De volta ao lar. Sorrio olhando as ruínas. Que saudades, diferente do palácio, consigo sentir Aslam aqui e toda paz que ele pode trazer. Espero não ter pesadelos.
Queria admirar com mais calma, mas por mais que o lugar transmitisse paz, era ali que uma guerra estava sendo planejada. Lembro das palavras de Susana quando estávamos no palácio: Nesses casos, o tempo é uma preciosidade que não devemos nem sequer pensar em perder.
Já vai anoitecer, então o exército não vai demorar muito para chegar. É um verdadeiro milagre não sermos pegos. Nos sentamos em volta da fogueira. Eu acho que estou pronta.
-Temos um plano. - Diz Pedro.
-Temos? - Perguntou Susana um pouco brava.
-Quer dizer... Eu tenho um plano. - Ele se corrige. - Estive conversando com minha irmã. - Ele se refere a Susana. - E nós só temos uma opção. O baile de noivado.
Me esforço para entender o que ele diz.
-Usar um vocabulário enigmático não ajuda, Pedro. - Diz Edmundo.
-Vou direto ao ponto. Devemos iniciar um ataque no baile.
-Como?! - Quase grito.
-Veja só: - Ele tenta argumentar. - É um ataque inesperado, podemos usar isso para entrarmos naquela sala.
-No meio de um baile?! - Falo perplexa. - Por Aslam, diga-me que você está brincando.
-Não estou. - Ele diz firme. - Isso não é brincadeira.
-Então como você quer ir até um baile, no palácio, habitat natural do rei e atacar? Pedro, o exército! Eles não são peças de um jogo de xadrez qualquer! Eles têm família. Vamos pensar no que estamos prestes a fazer. - Replico.
-Você não acha que já estamos muito atrasados?! Não temos outra opção, ou você quer que esperemos até o casamento? - Ele debocha. - Eu sinto muito em lhe informar, mas quando sairmos da cerimônia, dois arqueiros vão mirar em nós e nos matar, depois matarão meu irmão e minhas irmãs.
-Não fui eu que aceitei essa ideia estúpida de casamento. - Respondo.
-É tem razão, fui eu que aceitei, mas isso foi para nos tirar daquele palácio, que, aliás, você nos colocou e se não tivéssemos sorte provavelmente estaríamos mortos. Eu tento me dar bem com você pelos meus irmãos, mas estou farto de você querendo mandar e desmandar aqui, eu sei muito bem como liderar um exército e não preciso da sua ajuda. Me diga UMA coisa sequer que você fez que foi útil?! Você se acha uma rainha, mas se esquece que se não fosse por nós, nem seria considerada princesa de Nárnia, sinceramente me dá nojo o quanto você se faz de boazinha, você é sonsa, isso sim, não sei o que Aslam viu em você. - Pedro termina com uma expressão de raiva.
Meus olhos lacrimejam, Lúcia e Susana se entreolham preocupadas e Edmundo está com uma expressão estranha, parecia estar bravo, triste e preocupado ao mesmo tempo.
Tudo que ele falou foi doloroso, doía saber que lá no fundo ele estava certo, mas a última frase foi a pior. Ele espera que eu o confronte, mas não sinto a mínima vontade de continuar jogando um jogo que já foi vencido.
-Tudo bem, majestade. - Respondo com a voz sumida e um nó na garganta insuportável me levantando. - Eu também não sei o que ele viu em mim.
Tento sorrir para Lúcia e aliviar a tensão, mas tudo que eu consigo é derramar duas lágrimas. Pego meu arco e flecha e saio dali o mais rápido possível, consigo ouvir eles discutindo.
-Moon! - Edmundo grita e eu o ignoro.
-Você fica aqui com Pedro. - Consigo escutar a voz cortante de Susana. - Eu e Lúcia vamos tentar falar com ela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
De Volta aos Velhos Tempos: O Trono que foi Tomado (Edmund Pevensie)
FanficNão é fácil viver com pessoas que não te compreendem e não fazem questão de te ouvir, às vezes, o que mais queremos é fugir. A princesa Moon soube exatamente o que é isso com apenas 8 anos. Quando a última alma que a escutava naquele palácio se fo...