Minha pele queimava de uma forma estranha.
Lentamente abro meus olhos por causa do incomodo da claridade. Para a minha surpresa, não estava no campo de batalha, não estava no castelo, não estava na tenda... Sinceramente, eu não fazia a mínima ideia de que lugar era aquele.
Uma imensidão branca e vazia, como o céu em um dia de nuvens.
-Olá, Moon, como se sente? – Ouço uma voz familiar.
Me levanto rapidamente e dou de cara com quem mais sentia saudades. Aslam.
Me curvo diante a presença dele. O leão diz:
-Levante-se, criança.
Senti vontade de correr para abraça-lo, mas meus pés estavam grudados no chão e não me obedeciam.
-Me perdoe. – Digo caindo em mim. – Fui derrotada.
-Não diga bobagens, menina. Não foi derrotada.
-Como?
-Irei te explicar, minha querida, apenas tente relaxar.
-Mas Aslam... Se venci... Por que me sinto tão culpada...?
-Moon. – Ele diz sério. – O que eu repeti para você várias vezes antes de ir?
-Bem... – Forço a minha memória e sinto amargura ao lembrar. – Que sempre estaria comigo.
-E eu estive, minha criança. Todos os dias.
-Eu acho que sei até onde quer chegar. – Caminhamos um ao lado do outro.
-É, sabe. – Ele respira fundo - Moon, quando te disse isso, falei na esperança que entendesse que nunca iria estar realmente longe de você, mas você não confiou em mim. Se questionou o tempo todo e se esqueceu do que lhe prometi.
-Eu sinto muito. Agi mal, não foi? Estraguei tudo para os outros.
-Não, minha querida. Não estou falando dos outros, você fez um belo trabalho como líder e não há dúvida que seria uma rainha maravilhosa. Estou falando que agiu mal com si mesma, se torturou.
-Eu... Eu não entendo, Aslam.
-Eu disse para ir em paz e eu te protegeria. Eu fui com você Moon, mas nenhum de vocês me viu.
-Como isso pode ser possível?
-Só podiam me sentir e me veriam se depositassem total confiança em mim. – Perco a fala. – Exatamente, você não pensou ter me visto na batalha, eu realmente estava lá, para proteger vocês.
-Quem mais o viu? – Pergunto com a boca seca.
-Lúcia. Ela me chamou, quando lhe viu caída, Edmundo também me chamou, mas não chegou a me ver.
-E Pedro e Susana?
-Pedro teve um devaneio e me ouviu, no dia em que te pediu perdão. Susana falou comigo, mas não conseguiu ouvir minha resposta. Edmundo por outro lado...
-Edmundo falou com o senhor?
-Sim, para me pedir a benção, não queria ter nada com você que não seja de meu consentimento.
Fico vermelha e depois volto para a seriedade.
-É por isso que depois de passar um tempo no palácio eu tive pesadelos?
-Sim, querida. Seu medo lhe fez surda e insensível de meu amor.
Meus olhos ardem cheios de lágrimas e eu não consigo suportá-las.
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De Volta aos Velhos Tempos: O Trono que foi Tomado (Edmund Pevensie)
FanfictionNão é fácil viver com pessoas que não te compreendem e não fazem questão de te ouvir, às vezes, o que mais queremos é fugir. A princesa Moon soube exatamente o que é isso com apenas 8 anos. Quando a última alma que a escutava naquele palácio se fo...