato, e Billy contorceu o nariz.

– Acho que você não entendeu, pai. – Balançou a cabeça, em negação, com um sorriso cínico no rosto. – Eu vou sair daqui a pouco. Não falei nada sobre as outras duas.

“Parece bom pra mim...”, Melanie pensou consigo mesma, enquanto espetava uma das panquecas com o garfo. Não se importava de ir para a escola de bicicleta. Na verdade, se tivesse que escolher entre isso e ir de carona com Billy, escolheria a bicicleta, mil vezes.

– Mas eu falei. – Neil ergueu a cabeça e o lançou um olhar frio. – Você tem um carro, e vai pro mesmo lugar que as suas irmãs. Qual o problema de dar uma carona pra elas?

Max e Melanie se entreolharam, fazendo caretas uma para a outra, ao ouvirem a menção de "irmãs". Susan notou isso e apenas abaixou a cabeça, voltando a comer, em silêncio.

– Eu te fiz uma pergunta, William. – Ele engrossou a voz, enquanto continuava encarando o mais novo. – Qual é o problema de dar carona pra elas?

– Nenhum. – Deu de ombros, brincando com a comida em seu prato, e Neil pigarreou. – ...senhor. – Acrescentou, em um murmuro, parecendo contrariado.

Eram raras as ocasiões em que Melanie sentia pena de Billy, mas, em todas elas, era por culpa de Neil. No final do dia, ela tinha certeza de que, se os dois tinham qualquer coisa em comum, era o rancor que sentiam de Neil... era uma pena que também sentissem o mesmo rancor, um do outro.

– Eu estava pensando em jantarmos fora hoje, em comemoração ao aniversário da Melanie. – Neil comentou, como se nada tivesse acontecido, quase que ignorando o clima tenso que tomou conta da mesa. – Quando for pro trabalho, hoje, vou ver se encontro algum restaurante...

– Tem uma lanchonete, na rua principal, que tem vári... – Max comentou, mas foi interrompida.

– Maxine, por favor, não vamos sair de casa para comer um hambúrguer com fritas, em uma lanchonete. – Negou com a cabeça, e a mais nova franziu o cenho.

𝐍𝐄𝐗𝐔𝐒↠ Steve HarringtonOnde histórias criam vida. Descubra agora