Beijo de amor verdadeiro, o final

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Esse trecho que usei de sumário é de War Pigs, do Black Sabbath, recomendo que escutem. Com esse capítulo, quis trazer um ponto de vista diferente, que aborda as lutas mas também as perdas. Quando se fala de ordem paranormal, é impossível evitar as perdas, e é por isso que lutamos todos os dias.

toda boa história tem um fim.

aqui está o final de uma jornada que estive feliz em poder transmitir e mostrar a vocês... muito obrigado por todo o apoio.

boa leitura e proveito...

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Mentes malignas que tramam destruição, feiticeiros que edificam a morte. No campo, os corpos queimam, enquanto a máquina de guerra continua funcionando.

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     Eu suava frio, e mantinha Beatrice atrás de mim. Era nova demais para isso, e desejava que tivesse continuado em Portofredo, talvez assim tivesse certeza de que teria algo depois que a poeira baixasse. Sabia que Arthur estava indo em direção a sala do trono, onde Kian provavelmente nos esperava e naquele momento, era a minha única certeza.

O primeiro agente a receber meus cuidados foi um mero guarda, trazido por uma moça de cabelos ruivos e vestes azuis. Alguma criatura -ou monstro-, invocado pelos ocultistas, havia arrancado os olhos do coitado, e ele só sussurrava palavras, quase desmaiando.

Com sorte, existia um jeito de ajudá-lo, havia estudado isso em um livro sobre magia do elemento morte. Um encantamento que precisava ser proferido sobre o machucado, que regenera esse tipo de fratura quase que imediatamente. Alguns chamariam de milagre, mas eu sei que tudo tem um preço. Conseguia ver as pontas dos meus dedos ficarem pretas, e sabia que meu rosto ia começar a criar linhas da mesma tonalidade assim que fosse mais longe. Era esse o motivo que Elizabeth odiava magia de morte, sempre tinha um preço a se pagar, mesmo sendo simples e poderosa. Pessoas já enlouqueceram usando-a, mas com o que ouvia - gritos, tiros e lâminas se batendo -, era impossível descartar a certeza que esses encantamentos traziam uma chance de vitória.

- Beatrice, prepare os sacos de cinza que consegui com a Agatha - Ordenei-a, e ela fez como mandei, imediatamente.

O homem piscou os músculos vazios assim que acordou, virando seu rosto ao redor em puro desespero.

- Senhor. Você está seguro. Qual o seu nome?

- Go-Gonzales. Eu-Eu não consigo enxergar nada! - Ele gritou, levando suas mãos cheias de sangue ao seu rosto e pálpebras.

Minha irmã o ajudou a se acalmar enquanto via um dos guardas que conversava com o Capitão anteriormente. Ele trazia um homem ruivo de barba, que tinha um corte profundo na sua barriga. Dessa vez, eu tentei muito o ajudar, mas havia sido fundo demais para tentar qualquer coisa que o comprometesse mais.

Foi a primeira vez que vi um homem morrer porque não pode o ajudar, mas não foi a última daquele dia. O pátio cheirava a sangue, suor, e pólvora. Um moço negro, com um tiro em sua testa foi levado para a pilha de corpos que haviam começado a formar. Beatrice havia vomitado novamente, e eu odiava cada vez mais a presença dela ali. Via toda aquela desgraça em primeira mão.

Então um civil que não deveria nem estar ali apareceu, cortes profundos em suas costas, que consegui curar com sucesso e mais um pouco dos meus dedos ficou com uma coloração mais escura. Depois disso, Rubens trouxe um Kaiser desacordado, com toda uma metade de seu corpo queimada. Eu rapidamente curei da mesma forma de antes, e logo, todos os meus dedos já estavam pretos. O agente baixo me falou do traço preto descendo pelo meu olho. Logo, Kaiser já havia acordado. Estava feliz em poder ajudá-lo. Seria uma pena se morresse antes de seu casamento.

Pélago de VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora